O fim da influência como conhecíamos

Não sei você, mas eu estou cansado de ver as mesmas fórmulas sendo repetidas no universo da influência. Seguidores inflados, vídeos vazios, campanhas que mal encostam na realidade de quem…

Adnews

28.05.2025

O fim da influência como conhecíamos

Não sei você, mas eu estou cansado de ver as mesmas fórmulas sendo repetidas no universo da influência. Seguidores inflados, vídeos vazios, campanhas que mal encostam na realidade de quem consome. Em 2025, tudo isso parece ainda mais obsoleto. A influência real mudou de endereço e não está mais nos números, mas nas narrativas. Está menos no alcance e mais na conexão. A nova influência não é sobre fama, é sobre relevância.

Hoje, mais do que nunca, ser influente exige algo que muita gente ainda não entendeu: escuta. É preciso pertencer a uma comunidade, falar com verdade e entregar algo de valor. Quem não entendeu isso está, sinceramente, ficando para trás. E quem entendeu está moldando o mercado de um jeito muito mais interessante — e potente.

A era do nicho: onde a influência de verdade acontece

Tenho observado (e celebrado), o crescimento de vozes antes invisíveis: criadores de nicho, de periferia, de minorias, que estão dominando espaços que antes eram tomados por estéticas e discursos padronizados. São pessoas que falam sobre o que vivem, com propriedade e profundidade. Gente como o João Pedro Istchuk, que mostra o dia a dia no campo com simplicidade e carisma, ou a Amanda Sousa (@pretaenerd), que fala de cultura pop e diversidade com tanto conhecimento que virou referência nacional.

Esses criadores não estão atrás de viralizar. Estão ocupados demais em criar vínculos reais com quem os acompanha. E é aí que mora a nova força da influência.

Influência útil, viva e coerente

Enquanto muita gente ainda aposta em celebridades e creators de milhões de seguidores, eu vejo marcas se encantando e performando melhor, com quem fala direto, sem filtros, com nichos específicos. É o caso de uma influenciadora de beleza com dermatite atópica que mostra como cuida da pele usando produtos acessíveis. Ou de um educador financeiro que traduz investimentos para mães solo. Essas pessoas não estão apenas influenciando: estão resolvendo problemas, gerando identificação e moldando comportamento.

Acredito que campanhas memoráveis hoje são aquelas que nascem da colaboração real. Um bom exemplo disso é o iFood, que trouxe criadores como Rael de Favela não só para aparecer na campanha, mas para construir ideias juntos. Isso é influência com propósito. Outro caso interessante é o da Gkay, que deixou de ser só influencer para virar sócia criativa da Arezzo, uma mudança de papel que revela como marcas estão finalmente reconhecendo a potência estratégica dos creators.

Influência com ancestralidade: o caso de Isabelle Nogueira

E se a influência vier do lugar que por séculos foi silenciado? Em 2025, um dos movimentos mais simbólicos que vi foi a ascensão da influenciadora indígena Isabelle Nogueira. Em janeiro, ela se tornou embaixadora nacional da marca Natucor, um passo que vai muito além do marketing. Isabelle, com sua presença marcante, sua fala firme e seu orgulho em carregar suas raízes, representa uma virada poderosa na forma como marcas se conectam com o Brasil profundo e real.

Além da parceria com a Natucor, ela protagonizou campanhas de grandes marcas como Boticário, Natura, Bradesco e Petite Jolie, levando a estética, os valores e a cultura dos povos originários para o centro do discurso publicitário. É sobre isso: influência com identidade, com propósito e com escuta ativa da ancestralidade.

E se quem te influencia nem for humano?

Sim, isso já é realidade. A pergunta que não sai da minha cabeça é: será que a influência precisa mesmo ser humana? Com a chegada de influenciadoras como Satiko (persona digital da Sabrina Sato) e outras criadas por inteligência artificial, entramos em uma nova camada desta conversa. A Lu da Magalu talvez tenha sido só o começo.

Vejo um futuro em que criadores humanos usarão cada vez mais IA para otimizar conteúdo, planejar posts, testar narrativas. Aliás, muitos já fazem isso. Mas também vejo marcas investindo em personagens sintéticos com personalidades programadas, com discursos alinhados ao posicionamento da empresa. Isso pode assustar, mas também pode abrir novas possibilidades criativas, especialmente se usado com responsabilidade.

Em 2025, quem dita tendência é quem escuta

O que esse novo cenário deixa claro é que não dá mais para tratar influência como um número. Não é sobre GRP, sobre número de views ou só alcance. É sobre presença, afeto e utilidade. As marcas que entenderam isso estão surfando uma onda poderosa, a da conexão real.

Influência em 2025 é ouvir primeiro, falar depois. É se comprometer com um território e com uma causa. É ir fundo, e não largo. E, acima de tudo, é deixar de querer controlar a narrativa, para começar a construir junto com quem realmente influencia.

Camila Pessanha, gerente de comunicação e digital PR

* Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do veículo

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