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Empreendedor e uma das maiores autoridades do País no mercado de inovação, Bob Wollheim é o novo chief strategy officer da multinacional brasileira especializada em transformação digital CI&T. O executivo assume o cargo com o objetivo de reforçar ainda mais a estratégia da companhia na construção de sua reputação, na comunicação com os clientes e na transformação de pessoas.

Com mais de 20 anos de experiência no mercado digital, Bob é um dos principais nomes quando o assunto é empreendedorismo, inovação e transformação digital. Formado em administração de empresas pela Fundação Getulio Vargas, foi fundador de uma série de companhias ligadas ao universo da tecnologia, incluindo o YouPIX, plataforma digital focada em discutir a cultura da internet. Também foi head of digital do Grupo ABC de comunicação. Confira a entrevista na íntegra:

Qual será a sua grande missão como CSO na CI&T?

Penso que não existe uma grande missão, mas eu diria que existem alguns bons desafios. Um deles é ampliar o excelente trabalho que vem sendo feito até aqui pelo time de comunicação para uma atuação mais global e integrada com as nossas operações internacionais. Outra é “contar” de uma forma cada vez mais simples, a beleza (e o desafio) do mundo atual é a simplicidade, a linda história de sucesso da CI&T para o mundo todo. Paralelo a isso, iniciarei um trabalho de transformação de líderes e serei um guardião da estratégia da empresa.

Nesse ponto, qual o maior desafio da transformação digital das empresas? Como isso pode ser modificado?

O desafio são as pessoas. Na realidade, é sobre a transformação do mindset das pessoas, e não exatamente sobre digital ou sobre tecnologia. Isso a gente muda com educação, com incentivos certos nas empresas, com envolvimento da alta gestão nesse compromisso e com mudanças mais profundas, como aceitação do erro, experimentação, pensamento lean, velocidade, etc.

E empresas que hoje ainda não se posicionam dessa forma com relação às mudanças digitais podem perder relevância?

Sim. Isso varia de segmento para segmento, mas ninguém está fora. O posicionar tem que ser algo verdadeiro e profundo. Fazer “digital washing”, produzindo coisas digitais bonitinhas ou falando muito disso, não resolve nada. Muitas vezes, até piora, pois dá a sensação para a empresa de que ela está andando, quando na realidade está fazendo espuma! Tem que fazer de verdade!

Como o futuro é muito incerto e a maior parte das empresas e dos executivos ainda tem um mindset de comando/controle, de conhecimento, de certezas, de planejamentos seguros e de baixo risco, dá um medo enorme tomar decisões na incerteza, de fazer experimentações, de conviver com o erro, de incentivar o incerto. Empresas que mudam normalmente têm um conjunto de líderes que incentivam e acreditam na mudança, e criam um ambiente seguro para que a mudança aconteça. Mudar a mentalidade é, portanto, um alicerce básico para que a transformação possa acontecer.

E quando os executivos vão perceber que é preciso mudar essa mentalidade?

Eu diria que uma parte deles (talvez ainda uma minoria, mas crescendo rapidamente) já percebeu. Seja por que algum evento, tipo demissão ou não promoção, os provocou, seja por uma geração mais dinâmica que os pressiona, seja por acionistas que estão deixando isso claro com as mudanças que estão implementando na empresa, ou seja por que vários deles estão estudando e aprendendo sobre esse novo mundo.

E o desafio está na sua pergunta: mentalidade. Mesmo para aqueles que já perceberam, não é fácil mudar. É menos sobre ofícios ou capacidades hard skill, mas principalmente sobre soft skills, mindset, modelo mental, relação com pessoas, etc., e aí é preciso primeiro desaprender o que se sabe para depois reaprender o novo. E isso exige um reboot mais profundo.

Nesse sentido, como promover uma visão mais inovadora das pessoas e das empresas?

Penso que isso se dá com um mix de conhecimento, troca de experiências com quem já está fazendo e, como fazemos muito com nossos clientes, ter um parceiro que já trilhou certos caminhos e pode ajudar na aceleração da empresa, seja na visão, seja na execução e seja na experimentação – passando por aprender juntos.

Olhando para 2020, quais são os principais pontos que vamos observar no processo de transformação digital das empresas e das pessoas?

O tempo está ficando mais curto, o que aumentará a pressão. Com um ambiente capitalizado, com muitas startups e mesmo várias corporações ativamente inovando, 2020 me parece que será um ano que deixará mais clara a necessidade de transformação versus a irrelevância. As empresas perceberão mais claramente: ou muda, ou morre.Também será um ano, a meu ver, em que deveremos ter uma economia levemente melhor e isso deverá acelerar ainda mais as diferenças entre os inovadores (startups e corps) e os negócios legacy, que confiam apenas em seu passado. O abismo será maior e, portanto, os desafios para cruzá-lo, também.

Algum outro ponto que considera relevante e que gostaria de acrescentar sobre o tema transformação digital e de pessoas?  

Gosto de usar o termo transformação de negócios. Digital, muitas vezes, é reducionista. O digital talvez seja a causa ou o meio, mas a mudança necessária é de processos, de modos de operar, de estruturação organizacional, de mindset, de produto, de comunicação, de propósito…

Naturalmente que tudo passa por pessoas, mas como dissemos acima, isso me parece mais uma oportunidade. Gosto de lembrar as pessoas de que viver essa era maravilhosa, onde podemos construir o futuro juntos, é um enorme privilégio!

Minha provocação para quem está do lado de fora é simples: pula para cá. É incrível construir juntos o futuro, mesmo sem saber direito que futuro é esse!

 

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