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O papel dos influenciadores em causas sociais em 2025 Em 2025, os influenciadores digitais no Brasil atingiram uma influência que vai além das redes sociais. Eles se tornaram peças-chave não…
Adnews
30.05.2025
O papel dos influenciadores em causas sociais em 2025
Em 2025, os influenciadores digitais no Brasil atingiram uma influência que vai além das redes sociais. Eles se tornaram peças-chave não apenas no mundo do marketing e da publicidade, mas também em debates sociais e políticos, como mudança climática, eleições municipais, feminismo e racismo. Isso é, sem dúvida, um reflexo da crescente digitalização e da forte presença dessas personalidades nas vidas cotidianas das pessoas. Mas, à medida que essa influência se expande, também se tornam evidentes algumas questões que precisam ser analisadas de forma crítica.
Mudança climática: o ativismo digital como modismo?
A mudança climática tem sido um tema recorrente nas redes sociais, especialmente entre os influenciadores. Podemos observar figuras como Sabrina Fernandes, que têm utilizado suas plataformas para promover um discurso sobre a transição ecológica e a necessidade de mudanças estruturais profundas para combater as alterações climáticas.
No entanto, é necessário refletir sobre o real impacto dessas postagens. Embora a conscientização sobre o meio ambiente seja importante, muitas vezes vejo que o ativismo nas redes sociais se traduz mais em gestos performáticos do que em mudanças práticas. Por exemplo, influenciadores que postam sobre consumo consciente ou combatem o uso de plásticos de forma estilizada estão, muitas vezes, fazendo mais pelo seu próprio engajamento do que por uma transformação real. Não me interpretem mal, sou favorável à conscientização, mas acredito que a mudança não pode se resumir a um post de Instagram ou um tweet impulsivo.
Se os influenciadores realmente quisessem contribuir para a mudança climática, poderiam usar sua plataforma para pressionar políticas públicas concretas e unir forças com especialistas em vez de se limitar a slogans e iniciativas que, em muitos casos, não passam de modismos. O que vemos é uma agenda ambiental muitas vezes desconectada da realidade da maioria das pessoas e de um verdadeiro compromisso com a mudança.
Eleições municipais: influência digital ou populismo eleitoral?
As eleições municipais de 2024 foram um marco para a ascensão dos influenciadores como figuras políticas. Com base em suas plataformas de redes sociais, muitos conseguiram alcançar um público que antes estava distante da política tradicional. Candidatos como Olímpio de Araújo Junior, eleito para a Câmara Municipal de Curitiba com mais de 1 milhão de seguidores, são um exemplo claro dessa nova dinâmica.
O problema aqui é que, em muitas situações, esses influenciadores não possuem uma formação sólida em política ou experiência administrativa, mas, sim, uma grande capacidade de engajamento online. Essa popularidade, frequentemente construída em cima de piadas virais, memes e postagens altamente pessoais, pode facilmente obscurecer a necessidade de debates sérios e fundamentados sobre gestão pública. O que me preocupa é que estamos trocando conhecimento técnico e experiência por uma popularidade momentânea e superficial.
Num país como o Brasil, onde os problemas estruturais são profundos e as desigualdades sociais são gritantes, eleger alguém que só tem aptidão para criar conteúdo na internet pode ser perigoso. Precisamos de representantes qualificados, não de celebridades da internet que atuam mais como “influencers políticos” do que como verdadeiros agentes de mudança. A influência, nesse caso, se torna um soft power que, muitas vezes, desvia a atenção das questões mais complexas e estruturais da política.
Feminismo: influência ou superficialidade?
O movimento feminista tem se fortalecido nas redes sociais, e muitas influenciadoras têm utilizado suas plataformas para discutir temas como igualdade de gênero, empoderamento feminino e direitos das mulheres. Influenciadoras como Laura Sabino são exemplos disso. No entanto, é importante questionar até que ponto essas ações realmente geram transformações sociais ou se tratam apenas de uma abordagem superficial.
O que vejo com frequência são influenciadoras que, por terem grandes números de seguidores, ganham visibilidade para discutir questões feministas, mas sem um embasamento real nas lutas históricas e estruturais que envolvem o feminismo. Existe uma tentativa de “vender” o feminismo como algo “cool” e moderno, sem abordar os verdadeiros desafios que as mulheres enfrentam, especialmente aquelas de classes sociais mais baixas ou periféricas.
Ao focarmos nas figuras mais visíveis do feminismo digital, corremos o risco de criar uma ideia distorcida do movimento. O feminismo não pode ser apenas sobre usar o termo “girl power” ou “empoderamento” para vender produtos. Ele precisa ser sobre igualdade de oportunidades, respeito e, principalmente, políticas públicas que realmente ofereçam apoio às mulheres que mais necessitam.
Racismo: o ativismo antirracista nas redes
No cenário atual, a luta contra o racismo tem sido um dos temas centrais no debate público. Influenciadores como Vinícius Júnior têm se destacado ao utilizar suas plataformas para denunciar o racismo no futebol e na sociedade em geral. No entanto, embora a denúncia pública do racismo seja fundamental, devemos questionar o real impacto dessas ações no combate às desigualdades estruturais.
Vejo um risco claro de o ativismo digital se tornar mais performático do que efetivo. Muitos influenciadores se tornam “porta-vozes” do movimento antirracista, mas, muitas vezes, sem uma compreensão profunda da problemática social. Em vez de focarem em ações concretas que combatam o racismo estrutural, muitos parecem mais preocupados com a aparência de sua postura antirracista do que com o impacto real que podem gerar.
O ativismo digital tem sua importância, mas a verdadeira luta contra o racismo exige uma mudança nas instituições e na sociedade como um todo. Precisamos de políticas públicas efetivas, educação antirracista nas escolas e uma transformação nos sistemas de justiça e mercado de trabalho. Não podemos reduzir a luta contra o racismo a um post compartilhado ou a um gesto de solidariedade nas redes sociais.
A influência como soft power, mas até quando?
A influência digital em 2025 é um fenômeno incontestável. No entanto, devemos ser críticos ao papel que os influenciadores desempenham em causas sociais e políticas. Embora a mobilização através das redes sociais tenha seu valor, ela não pode substituir ações concretas e políticas públicas eficazes.
As causas sociais precisam ser tratadas com seriedade, e a verdadeira mudança não pode ser reduzida a posts e engajamento online. Se continuarmos a permitir que figuras sem preparo político ou social usem suas plataformas para se promover em nome de causas importantes, corremos o risco de perder a essência dessas lutas e reduzir a política a uma mera performance.
A influência digital, como soft power político e social, tem o potencial de moldar a opinião pública. Mas, em um país como o Brasil, onde os desafios são tão profundos, não podemos nos dar ao luxo de substituir o conhecimento técnico e a experiência por popularidade superficial. A influência precisa ser, de fato, útil e transformadora e não apenas uma ferramenta de marketing.
Camila Pessanha, gerente de comunicação e digital PR
* Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do veículo
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