O evento “A Década Inédita”, que reuniu mais de 100 mulheres acima de 40 anos, apresentou o estudo proprietário da Amarelo sobre mulheres de 50 a 59 anos, liderado por Amanda Abrão e Mariane Maciel. As publicitárias Lara Magalhães e Thati Bissoli, fundadoras do Coletivo 45+, parceiras na organização do evento, afirmam que entender a atual década é fundamental para pavimentar o caminho de valorização da “economia prateada” nos próximos anos. “Este estudo é um marco para o mercado, pois nos permite parar de generalizar todas as mulheres no 50+ e trazer assim mais visibilidade para o novo perfil que se formou nessa década.” diz Lara.
A apresentação do estudo, que aconteceu na Galeria Idea!Zarvos, em São Paulo, compartilhou com as mulheres presentes dados preocupantes no atual cenário que não se limitam a chances reduzidas no mercado de trabalho, mas preconceitos sociais que muitas vezes se tornam obstáculos para a conquista de postos de liderança. Lara Magalhães lembrou que hoje apenas 5% dos quadros das agências de publicidade são de profissionais acima de 50 anos e que 70% dos profissionais de criação nunca receberam sequer um briefing em que o público-alvo fosse essa faixa etária. “E quando os números são esmiuçados, o impacto nas mulheres é ainda maior”, afirma Thati Bissoli.
Principais tópicos do estudo
Mais de 350 mulheres foram ouvidas durante a pesquisa, com apoio da MOB que fez a seleção de mulheres para garantir diversidade e representatividade em todas as classes sócio-econômicas e regiões do Brasil. Amanda Abrão diz que a conversa com os entrevistadas teve grande enfoque em acontecimentos ocorridos na última década que nunca foram objeto de estudos mais aprofundados. “Muita coisa mudou em relação às gerações anteriores. Mas ainda há um descompasso entre a realidade e a forma como são representadas, narradas e imaginadas pela sociedade. As mulheres de 50 hoje são inéditas”, conta Mariane Maciel.
A pesquisa mostra que 81% das mulheres entrevistadas costumam ouvir o comentário ‘Você nem parece a idade que tem’, que segundo as sócias da Amarelo, acaba sendo um reflexo de como o repertório sobre a mulher de 50 anda desatualizado. O aspecto mais curioso é que a maioria dos comentários preconceituosos sobre a idade parte na maior parte das vezes de mulheres mais jovens (61%), metade do percentual apurado entre homens da mesma faixa etária; índices que vão se reduzindo nas faixas etárias maiores. “Podemos afirmar que há um preconceito estrutural”, aponta Amanda.
Trabalhar é preciso: 77% são responsáveis totalmente ou parcialmente pela renda familiar. Porém, é no mercado de trabalho onde o etarismo mais incomoda. Quando perguntadas sobre as maiores dificuldades da mulher de 50 no mercado de trabalho, 64% aponta a dificuldade para serem contratadas ou aprovadas em processos seletivos. Estarem felizes com a idade e com a autoestima lá em cima são índices que caem muito se a mulher está em busca de emprego nessa faixa etária. “Mulheres desempregadas infelizmente são as que mais sentem os efeitos de uma cultura que prioriza os jovens”, afirma Mariane Maciel.
Debate com influenciadoras
Os principais tópicos apresentados pela Amarelo pautaram o debate que se seguiu com as três influenciadoras da mesma faixa etária que foram convidadas: Adri Coelho Silva (@vivaacoroa), Samanta Lopes (@samantalopes_br) e Vanessa Palazzi (@mulheresdequarenta). Adri Coelho Silva, de 52 anos, criou @vivaacoroa, canal pioneiro em assuntos femininos 50+, hoje com centenas de milhares de seguidoras. Adri assina uma coluna no site da Vogue Brasil, ampliando cada vez mais o alcance de um conteúdo criado para combater o etarismo e normalizar o envelhecimento em um país (e em um mundo) cada vez mais velho. Adri se disse impressionada com a quantidade e o forte interesse das mulheres presentes. ““As mulheres 50+ de hoje estão pavimentando o caminho para que as gerações seguintes tenham melhores condições sociais e profissionais quando chegarem à mesma idade. Estudos como o ‘Cinquenta e Nada Mais’ geram grande identificação e nos impulsionam. Precisamos ganhar velocidade, mas sabemos onde queremos chegar. Sinto orgulho de fazer parte desse movimento.””, afirmou
Samanta Lopes é coordenadora Educacional no Programa MDI (ED&I e ESG) para Empresas na Agência Um.a. e especialista em inclusão digital e diversidade corporativa; e fundadora da Hub e Tech Produções Letramento Digital. Mulher preta, que nasceu na periferia da Zona Leste de São Paulo, ela tem vivência o mundo da gestão no mundo corporativo por mais de 15 anos. Na experiência dela, disse identificar dois movimentos de inclusão no mercado: de empresas que querem incluir metas de inclusão e aquelas que realmente valorizam a experiência de profissionais com mais de 50 anos. “”As mudanças vêm a partir das conexões humanizadas entre as pessoas. As histórias de vida permitem encontrar conexões e isso apoia a transformação. Muitos gestores hoje estão criando novas políticas de governança porque passaram a ver suas filhas, netas enfrentando barreiras e para mudar essas histórias, enquanto pessoas aliadas, mobilizam mudanças e apoiam a inclusão, abrindo espaços de valorização para essas mulheres.”, contou.
Vanessa tem 53 anos e aborda temas relevantes com seu mais de 1 milhão de seguidores nas principais plataformas sobre maturidade feminina, autoestima, estilo de vida, e dicas de saúde e bem-estar. Impactada com o resultado da pesquisa apresentada, Vanessa afirma que o trabalho impecável desenvolvido pela equipe da Amarelo refletiu exatamente o universo das mulheres maduras, destacando não só as batalhas que enfrentam nessa fase da vida como também os seus anseios e desejos para o futuro. “Como é bom saber que estamos todas juntas passando pelas mesmas situações e ao mesmo tempo poder ver que temos um futuro promissor pela frente. O debate do tema nos faz refletir e traz luz para que possamos encarar de frente e com lucidez os nossos desafios”, disse.
A Galeria Idea!Zarvos, principal apoiadora do evento, abriu seu espaço de três mil metros quadrados localizado nos Jardins para recebê-lo.