Roberto Duailibi, o mestre da criatividade publicitária, morre aos 89 anos

O publicitário e escritor Roberto Duailibi, um dos maiores nomes da história da propaganda brasileira, morreu aos 89 anos, nesta sexta-feira, 18 de julho de 2025. Fundador da icônica agência DPZ — ao lado de Francesc Petit e José Zaragoza —, Duailibi marcou época com grandes campanhas e influenciou toda uma geração de profissionais da comunicação.

Nascido em Campo Grande (MS), em 8 de outubro de 1935, Duailibi mudou-se ainda jovem para São Paulo, onde iniciou sua trajetória profissional na Colgate-Palmolive. Formado em publicidade pela Escola de Propaganda de São Paulo (atual ESPM), começou sua carreira em 1952 e passou por grandes agências como JWT e McCann-Erickson. Foi na Standard Propaganda que chegou à vice-presidência de criação, antes de dar um passo decisivo na história da publicidade brasileira.

Em 1968, uniu-se a Petit, Zaragoza e Persichetti para fundar a DPZ. A agência se tornou referência absoluta em criatividade, planejamento estratégico e linguagem visual. Dela saíram campanhas históricas como o “Garoto Bombril”, “Baixinho da Kaiser” e a primeira peça brasileira a ganhar um Leão de Ouro em Cannes: o filme “Homem com mais de 40 anos”, lançado em 1975.

Além do trabalho nas agências, Roberto Duailibi dedicou parte significativa de sua vida à formação de novos talentos. Foi diretor de curso na ESPM, professor na ECA-USP e presidiu a Associação Brasileira de Agências de Publicidade (ABAP) por mais de uma gestão entre as décadas de 1980 e 1990. Em 2015, foi eleito membro da Academia Paulista de Letras, reafirmando sua ligação com a palavra e a cultura.

Escreveu livros fundamentais para a reflexão sobre comunicação e criatividade no Brasil, como Criatividade & Marketing, Cartas a um Jovem Publicitário e a coleção Ideias Poderosas, esta em parceria com Marina Pechlivanis. Duailibi também é conhecido por introduzir conceitos como a “régua heurística” como ferramenta criativa, uma das marcas de seu estilo intelectual e prático ao mesmo tempo.

A morte de Duailibi gerou grande comoção no mercado. Nomes como Nizan Guanaes, Marcello Serpa, Erh Ray e Luiz Lara prestaram homenagens públicas. “Ele foi um mestre generoso e cavalheiro da propaganda”, disse Erh Ray. Já Marcello Serpa resumiu: “Fui alfabetizado na arte da criação pelas três letras mais charmosas da propaganda: D, P e Z.”

Luiz Lara, presidente do Conselho Nacional do Cenp, lembrou que a DPZ foi uma verdadeira escola de talentos. “De lá saíram alguns dos maiores nomes da publicidade brasileira. O legado de Duailibi é a própria história da propaganda moderna no país”, afirmou. Roberto Duailibi parte deixando uma obra viva — não apenas nos livros e arquivos, mas nas ideias, princípios e ensinamentos que moldaram a profissão e continuam a inspirar gerações