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Lilian Primo

CEO da LPA Consultoria , founder na Mobye , Vice Presidente do Conselho Consultivo do Instituto Êxito Latino Americano de Empreendedorismo e Inovação e Head de empreendedorismo e Startup na ANEFAC, Colunista na Nova Brasil FM, Conselheira empresarial e Co-Investidora na Bossanova.

O mundo da tecnologia não para de falar sobre a nova inteligência artificial OpenAI , o ChatGPT. Diversas áreas discutem sua utilização prática, muitos profissionais estão com medo de perder seu emprego para a I.A., e debatem se devem ou não bani-las das escolas e faculdades.

Se você ficou interessado por esse tema, escrevi um outro artigo chamado: “ChatGPT será a próxima grande revolução da área da tecnologia?”, vale a pena conferir: https://startupi.com.br/chatgpt-revolucao-da-area-da-tecnologia/.

Apesar do medo do impacto dessa nova inteligência artificial, uma gigante da tecnologia mostrou uma preocupação ainda maior. O Google, vendo todo esse sucesso, aliado a sua rival Microsoft fazer um investimento de US$10 bilhões na OpenAI, dona do ChatGPT e já anunciar integração em seu sistema de busca (Bing) e ferramentas da empresa, fez com que a Google preparasse rapidamente um contra-ataque para não perder mercado.

Foi então que, em uma segunda-feira, dia seis de fevereiro de 2023, a Google anuncia em uma publicação assinada por Sundar Pichai, CEO do Google, o lançamento da sua inteligência artificial chamada “Bard”, que vai fazer frente ao ChatGPT. Inicialmente ela só estará disponível, segundo a empresa, para um grupo de “testadores confiáveis”, mas que em breve o público geral vai poder usar a nova I.A.

Para quem já jogou RPG (Role Playing Game), ou mesmo gosta do tema medieval, já deve ter ouvido a palavra “Bard”, que um uma tradução para o português seria o “Bardo”. Na Europa da era medieval, eles eram os responsáveis por transmitir histórias. O próprio William Shakespeare é conhecido como “O bardo imortal de Avon”. Se você quiser uma referência visual de um Bardo, na série da Netflix “The Witcher” você conhecerá o Bardo “Jaskier” ou, em português, “Dandelion”, interpretado por Joey Batey.

Jaskier da série “The Witcher” – Segunda temporada – NetFlix

Voltando ao assunto, CEO do Google, Sundar Pichai disse: “O Bard busca combinar a amplitude do conhecimento mundial com o poder, a inteligência e a criatividade de nossos grandes modelos de linguagem. É baseado em informações da web para fornecer respostas novas e de alta qualidade”.

Após essa declaração podemos ver o que a Google está apostando como trunfo: uma I.A. que acesse a Internet em tempo real para gerar as respostas, pois vale lembrar que o ChatGPT, apesar de sua fase de treinos ter usado a internet, após seu lançamento, sua base de dados é “off-line”, ela possui treinamento somente até o ano de 2021. Quando você faz uma pergunta a ela, essa base é consultada, por exemplo: “Quando faleceu o rei Pelé?”, ela não terá essa informação, pois ele faleceu em 2022, para a inteligência da OpenAi, Pelé ainda estaria vivo.

Porém, será que ter a base “on-line” seria o suficiente para a Google vencer a OpenAi, na guerra das inteligências artificias?

Vale lembrar que a Google não desenvolveu o Bard do zero nesses últimos meses apenas para concorrer com o ChatGPT. A empresa sempre investiu muito na área de inteligência artificial, assim como todas “Big Techs”. Inclusive, no ano passado, tivemos um relato do especialista em inteligência artificial da Google “Blake Lemoine”, que a I.A. da Google chamada LaMDA teria adquirido consciência própria. Caso você queira saber mais sobre o tema, escrevi um artigo sobre o assunto no ano passado: https://empreendaexito.ig.com.br/colunas/lilian-primo/2022-07-11/eu–robo-filme-de-ficcao-ou-realidade-.html. O importante nessa notícia é que vimos como a Google possui uma I.A. avançada, porém não totalmente aberta ao público e de fácil manuseio.

Segundo informações divulgadas na imprensa, o Bard foi desenvolvido a partir de um projeto chamado “Atlas”, criado a partir de uma força tarefa da equipe do Google, para responder rapidamente e à altura do sucesso do ChatGPT. Foi usado o próprio LaMDA como base de criação da nova I.A. do Google.

Mas será que essa reposta rápida do Google será efetiva?

A princípio o “Bardo” do Google começou tropeçando em seu primeiro show, no dia seis de fevereiro o Google postou em seu Twitter um mini vídeo (GIF) promocional, simulando a utilização do Bard, respondendo uma pergunta conforme abaixo:

A ideia do Google era mostrar que a I.A. pode ser uma plataforma com diversas opções de consultas sobre curiosidades, que pode ajudar a simplificar perguntas complexas para os pais explicarem para uma criança. Como exemplo, foi feita a seguinte pergunta: “Que novas descobertas do Telescópio Espacial James Webb (JWST) posso contar ao meu filho de 9 anos?” prontamente Bard informou 3 tópicos, porém um estava errado, a última reposta: “JWST took the very first pictures of an exoplanet outside our solar system”, onde em uma tradução livre seria: “JWST tirou as primeiras fotos de um exoplaneta fora do nosso sistema solar”. Porém, essa afirmação está errada, as primeiras fotos de exoplanetas foram tiradas pelo Very Large Telescope (VLT), do European Southern Observatory, em 2004, conforme confirmado pela Nasa.

Esse pequeno tropeço custou ao Google uma perda de US$ 100 bilhões em valor de mercado, pois as ações da Alphabet (Google) caíram 8% durante o pregão do dia oito de fevereiro de 2023. Essa queda ocorreu pelo medo dos analistas de que a Google perca força no mercado ao não conseguir ter uma I.A. que bata de frente com a I.A. da OpenAI. Devemos lembrar que essa preocupação aumentou, pois a Microsoft anunciou um investimento multimilionário na empresa dona do ChatGPT. Apesar de não terem divulgado os valores, fontes informaram que seria um investimento de US$ 10 bilhões na OpenAI.

Além disso, no dia sete de fevereiro de 2023, a Microsoft anunciou, de forma oficial, que seu buscador, concorrente do Google, chamado Bing, passa a usar a mesma tecnologia de inteligência artificial do ChatGPT. Outra mudança é que seu navegador Edge, concorrente do Google Chrome, terá um recurso para responder perguntas e escrever textos já integrados com a mesma I.A.

A Microsoft sempre esteve atrás do Google, quando o assunto era navegador e mecanismo de busca, porém com o sucesso do ChatGPT e essa IA integrada em suas ferramentas, podemos estar diante de uma das maiores divisões do mercado ou até mesmo uma possível virada para a Microsoft.

Agora, nos resta aguardar os próximos capítulos do que promete ser a batalha do ano na era de tecnologia, de um lado do ringue o ChatGPT com a OpenAI e Microsoft, do outro a gigante Google com o seu Bard. Quem será que vence essa luta?

Assim que tiver mais novidades, volto aqui para contar para vocês.

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