Skip to main content
A startup brasileira Instanteaser criou os designs gráficos para o clipe de ‘Vai Danada’, com as celebridades da música, o funkeiro PK, Becky G e a Gabily. O clipe foi todo produzido em casa e dirigido diretamente pela Warner Music, em Los Angeles. Em meio a uma pandemia, muitas produções tiveram que se reinventar para que pudessem respeitar as ordens dos principais órgãos de saúde do mundo e com ‘Vai Danada’ não foi diferente. 
 
A música que seria gravada em março deste ano e teria direito a um clipe presencial teve que ser repensado, e aí entrou em cena a participação e reconhecimento da Instanteaser que ficou responsável em formular todo o cenário visual do clipe e a parte de animação gráfica do filme em motion design.
 
 
O clipe obteve um ótimo resultado e teve um bom feedback para os fãs dos cantores. Logo, conversamos com Doug Clayton, co-founder da Instanteaser, para sabermos um pouco mais sobre como foi realizado todo o processo criativo, e de produção na parte de motion design do clipe com todos os desafios impostos pela pandemia da Covid-19. Confira a entrevista: 
 
ADNEWS – Como responsáveis pelo design de animação de um clipe gravado completamente em casa, como foi levantar ideias para ilustrar o clipe numa ocasião como essa? Como é o processo de criação?
Doug Clayton: Quando a Warner procurou a Instanteaser, já haviam as primeiras restrições em relação ao Coronavírus então a proposta original do clipe, que seria filmado em Los Angeles, já havia caído e estava claro que ele teria de ser realizado remotamente. Como solução e fazendo alusão a época em que o Funk explodiu, no inicio dos anos 2000, nos foi proposto um conceito onde os artistas estivessem comunicando via MSN Messenger. De cara haviam dois desafios, em termos estéticos a interface dos computadores nessa época tinha um look ’tosco’, estava no meio do caminho, não era retrô ou moderno, e somado a isso, havia também a própria dinâmica da interação via MSN Messenger, os artistas cantando numa janela de webcam ficaria cansativo. Em termos do processo de criação, emulamos remotamente o nosso processo para projetos com um cunho mais conceitual. Depois de definido o norte, como a narrativa casaria com a linguagem, a equipe de criação pesquisou referências estéticas, desde a tipografia à elementos pop, cores, aplicações e composições utilizados na época. Pro desafio da dinâmica buscamos características comuns de computadores da época que tivessem um impacto visual também, como as janelas abrindo quando a máquina dava ‘pau’, a interface de softwares como Paint e do próprio Messenger e webcams. Com os estudo e referências, reunimos o time em um call pra definir os elementos macros, que carregariam a narrativa e o que seria usado e o que seria descartado, buscando ser fiel a época, um equilíbrio estético e um tempo dinâmico pro filme. Como o prazo era extremamente curto pelos atrasos causados pelo Coronavirus era importante que a nossa visão estivesse alinhada a da gravadora e da diretora que estava em Los Angeles e iria dirigir os artistas remotamente, então compartilhamos com eles uma sequência curta animada com elementos que usaríamos no filme pra validar a dinâmica, e 3 layouts pra cada artista, ilustrando momentos diferentes na narrativa que aplicamos numa timeline junto com a música criando um ‘monstro’ do filme.
 
AD – Na área de motion design, há uma grande diferença em trabalhar remoto ou em estúdio? Como está sendo essa mudança para a Instanteaser?
Doug: Muitos motion designers trabalham remotamente, como freelancers por exemplo, mas o processo de criar um filme em motion design requer uma soma de skills como design, animação de composições e domínio de narrativa e por essa razão acreditamos na troca entre os criativos em todos os projetos. É essa troca que traz frescor para os projetos! No nosso caso, pelo menos, como somos uma startup que utiliza tecnologia pra potencializar a criação, somos familiarizados e já utilizamos no nosso dia a dia ferramentas e conceitos que facilitaram muito essa transição pro trabalho remoto. Criamos rotinas com check-ins diários, de manhã entre os departamento e no final do dia com a empresa toda, garantindo a troca necessária para que o processo criativo não seja prejudicado, e o alinhamento entre todos na empresa, além do mais importante, a interação social entre todo mundo nesse momento complicado. A gestão do trafego dos nosso projetos já era automatizada, e já utilizávamos o Slack pra comunicar demandas urgentes do atendimento pra criação, então conseguimos nos adaptar rapidamente as restrições impostas pelo Coronavírus. Além disso implementamos algumas atividades semanais via Hangout / Zoom como Yoga e Wim Hof Method, aqueles exercícios de respiração criados por aquele maluco que nada no gelo 😉    
 
AD – Durante a criação do clipe, houve divergências ou alguns obstáculos? Geralmente, problemas em clipes, como são resolvidos?
Doug: O prazo curto somado a distância entre todas as partes envolvidas, os artistas, a diretora, a gravadora e o nosso time, geraram alguns contratempos que não aconteceriam em condições normais. A data de lançamento do single não podia ser alterada, então os atrasos causados pelo Coronavírus tiveram que ser absorvidos pela produção do clipe, e com isso o processo natural de um projeto desses, que já é complicado, teve que ser totalmente revisto e adaptado ao contexto. Tivemos que começar a animar o clipe sem as imagens dos artistas, que foram chegando pingadas, e em alguns momentos haviam 3 motion designers e 1 designer trabalhando em paralelo em sequências complementares sem conseguir olhar pro lado e ver o que o outro estava fazendo. Para minimizar os ruídos, criamos um fluxo que previa esse contexto, mas certamente foram muito mais emoções do que em condições normais. O mais importante é que esses desafios não imprimiram, e acreditamos que entregamos um filme que foi concebido para ser desse jeito desde o início.  
 
AD – Qual é a importância para a Instanteaser de um trabalho como esse?
Doug: Esse clipe mostra pro mercado que não é necessário sacrificar qualidade pelas restrições impostas pela quarentena, que é possível produzir filmes com alto valor de produção sem ter que assumir uma linguagem de selfie em casa ou ficar reciclando material de acervo. Para a Instanteaser em específico, somos muito mais conhecidos como startup e o approach digital first que trouxemos pro mercado publicitário, por ser a primeira empresa da América Latina a receber o selo de parceira global de YouTube Ads, do que o trabalho que realizamos pela Instanteaser Prime, braço de projetos especiais da empresa. Nem todo mundo sabe do Pense Fora do Garrafão, fashion film que criamos pra NBA Brasil que ganhou prêmios nos Estados Unidos e Europa, por exemplo, então esse clipe de certa forma acaba sendo um lembrete do que podemos entregar.   
 
AD – Houve um aumento de carga por conta da pandemia?
Doug: Sem dúvida a nossa carga de trabalho aumentou muito durante a pandemia, mas há muito mais nuances do que poderíamos ter imaginado em outras épocas… Se por um lado há marcas que dependem muito do que fazemos pra prosperar nesse momento, por outro há empresas que tiveram que entrar em modo de sobrevivência e cortar todos os custos, gigantes de vários segmentos precisaram puxar o freio de mão enquanto alguns nichos se encontram com uma demanda inimaginável pré-pandemia. Isso reflete do comercial à criação na Instanteaser, estamos abrindo novas frentes ao mesmo tempo que precisamos apoiar parceiros que estão sendo duramente impactados, e em paralelo, estamos contribuindo com os recursos que temos no combate ao Covid-19. Estamos oferecendo a nossa capacidade criativa e a nossa tecnologia para apoiar ONG’s e outras iniciativas nesses momento complicado.  

Leave a Reply