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O ESG (Environmental, social and governance) – em português, Meio Ambiente, sociedade e governo – é uma prática que vem se tornando cada vez mais frequente nas empresas. Segundo o Pacto Global, iniciativa dos anos 2000, os critérios do ESG estão diretamente relacionados aos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), que reúnem grandes desafios e vulnerabilidades da sociedade.

No Brasil, o levantamento realizado em relação às companhias que fazem parte do ISE (Índice de Sustentabilidade Empresarial da B3) chega a 83% de integração dos ODS em suas estratégias e objetivos.

Entrevistamos o Vice-Presidente de Sustentabilidade & Assuntos Corporativos go Grupo HEINEKEN, Mauro Homem, para entendermos mais sobre essa realidade no futuro:

ADNEWS: Quais as vantagens trazidas para empresas que colocam o ESG em prática?

Mauro: Os princípios do ESG olham para os três principais pilares (ambiental, social e governança) que devem ser considerados por uma empresa para que ela se desenvolva de uma maneira sustentável e próspera com a sociedade. Juntos, esses princípios contribuem para a aceleração do desempenho da empresa e a conexão com clientes, consumidores e colaboradores. Quando praticadas com transparência e alinhadas com o propósito e valores da companhia, as práticas do ESG reduzem potenciais riscos operacionais e de imagem e aproximam mais a organização de seus públicos, além de contribuírem para o fortalecimento de sua reputação de forma genuína. Para nós, no Grupo HEINEKEN, o compromisso de trabalhar os temas de ESG junto ao objetivo de negócio, é a melhor maneira de evoluirmos enquanto sociedade e contribuirmos para proporcionar cada vez mais impactos positivos.

AD: Quais as tendências do ESG para o mundo corporativo em 2022?

Neste momento, estamos passando pelo que o mercado chama de década da ação. Com base nos objetivos de desenvolvimento sustentável estabelecidos pela ONU, que têm a grande maioria de suas metas previstas para serem atingidas até 2030, as organizações estão acelerando suas agendas de ESG e trabalhando para alcançar as metas estabelecidas. O setor privado tem um papel fundamental para o sucesso dos planos. A tendência para esses próximos anos, na frente ambiental, é termos cada vez mais indústrias adotando modelos de neutralização de carbono em sua cadeia de valor – principalmente com o uso de energias renováveis, tecnologias que otimizem recursos, ações de reflorestamento e expansão da circularidade de embalagens, por exemplo – além de termos um foco cada vez maior em circularidade e economia de água. Ano passado, o Grupo HEINEKEN assumiu publicamente o compromisso de neutralizar a emissão de carbono em toda a nossa cadeia de valor globalmente até 2040 e a facilitação ao acesso à energia verde para bares e restaurantes por meio da marca Heineken.

Já na frente social, as companhias estão desenvolvendo a consciência sobre a responsabilidade que têm em relação a pautas como inclusão e diversidade, equidade de gênero e racial, desigualdade social, consumo responsável e saudabilidade, entre outras. Alguns exemplos do que temos feito aqui nesse sentido são a meta de atingir 50% de mulheres na liderança até 2026 e pelo menos 40% de pessoas negras na liderança até 2030; e iniciativas corporativas e das marcas em torno do consumo equilibrado do álcool.

E tudo isso deverá acontecer de forma concomitante com o desenvolvimento econômico, por isso, devemos ver um avanço nos modelos de gestão nas organizações que se tornarão mais maduros, indo além dos compromissos públicos e realmente entregando iniciativas para manter a sua saúde financeira da companhia, junto com o desenvolvimento da comunidade e redução de impactos ao meio ambiente.

AD: Como trazer mais práticas ambientais e sociais para as empresas? Quais as primeiras ações que as empresas devem tomar para seguir este novo caminho que aborda a sustentabilidade, sociedade e governo?

O primeiro passo para fazer parte desse movimento é dar importância ao tema, principalmente, entre os gestores do negócio. No Grupo HEINEKEN, nós temos a sustentabilidade como uma prioridade de negócios há muitos anos e, este mês, anunciamos a criação desta Vice-Presidência de Sustentabilidade & Assuntos Corporativos e que dará ainda mais foco e agilidade à toda a agenda ESG entre a alta liderança. O segundo passo é identificar quais pontos do negócio impactam diretamente o meio ambiente e a comunidade onde ele está inserido.

Tudo isso deve ser pensado e feito tendo como base a identidade, os valores, as especificidades e o propósito de cada organização, para que as iniciativas ganhem força e tenham credibilidade frente aos públicos dessa companhia. Além dos benefícios ambientais e sociais, práticas sustentáveis também impactam na reputação da empresa no mercado e, consequentemente, nos resultados financeiros e relação com todos os stakeholders.

AD: Como as empresas podem ajudar a conscientizar sobre o ESG e torná-lo uma prática comum entre os consumidores?

Ser o exemplo, investir em estudos, pesquisas, tecnologia, ciência, formar parcerias e comunicar o público sobre as iniciativas trabalhadas e informações levantadas são formas de incentivar o mercado e os consumidores a adotarem práticas cada vez mais sustentáveis. Também é importante saber ouvi-los e desenvolver ações que os coloquem como participantes do processo, criando um maior engajamento e senso de pertencimento, além de levar em consideração suas necessidades.

Um dos exemplos que temos disso é o projeto de retornabilidade de embalagens recicláveis que temos com a startup SO+MA em Salvador (BA), que conta com um programa de fidelidade com acúmulo de pontos que podem ser revertidos em cursos profissionalizantes, materiais de necessidade básica e alimentos. Com essa iniciativa, estamos olhando para a circularidade de embalagens, reduzindo o descarte incorreto a aterros sanitários e o desperdício de matérias-primas e, ao mesmo tempo, contribuímos para o desenvolvimento socioeconômico da comunidade local e a conscientização e mudança de comportamento em relação à sustentabilidade.

AD: Dentre as 3 letras da sigla (environmental, social and governance), existe alguma projeção sobre qual ganhará mais foco em 2022?

O ESG considera o equilíbrio entre esses três pilares e, portanto, eles devem se desenvolver juntos, suportando um ao outro e permitindo avanços significativos em relação à sustentabilidade ambiental, social e econômica.

Mauro Homem. Imagem: Divulgação

Mauro Homem é Vice-Presidente de Sustentabilidade & Assuntos Corporativos go Grupo HEINEKEN, e mais de 15 anos de experiência em Assuntos Corporativos, Sustentabilidade, Operações e Gestão de Projetos.

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