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Cada vez mais o trabalho depende de uma relação íntima entre o ser humano e as máquinas. O velho temor sobre elas nos substituírem já nem cabe mais. A tecnologia é uma aliada e não uma inimiga. Há uma relação quase simbiótica entre homens e máquinas, sobretudo se falarmos de um aspecto social e de produção. Com a criação de AIs cada vez mais poderosas, essa relação só se intensifica.

A “ameaça” de perda de empregos para as máquinas, que há alguns anos assustava mais da metade da população mundial, precisa ser encarada de outra forma. Hoje, moldamos a atividade humana para que empregos sejam criados em harmonia com o apoio tecnológico.

Novas funções surgiram e continuarão a surgir. As máquinas permitem algo que não vemos desde a época da Grécia antiga, quando os filósofos falavam de ócio criativo. Há mais tempo para o pensamento humano, e apoio para que ele possa se focar no que é complexo, terceirizando tarefas automáticas ou de cálculos simples.

Ainda estamos, é claro, adequando nossa sociedade a isso. A educação precisa mudar muito para acompanhar essa realidade de forma totalmente produtiva. Precisamos formar profissionais de um modo mais eficiente e mais conectado às reais necessidades das cadeias produtivas e de geração de conhecimento.

Estamos nos aproximando de uma época em que mais e mais misturamos nossa forma de pensar à das máquinas. Um exemplo sou eu escrevendo esse texto. Acostumado com ferramentas como o corretor automático, aguardo marcações para revisar determinadas palavras.

Com o tempo, nos acostumamos a depender disso. Se eu usar o notepad, por exemplo, com certeza precisarei estar muito mais atento a erros de português, pois o software não possui corretor automático.

Condicionamos nossas mentes a trabalhar em conjunto, mas o papel humano ainda é diferente. Não somos mais obrigados a nos atentar a determinados aspectos mecânicos, como lembrar cada regra de português, mas temos o papel de sermos criativos, criar textos que carregam profundidade, que gerem reflexão e sejam agradáveis à leitura.

A criatividade é nossa. Para a cadeia produtiva de uma indústria, por exemplo, é uma questão de alocar mentes pensantes para melhorar produtos, resolver problemas, desenvolver estratégias, enquanto que a parte física é feita de maneira automatizada.

O presente já nos mostra que só temos a ganhar com isso, e que trata-se de um caminho sem volta. A evolução das máquinas é, acima de tudo, uma evolução humana. Elas precisam se somar a nós.

Alexandre Pierro é fundador da Palas, consultoria em gestão da qualidade e inovação, engenheiro mecânico pelo Instituto Mauá de Tecnologia e bacharel em física nuclear aplicada pela USP. Passou por empresas nacionais e multinacionais, sendo responsável por áreas de improvement, projetos e de gestão. É certificado na metodologia Six Sigma/ Black Belt, especialista e auditor líder em sistemas de gestão de normas ISO. É membro de grupos de estudos da ABNT, incluindo riscos, qualidade, ambiental e inovação. Atualmente, cursa MBA em inovação.

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