*Por Roberto Nascimento
Recentemente, algumas pesquisas revelaram que profissionais da geração Z, jovens de 15 a 29 anos, não tinham o desejo de serem chefes, métrica de sucesso almejada por gerações anteriores e, por isso, gerou tanto espanto nas redes sociais. Essa tendência, que ficou conhecida como “quiet ambition”, é justificada pela falta de preparo, interesse ou confiança.
Mas há também outro dado que reflete essa decisão: segundo o estudo “Self-Disruptive Leader: What, Why, How”, da consultoria global de gestão organizacional Korn Ferry, 67% dos entrevistados acreditam que os líderes de hoje não estão preparados para o futuro, ou seja, não desenvolvem habilidades de novos talentos para quando a oportunidade de liderar chegar.
E mais: muitos não querem quebrar o tipo de liderança que temos hoje, ainda tradicional, engessada e que, em muitos casos, extrapolam no que diz respeito à saúde mental, carga horária, pressão e estresse, ainda que inconscientemente. Pontos que para geração Z são discutíveis. Eles priorizam a saúde mental e o bem-estar, e não pensam duas vezes em recusar uma vaga que não esteja alinhada com os seus valores – e isso não sou quem está falando, mas, sim, os dados.
Um estudo da Deloitte, que entrevistou 500 brasileiros nascidos entre 1995 e 2004, aponta que 31% dos participantes já rejeitaram algum tipo de emprego por acreditar que a empresa não corrobora com seus princípios éticos e crenças. Além disso, são mais flexíveis e conectados às pautas de diversidade e inclusão, um perfil que acredito ser interessante no que diz respeito a engajar e liderar pessoas.
Eu, que já liderei distintas gerações que foram chegando ao mercado, sempre acreditei nas múltiplas formas de liderar. Afinal, o modelo de gestão não deve ser único, até porque, não é algo viável. A mesmice não é capaz de trazer resultados rentáveis e impactantes ao longo prazo, por isso é preciso inovar. E para inovar é preciso transformar, sair da caixa. O fato não é que os profissionais da GEN Z não queiram conduzir, eles querem, mas com outras perspectivas.
A pesquisa “GenZ Além dos Rótulos”, publicada este ano, já contou essa bola. A maioria (64%) dos jovens da geração Z planeja garantir cargos de liderança e 71% pretendem conduzir equipes inspiradas na figura de um chefe mais “amigo, que conversa sobre temas que não se restringem ao trabalho”, como a saúde mental, antes banida no mundo corporativo.
Afinal, cresceram em um mundo conectado, onde a informação é abundante e as mudanças são rápidas. Eles vêem a liderança não apenas como um cargo, mas como uma oportunidade de causar impacto real. Para eles, o sucesso é medido pela capacidade de transformar ideias em ações concretas e pela habilidade de influenciar mudanças positivas.
E qual o segredo para que líderes da antiga e da nova geração estejam em harmonia? Diálogo. Um líder maduro, que está aberto a ouvir as ideias e perspectivas da Geração Z, pode não só os inspirar, mas também aprender com eles. E, por outro lado, quando os jovens líderes aprendem a apreciar a experiência e a sabedoria de seus mentores, ganham uma base sólida para suas ambições.
A combinação de energia e experiência pode ser poderosa. A Geração Z traz inovação, agilidade e uma nova forma de pensar. Já os líderes maduros oferecem estabilidade, visão a longo prazo e a capacidade de ver além do imediato. Juntos, podem criar um ambiente de trabalho dinâmico, onde as ideias fluem e as decisões são tomadas com confiança e clareza.
No final das contas, liderança não é sobre idade, mas sobre atitude e perspectiva. Quando diferentes gerações se unem, o resultado pode ser o melhor de dois mundos: a ousadia do novo e a sabedoria do experiente.
* Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do veículo
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