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Cathy Birle

Publicitária, Head de Conteúdo e Sócia do Adnews.

De acordo com uma pesquisa quantitativa inédita realizada pela Bebok, em parceria com o Studio Ideias e o espaço ekoa, escola localizada em São Paulo, um terço das crianças brasileiras está preocupado com a crise climática e com o futuro que os adultos estão construindo para elas. Essa percepção é compartilhada por mil adultos, pais e mães de crianças entre 6 e 12 anos de todo o país, que participaram da coleta de dados.

O estudo completo, intitulado  ‘O Mundo que Sei’, também incluiu uma pesquisa etnográfica com 170 crianças de cinco regiões de São Paulo, liderada pela antropóloga Adriana Friedmann. Composta por pesquisadores e pedagogos, sua equipe visitou escolas de diferentes contextos socioeconômicos: Comunidade Indígena Guarani Tekoa Pyau; Escola Municipal Amorim Lima; Wish School, em Tatuapé, na Zona Leste; a Comunidade Horizonte Azul; e o Lar das Crianças, na Zona Sul.

Ana Paula Yazbek, mestre em educação e diretora do espaço ekoa, destaca que as crianças estão cada vez mais ansiosas em relação às mudanças climáticas, o que reforça os dados recentes das pesquisas.

“Percebemos, especialmente entre as crianças de 6 a 12 anos, uma crescente preocupação com o impacto dessas mudanças, tanto para o meio ambiente quanto para sua própria saúde”, comenta Yazbek. Ela menciona exemplos recentes que intensificaram essa ansiedade, como as fortes chuvas no Rio Grande do Sul e o temporal em São Paulo no dia 11 de outubro. “Além disso, no final de setembro, São Paulo registrou a pior qualidade do ar do mundo, o que aumentou ainda mais a apreensão das crianças”, acrescenta.

Preocupação Notável: Sustentabilidade e Meio Ambiente

Na etapa da pesquisa quantitativa, 31% dos pais e mães participantes afirmaram que seus filhos estão preocupados com a sustentabilidade e a preservação do meio ambiente. Além disso, 33% demonstraram preocupação com o futuro do planeta, enquanto 17% indicaram que esse público tem interesse em temas como aquecimento global e crise climática.

“Uma mãe nos contou que sua filha não quer usar produtos de marcas que fazem testes em animais, por exemplo. Muitos pais se assustam positivamente com o conhecimento dos pequenos, parece que eles já entenderam algo que muitos de nós, adultos, ainda estamos aprendendo” conta Camila Holpert, fundadora do Studio Ideias.

Além dos dados relacionados a questões ambientais, as crianças também estão atentas às eleições: 12% por cento dos pais relataram que seus filhos já tentaram convencer alguém da família sobre suas convicções políticas.

Uma Nova Geração: Conhecimento em Prol de Mudanças Prementes

As pesquisas também abordam a importância e diversidade das famílias, relevância das instituições de ensino em uma realidade de fácil acesso à informação, violência, abertura para o diferente e saúde mental no pós-pandemia.

“Precisamos apurar nossos olhares para essa infância, aprender a reconhecer suas peculiaridades, desejos e anseios para saber como dialogar da forma correta. E isso não tem sido simples. O que percebemos na pesquisa é uma geração completamente diferente das anteriores e pais perdidos. Essas crianças têm um alto nível de consciência dos problemas do mundo porque têm acesso a informações e desinformações sem nenhum filtro. O problema é que isso acaba sobrecarregando-as e se convertendo em ansiedade. O mundo não está fácil para elas”, completa Fabio Guedes, sócio da Bebok.

Para se ter uma ideia, 62% dos pais relatam que as crianças já sofreram algum tipo de agressão, e 60% afirmam que seus filhos vivenciaram alguma forma de violência nas escolas. O bullying é a agressão mais frequente entre as crianças, com 29% dos pais relatando que seus filhos já foram vítimas dessa prática.

De acordo com o estudo, o ranking das principais preocupações dos pais atualmente revela que 32% se preocupam com a violência nas ruas, 20% com o bullying, 7% com acidentes domésticos e 6% com a violência doméstica.

Reflexões: Um Futuro Melhor, Embasado por Crianças

Os dados levantados pelas pesquisas deu origem ao projeto ‘O Mundo Que Sei‘, que inclui uma série documental e uma série de podcast com o mesmo nome. Os conteúdos estão disponíveis no site e YouTube do projeto e nas plataformas de áudio, além do catálogo do Canal Futura no Globoplay e no Cultura Play.

‘O Mundo que Sei’, é uma plataforma multimídia permanente – com conteúdos digitais, série documental e podcast – que investiga, organiza e divulga, de forma inédita, o que pensam crianças de 6 a 12 anos sobre o mundo contemporâneo. Tem o objetivo de compreender a infância dos dias de hoje a partir da perspectiva delas e considerá-las nas trocas e nos debates que têm surgido em diferentes esferas da sociedade. Os conteúdos são espontâneos e derivados de uma pesquisa etnográfica realizada com 170 crianças de cinco territórios com diferentes perfis culturais e socioeconômicos da cidade de São Paulo. O trabalho foi realizado a partir da metodologia de escuta sensível, que se propõe a estabelecer um diálogo horizontal com esse público.

“A escuta sensível inclui múltiplos encontros nos quais os pesquisadores ou educadores constroem, gradualmente, conexões com as crianças, observando seus interesses, conversas e preferências de brincadeira para formular propostas com base no que elas expressam”, explica a antropóloga Adriana Friedmann.

Convido vocês a conhecerem mais de perto esse projeto incrível!

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