Já falei aqui anteriormente sobre a excelente qualidade das séries da Apple TV Plus. Não só da mais conhecida, The Morning Show, mas também há outras. We Crashed, Truth be Told, Servant, só pra citar algumas. E na última sexta estreou A Serpente de Essex. Estão disponíveis os dois primeiros episódios, os quatro restantes serão disponibilizados a cada semana, na sexta-feira. Pelos dois primeiros, vale a pena acompanhar.
A Serpente de Essex é baseada no livro de mistério de Sarah Perry. A história se passa no período vitoriano na Inglaterra. Acompanha a viúva recente Cora Seaborne (Claire Danes) que se muda de Londres para a região de Essex. Seu objetivo é investigar relatos envolvendo uma serpente mítica. Lá, Cora forma uma improvável parceria de ciência e ceticismo com o vigário da cidade (Tom Hiddleston). Só que uma tragédia acontece, e os habitantes locais a acusam de atrair a criatura.
O que achei de A Serpente de Essex?
O que dá pra perceber desses dois primeiros episódios é que a série se apresenta como mistério. A serpente existe? Quem matou a garota? O que os habitantes da cidade escondem? Mas, para mim, fica claro que o principal conflito é o da ciência contra aqueles que lutam contra ela. Nada muito diferente daquilo que ainda vivemos nos dias de hoje. Os habitantes da cidade tem medo de tudo aquilo que não compreendem. Especialmente uma mulher obviamente adiante de seu tempo.
Há outros personagens interessante. Frank Dillane (Fear the Walking Dead) é o médico determinado a fazer história na medicina. E também a amiga de Cora, a empregada, confidente – e aparentemente apaixonada – Martha (Hayley Squires). A série também deixa claro a óbvia atração do vigário por Cora, mesmo que ele seja casado com Stella (Clémence Poésy). Todas as inter-relações entre todos esses personagens provocam os mais diversos e interessantes momentos da história.
Até agora, fica claro que a serpente é o McGuffin da história. Algo que é aparentemente o ponto principal, mas é apenas uma distração do conflito verdadeiro. E no centro de tudo está Cora, que inspira as mais diversas paixões, e também o medo dos habitantes. Claire Danes, em papel que era inicialmente de Keira Knightley, está perfeita. Inicialmente, seu cabelo laranja me distraía um pouco. Mas depois se torna perfeitamente entendível sua razão de existir. É uma alegoria de quem é diferente. E como somente sua presença é capaz de provocar os maiores distúrbios, mesmo sem intenção.
E no final…
Há uma grande química entre Claire Danes e Tom Hiddleston. Não só sexual, mas especialmente em seus duelos mentais, entre o crente e a cética. A produção é de primeira linha. Fotografia, direção de arte, figurinos, tudo excelente. E tem um roteiro que nos manipula. E nos deixa totalmente curiosos para o que vai acontecer no próximo episódio. Recomendo!
Eliane Munhoz
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