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Criatividade

Artigo: Podcast pode substituir o rádio?

By 04/09/2019agosto 1st, 2023No Comments

Esse título propõe uma pergunta instigante. Está mais do que na hora de refletir sobre esse tema. Faz sentido. Assim como um dia se indagou se a TV substituiria o Rádio, agora entra em cena o Podcast. Como ficou comprovado com o passar do tempo, a TV não substituiu o Rádio. Ao contrário, esses dois veículos apenas se ajustaram com novas linguagens, conteúdos e convivem harmoniosamente – isso do ponto de vista dos telespectadores e ouvintes. Se essa dupla for comparada em resultado de investimento publicitário, o Rádio perde de lavada. Há motivos para isso visto que a TV mostra comerciais de produtos e serviços com som e imagem em cores. Seus apelos cognitivos são mais persuasivos. Já o Rádio, embora seja indispensável e interativo por natureza só tem ao seu lado um elemento: o poderoso áudio. Do ponto de vista publicitário, o Rádio sofre desgraçadamente de um mal crônico, isso porque, nem anunciantes e nem agências de propaganda, de modo geral, se preocupam em criar campanhas taylor made, para ele. Esse é um assunto a ser analisado oportunamente. Por agora o tema Rádio e Podcast vale um mergulho com snorkel, ou seja, controlando a respiração enquanto se observa as suas diferenças, profundidades e alcance. Além do congestionamento nos dias dos aparelhos que sintonizam emissoras de rádio ainda há uma questão mal resolvida em termos de frequências de transmissão. As AMs, mais populares, deveriam ser desativadas ou migradas (?) em função de legislação a esse respeito.

Aparentemente essa legislação mostra-se leniente. Pouco ou nada mudou até agora. Já as FMs, encontram-se passando por processo de “purificação” em termos de conteúdo e têm audiência sazonais, especialmente nas primeiras horas da manhã e no início da noite. Pular no dials de uma para outra emissora está cada vez mais frequente. Jornalismo, esporte e prestação de serviços são os seus pratos principais. A audiência da programação das emissoras de rádio ganhou grandes aliados como os aplicativos. Mas o que “pega” são os conteúdos e a programação. Já essa rigidez não acontece com o Podcast, que consegue seriar comentários em capítulos. Quem percebeu essa brecha vem conquistando audiência maciçamente. Alguns deles chegam a somar mais de 1 milhão de downloads por capitulo. O Spotify que o diga. Mas nestes últimos dias, os grandes conglomerados de comunicação – da TV e do próprio Rádio – também estão atentos e muitos dos seus principais comentaristas já estão garantindo presença nessa nova mídia. Seu diferencial é a informalidade – quem tem ou imagina ter o que comunicar garante seu espaço e lança-se no espaço. Para isso, em tese, são necessárias algumas providencias elementares como criar e legalizar um nome, mais equipamentos básicos de gravação, meios de edição e postar em plataformas digitais. Há, também, empresas que estão oferecendo seus serviços nesse segmento. No Podcast há oportunidade para todos os gostos e tendências, ensejando a aglutinação de seguidores e tribos fiéis. Com certeza esse espaço é extremamente democrático. Todos têm direito falar sem o police ou imposições de diretores de redação e de pauteiros. Estima-se que até neste início de setembro já existam mais de 3 mil podcasts operando no Brasil. Trata-se de um fenômeno que não vai parar tão cedo. Todavia, como fenômeno, que também pode se elevar à categoria de modismo corre risco de sofrer abalos seletivos onde só sobreviverão os que se consagrarem junto aos seus seguidores – até nesse particular existe lua-de-mel!

Outro detalhe importante já observado a favor dos podcasts: começaram a surgir patrocinadores. São marcas de peso e credibilidade, dentre elas e a título de exemplo destacam-se Bradesco e Ford. Os investimentos são baixos e vale perseguir esses seguidores com fone de ouvido no metrô, ônibus, bicicletas ou caminhando pelas ruas. Cabe uma pergunta: essa verba que está sendo canalizada para os podcasts é uma nova rubrica junto aos departamentos de mídia das empresas anunciantes? Eis a resposta meramente intuitiva: não. Muito provavelmente essa verba está sendo realocada do Rádio para o Podcast. Não há risco iminente de o Rádio ser sacrificado, contudo, não dá para ignorar essa nova tecnologia. Entretanto é um fato que está aí para quem quer enxergar.

 

Por Antoninho Rossini

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