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* Marcus Nakagawa é professor da ESPM

O empreendedorismo vem crescendo nestes últimos anos como uma alternativa de sobrevivência e busca de realização pessoal. Muitas pessoas acham que empreender é somente ter uma ideia e colocar em prática sem nenhuma preparação prévia. Às vezes sabemos que este “bota para fazer” é necessário para conseguir pagar as contas, os boletos e colocar o alimento na mesa de casa. Segundo a pesquisa Global Entrepreneruship Monitor (GEM) que é realizado desde 2002 em vários países do mundo, no Brasil em 2019 cerca de 88% dos empreendedores iniciais concordaram com a opção de resposta de que a motivação para empreender era para ganhar a vida porque os empregos estão escassos. Mas também colocaram que começaram um empreendimento para fazer a diferença no mundo, sendo 51,4% dos respondentes.

Nesta mesma pesquisa mostra que temos 38,7% do percentual da população de 18 a 64 anos empreendendo no país, sendo que este dado em 2002 era 20,9%. As mulheres, pessoas negras e entre 34 e 55 anos, são as que mais empreendem por motivo de não terem emprego.

Segundo o SEBRAE, na pesquisa GEM que está sendo compilada de 2020, o Brasil deve atingir o maior patamar de empreendedores iniciais dos últimos 20 anos com um quarto da população adulta do país empreendendo, principalmente devido à crise da pandemia do Covid.

Pois é, “ter o próprio negócio” é o quarto sonho mais citado (37%) nesta pesquisa GEM 2019, sendo maior que “fazer carreira numa empresa” (23%). O sonho das gerações passadas de entrar na “Firma”, trabalhar bastante e se aposentar bem na mesma empresa já começa a diminuir.

A pesquisa Panorama de Negócios Digitais Brasil 2020, realizada pela Hero Spark, mostrou que 54% dos empreendedores digitais começaram seus negócios há menos de 1 ano. Na pesquisa de 2020 do Instituto Rede Mulher Empreendedora (IRME) 36% das empreendedoras indicaram que o faturamento não foi impactado ou que aumentaram o faturamento durante a pandemia e 66% das mulheres se mostraram mais confiantes com o futuro nos seus negócios.

Sim temos que ter mais confiança neste momento em que estamos buscando alternativas para sair deste problema pandêmico no país. Porém temos e agravará muito os desafios sociais relacionados às melhorias na saúde, atualização e desenvolvimento da educação, necessidade de tirar muita gente da linha extrema da pobreza, falta de alimentação básica e adequada, muita violência doméstica contra a mulher e as crianças, toxicodependência, racismo, queimadas, desmatamento, entre outros.

A ideia não é ter uma taquicardia olhando este “copo meio vazio” das dificuldades, mas sim encarar estes desafios como uma jornada a ser percorrida, usando a inovação e a criatividade, que temos muito no Brasil, para resolver estes problemas de forma planejada e empreendedora.

Bill Drayton, professor e idealizado da Ashoka, coloca que o empreendedor de impacto social é aquele profissional que aponta tendências e traz soluções inovadoras para problemas sociais e ambientais, seja por enxergar um problema que ainda não é reconhecido pela sociedade ou por vê-lo por meio de uma perspectiva diferente.

Exatamente como devemos agir neste momento! Buscar outro prisma e trazer novas percepções para empreendermos com uma ação social, um projeto social, uma organização sem fim de lucros ou até um negócio que ajude e busque impactar positivamente nas questões sociais e ambientais. Temos sim o poder de fazer a diferença no mundo, como mostrou a pesquisa GEM.

Busque conhecer mais profundamente os problemas social ou ambiental que você quer ajudar a resolver, com dados e informações confiáveis. Pense numa solução que cause impacto positivo efetivo num formato de projeto, produto ou serviço. Planeje, modele, teste, pivote e faça de novo! Não é fácil, mas busque sempre mais conhecimento, capacitação e continue.

Pois isso é o que vale a pena na nossa vida! Autodesenvolvimento sempre!

* Marcus Nakagawa é professor da ESPM; coordenador do Centro ESPM de Desenvolvimento Socioambiental (CEDS); idealizador e conselheiro da Abraps; e palestrante sobre sustentabilidade, empreendedorismo e estilo de vida. Autor dos livros: Marketing para Ambientes Disruptivos e 101 Dias com Ações Mais Sustentáveis para Mudar o Mundo (Prêmio Jabuti 2019).

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