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Neste sábado (13) acontece a celebração mundial de um ritmo que é sinônimo de transformação e irreverência: o Rock. Nascido por volta dos anos 50, sua concepção ocorreu através de uma combinação de gêneros consagrados, como o blues, o country e o jazz. O movimento foi impulsionado por nomes como Rosetta Tharpe e Chuck Berry, considerados os “pais do Rock”. Por muito tempo, as raízes afroamericanas do gênero foram abafadas, e o embranquecimento posicionou Elvis Presley como o “rei do Rock”. Apesar da grande e inegável contribuição de Elvis para o gênero, vale destacar que os elementos essenciais do Rock, como a guitarra elétrica distorcida e as melodias que agitam os ouvintes, surgiram com Rosetta Tharpe.

Nas décadas seguintes, o Rock só cresceu. The Beatles, The Rolling Stones, Bob Dylan, Janis Joplin e tantos outros marcaram uma nova era para a música, cada um trazendo um estilo único e sendo responsável por acrescentar camadas ao gênero, como elegância, rebeldia e liberdade. Esses dois últimos sentimentos foram importantes para o Brasil, que sofreu uma ditadura de 1964 até 1985. Em uma época onde medidas governamentais barravam a livre disseminação da cultura e da informação, nasceu em uma parte da população brasileira um sentimento de indignação e revolta, resultando no surgimento de grandes astros como Z/é Ramalho, Raul Seixas, Gal Costa e (aquela que admiro muito) Rita Lee.

Durante os anos seguintes, o Rock continuou transformando o cenário musical global, com o surgimento de subgêneros como o heavy metal, o punk e o grunge. Essas mudanças e vontade de uma nova juventude, muito influenciada pela MTV, de criar algo único e intrínseco à essência do gênero, refletiram diretamente na geração de músicos do início do século XXI, marcando o surgimento do movimento indie.

Quando esse movimento chegou ao Brasil, novos talentos surgiram com a vontade de levar a música para todos. Foi dessa forma orgânica que nasceu o festival Street Rock, um evento que reúne, desde o início dos anos 2000, pessoas apaixonadas por música em uma praça pública para apresentar bandas independentes. Com o intuito de retratar a jornada desse festival, histórias que “não se encontram no Google” e a importância da música, especialmente do rock nacional indie, o Street Rock está ganhando uma série documental para a TV Cultura.

Em entrevista exclusiva ao ADNews, o criador do projeto, do festival e amante de música, Daniel Baccaro, compartilhou como está sendo a experiência de produzir a série, que tem estreia prevista para o segundo semestre deste ano.

“A música é como uma estrutura. Quando estamos montando e editando o documentário, estamos dando voz às pessoas e isso faz com que muitas vezes a pauta e as entrevistas tomem outro rumo. A música ajuda nessa organização. Dessa forma, buscamos maneiras de tornar a narrativa emocionante por meio do ritmo”, compartilha o criador da série documental.

Sendo um espaço que revelou grandes bandas nacionais, como NX Zero e Dead Fish, em uma época onde as redes sociais ainda eram rudimentares, o Street Rock assumiu o papel de principal divulgador desses nomes que emergiram nos anos 2000. Movido por músicos e por um público que respira a essência do Rock diariamente, o sucesso do festival pode ser visto por meio da média de 240 mil pessoas que estiveram presentes em suas 26 edições. Segundo Baccaro, a série documental sobre o Street Rock pode superar esse número, com 300 mil pessoas somente no primeiro episódio da série.

“Talvez este seja o melhor momento do Street Rock. Pretendo conquistar uma audiência relevante e que traga luz para esse “Novíssimo Rock Brasileiro”, que veio depois do Charlie Brown Jr. e O Rappa, sem prepotência, mas buscando criar algo novo”, comenta Daniel, referenciando o “Novíssimo Cinema Brasileiro” para compartilhar sua empolgação com o novo momento do Rock nacional.

O diretor também comenta sua visão em relação à falta de visibilidade dessas bandas independentes na grande mídia.

“Nesses momentos, a divulgação é essencial, mas analisando de maneira antropológica, não existem mais hits. O que é viral hoje, não é mais amanhã. Toda essa questão artística está mais solúvel, durando pouco tempo por conta do excesso de informação que existe atualmente. A beleza do Street Rock está justamente no ato de levar os talentos para se apresentarem ao vivo e se conectarem com o público. Essa energia de estar em uma das capitais mundiais da música, como São Paulo, e se apresentar é o que move os artistas. O formato pode ter mudado, mas essa vontade de fazer música continua”, finaliza Baccaro.

Em uma era onde tudo está acontecendo ao mesmo tempo e a música, assim como as informações, passa diante dos nossos olhos (e ouvidos) a todo instante, o Street Rock atua como um regulador dessa atmosfera fora de ritmo. A produção de Daniel Baccaro, que acompanha e curte o festival há mais de 20 anos, abre caminho para uma revitalização da cena musical brasileira. Com o potencial de agradar os diversos segmentos do gênero, do mais clássico ao independente, o evento e a paixão do diretor pela música podem relembrar os “órfãos da MTV” sobre o conceito que está no DNA do Rock: a vontade de materializar os sentimentos de rebeldia e paixão.

 

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