Após reviravoltas, WeWork busca proteção em pedido de falência nos EUA

A WeWork, empresa de escritórios partilhados que já foi avaliada em US$ 47 mil milhões, foi forçada a declarar falência nos Estados Unidos. A decisão acompanha a subida e queda de uma empresa que já foi vista como o futuro do local de trabalho mundial.

O pedido da WeWork dará para a empresa proteção contra seus credores e proprietários à medida que reestrutura suas dívidas. Com base no último preço das ações, a empresa agora vale menos de US$ 50 milhões. A falência afetará os negócios da WeWork nos EUA e no Canadá.

A empresa disse à BBC que seus espaços de trabalho conjunto permanecerão abertos, inclusive no Reino Unido. Em um e-mail aos “inquilinos” de Londres, a empresa disse que continua totalmente comprometida em fornecer os seus serviços e planeja permanecer na grande maioria dos edifícios.

“Estamos comprometidos em nos comunicar primeiro e com antecedência com os membros, se previrmos possíveis mudanças”, ressaltou a empresa.

No final de junho, a empresa tinha mais de 700 sites em todo o mundo e cerca de 730 mil membros. Por meio de um comunicado na noite desta segunda-feira (6), a empresa disse que o pedido de falência vai permitir racionalizar ainda mais a sua carteira de arrendamento de escritórios comerciais, ao mesmo tempo em que tenta garantir a continuidade aos seus utilizadores.

David Tolley, presidente-executivo da WeWork, disse estar profundamente grato pelo apoio dos stakeholders financeiros da empresa, e que estão trabalhando juntos para fortalecer a estrutura de capital e acelerar o processo através do acordo de apoio à reestruturação.

A WeWork foi fundada em 2010 e aluga espaços de escritórios para pessoas físicas e empresas. A empresa se tornou conhecida por oferecer bebidas alcoólicas à vontade em seus escritórios, além de uma decoração alegre e descontraída.

A procura pelos espaços de escritório compartilhados da empresa foi atingida após um esforço desastroso em 2019 para conseguir dinheiro em uma cotação pública, o que prejudicou a sua reputação. Além disso, a pandemia chegou e com as pessoas trabalhando em casa, houve fechamento de muitos escritórios em todo o mundo.

No primeiro semestre deste ano, a WeWork perdeu mais de US$ 1 mil milhões devido às despesas de funcionamento dos seus escritórios e outros custos. Lidando com a indisposição de agir como uma grande empresa de tecnologia, ela tem lutado para vender partes de seus negócios e pressionado para fechar locais ou renegociar os termos de arrendamentos e dívidas de longo prazo.

As enormes perdas e negociações internas da empresa foram bem cobertas pela mídia, inclusive a série ‘WeCrashed’, da Apple TV, estrelada por Anne Hathaway e Jared Leto como Rebekah e Adam Neumann, apresentava várias cenas retratando os hábitos festivos de seu carismático cofundador, enquanto ele construía o símbolo do “escritório cool” em uma propriedade na cidade de Nova York.

Os potenciais investidores também questionaram as ligações entre as finanças pessoais de Neumann e a WeWork, levando em conta a sua decisão de expandir a empresa para áreas de interesse pessoal, como um negócio de parques de surfe. No mês passado, à medida que as discussões com proprietários e financiadores se intensificavam, a WeWork disse aos investidores que não estava fazendo os pagamentos de seus empréstimos.

O principal acionista, SoftBank (um conglomerado de tecnologia japonês), injetou dezenas de bilhões de dólares na WeWork, enquanto continuava a perder dinheiro. À medida que surgia a expectativa de um pedido de falência, Neumann disse que a queda da WeWork foi decepcionante.

“Tem sido um desafio para mim observar desde 2019 como a WeWork não conseguiu tirar proveito de um produto que é mais relevante do que nunca hoje. Acredito que com a estratégia e a equipe certa, uma reorganização permitirá que a WeWork volte com sucesso”, disse Neumann.

* Com informações da BBC | Foto de capa: Patrick T. Fallon/AFP

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