Como líder, tive a oportunidade de acompanhar a entrada e saída de diversas gerações no mercado de trabalho, cada uma trazendo características e desafios únicos. Recentemente, a atenção tem se voltado para a Gen Z, com sua coragem em assumir posições de liderança precocemente e sua visão digitalmente nativa. Mas é fundamental não perder de vista o papel crucial dos Millennials — aqueles que têm sido a ponte entre a dedicação inabalável da Geração X e a busca por autonomia e velocidade da Gen Z.
Nascidos entre 1982 e 1994, os Millennials foram moldados por eventos transformadores: o boom da internet, a crise econômica de 2008 e a expansão da globalização. Esses fatores criaram uma geração resiliente e adaptável, que valoriza não apenas o sucesso financeiro, mas também um equilíbrio saudável entre vida pessoal e profissional.
Ao longo de suas carreiras, os Millennials enfrentaram as pressões das expectativas tradicionais de sucesso — muitas vezes impostas pela Geração X — enquanto lidavam com os avanços tecnológicos que alteraram a dinâmica do trabalho. Eles aprenderam a equilibrar a busca por propósito com a necessidade de sobreviver em um mundo competitivo.
A pressão do meio-termo: entre os X e os Z
Atualmente, os Millennials se encontram em um lugar desafiador: entre o modelo tradicional e estável da Geração X e a rapidez da Gen Z, que desafia hierarquias em prol de seus valores inegociáveis. Enquanto os Millennials carregam consigo uma visão de mundo mais equilibrada, que reconhece a importância da dedicação, inovação e saúde mental, muitas vezes eles se sentem “encaixotados” — criticados por serem vistos como excessivamente idealistas por seus predecessores, enquanto enfrentam o ritmo acelerado e as demandas intensas dos mais jovens.
O papel dos Millennials vai além de seu próprio desenvolvimento profissional. Eles atuam como tradutores das expectativas da Gen Z dentro das estruturas organizacionais tradicionais, impulsionando mudanças que incentivam flexibilidade, transparência e responsabilidade social. Dados da Deloitte mostram que 49% dos Millennials buscam empresas com políticas fortes de responsabilidade social, refletindo seu desejo de alinhar carreira e impacto positivo.
A mesma pesquisa aponta que mais de 50% dos Millennials relatam exaustão profissional — reflexo das expectativas altas e da pressão por sucesso que sempre carregaram. A flexibilidade e a comunicação transparente são, portanto, demandas essenciais para essa geração. Eles valorizam ambientes onde possam ser protagonistas e influenciar decisões, mas também priorizam sua saúde mental e o bem-estar.
No caminho para posições de liderança, os Millennials carregam consigo o potencial de transformar o mercado de trabalho em um espaço mais equilibrado e humano. Pesquisas da Harvard Business Review indicam que líderes Millennials priorizam feedback constante e transparência, o que se alinha ao desejo da Gen Z por comunicação direta e um ambiente de trabalho inclusivo. Essa geração mescla o trabalho disciplinado da Geração X com a autonomia desejada pela Gen Z, posicionando-se como líderes da transição que o mercado tanto precisa.
Se há algo que define os Millennials como líderes, é sua visão alongada do tempo. Essa geração tem a coragem de plantar sementes cujos frutos talvez não colham, mas que beneficiarão gerações futuras. Carregam ainda o potencial de transformar o mercado de trabalho em um espaço mais equilibrado e humano. Eles entendem que progresso e inovação devem caminhar lado a lado com o bem-estar coletivo. Ao reconhecer e apoiar essa geração, empresas não apenas fortalecem seus times, mas investem em um futuro em que propósito, sustentabilidade e produtividade coexistam.
O que está em jogo aqui não é apenas a sobrevivência no mercado, mas a construção de um legado. E os Millennials estão prontos para liderar esse movimento.
* Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do veículo.
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