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No dia 17 de julho, o Instagram anunciou um teste para esconder likes no intuito de evitar competição entre usuários. A rede social já havia realizados testes do gênero em abril. Rodrigo Soriano, Fundador e CEO da Airfluencers, plataforma de marketing de influência e análise de redes sociais, conta como a mudança da plataforma mexe com o setor. Confira na íntegra:

 

Fale sua opinião sobre a ocultação dos likes e a nova política do Instagram

A ocultação dos likes traz à tona um questionamento comportamental que pode ser vista globalmente; como as pessoas lidam com a questão da ansiedade no Instagram?

A plataforma se tornou competitiva e essa corrida dos likes mexeu muito com os usuários. Elas começaram a se vender pelo volume de interação e alcance. Eu acho a mudança super positiva, pois tende a melhorar a qualidade de conteúdo, além de dar voz para pessoas que criam um conteúdo de qualidade, e não conseguiam destaque devido ao número de likes. Nem sempre um grande alcance significa uma grande performance, já que você pode impactar muitas pessoas, mas sem um real engajamento. Teve o caso da influencer que não conseguiu vender 36 peças de camisetas (veja aqui), o que mostrou que ela não tinha uma relação com sua base de seguidores, era muito mais volume que qualidade.

Ainda não é uma mudança definitiva, já que os testes geralmente duram três meses. O Canadá, por exemplo, voltou ao padrão antigo após esse período, e o próximo país onde essa mudança será testada é o Estados Unidos

 

O quanto a mudança atrapalha os influencers e as empresas?

Os processos de metrificação utilizados hoje demoraram alguns anos para serem testados e implementados, e qualquer mudança repentina vai precisar de um tempo para uma readequação. Agora é necessário encontrar outra maneira de mensurar os resultados dos influenciadores, e permitir que esses novos processos sejam absorvidos pelas culturas internas das empresas até que todos estejam novamente adaptados. Não tem muito o que fazer.

 

Não seria interessante deixar os likes apenas para as empresas, como uma conta comercial?

Quando uma empresa contrata um influenciador, é uma escolha muito ligada a naturalidade da mensagem passada pelo perfil do influenciador. Dificilmente vemos a contratação de uma página corporativa, fora alguns blogs que estão por trás com mailing, empresa e CNPJ. Então, não acredito que esse seria um caminho.

 

O quão importante é o engajamento e como as empresas vão mudar as métricas?

O engajamento é a diretriz de qualquer análise nesse universo, e vai se moldar para coisas mais qualitativas. O uso de um score de contexto, um score de qualidade gráfica, reconhecimento de imagem para a identificar um gesto de uma foto, já existe há bastante tempo, a interpretação de humor para saber se é uma imagem alegre, interpretação de vídeos são alguns dos caminhos possíveis para a mudança das métricas nas empresas.

O fato de que as empresas sempre estarão em busca de KPIs para medir o engajamento e novos índices serão gerados em cima de outras variáveis. No fundo o que estamos vendo é uma mudança de métricas quantitativas para qualitativas, e isso é positivo para todo o mercado.

 

Para quem está começando não atrapalha? Ou seria como você citou sobre o criador de conteúdo

Para quem está começando a mudança até facilita um pouco, já que você entra em pé de igualdade, no sentido de que não vai ter a pressão da geração de likes. Por outro lado, esse influenciador, será analisado por tamanho de base, o que apresenta um dos meus receios que é a volta da compra de seguidores. Porque se não consigo analisar você por performance (número de curtidas), volto a querer usar o dado de seguidores como algum tipo de balizamento. Isso é uma mentalidade que estávamos tentando tirar dos clientes, já que existem muitas pessoas que compram base. Uma boa curadoria vai ser de extrema importância para o sucesso de qualquer ação, daqui em diante.

 

E a questão que os likes geram em relação à saúde? 

Já ocorreram muitas tragédias por causa de social media. A forma como as pessoas se relacionam mudou muito após a criação das redes sociais e com isso uma dificuldade em lidar com o alto grau de exposição e acesso a informações.  

É mais do que necessário criar uma mentalidade positiva, de uso com responsabilidade das redes, para que casos de bullying, violência e situações constrangedoras não sejam propagadas. A medida do Instagram, que visa combater a ansiedade gerada com os likes é salutar, mas ainda existe um longo caminho para uma melhora significativa. 

 

Para terminar, fale um pouco sobre a estratégia da Airfluencers 

Nós somos a primeira empresa de performance de influenciadores no Brasil. Aqui temos uma galera de business que não é o tradicional no segmento. Meu objetivo como empresa é justamente passar para aos nossos clientes uma visão do que realmente está acontecendo, sair de quem compra like, utiliza bots, porque o cliente investe dinheiro, e precisa da prestação de contas. As pessoas não querem uma caixa preta, mas sim saber onde estão investindo. Essa preocupação está enraizada na empresa e tudo que vendemos, os acessos à plataforma são focados na entrega de performance, pois é uma maneira de evitar manipulações de dados. Uma profissionalização das empresas em geral vai acontecer nesse mercado, e acreditamos que performance é essencial para isso.  

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