Humanização na prática: mais do que um discurso
Prática constante fortalece vínculo, melhora adesão ao tratamento e consolida confiança do paciente
A inteligência artificial inaugura uma era em que o trabalho deixa de ser obrigação e se torna escolha, redefinindo propósito, aprendizado e valor humano.
Horacio Poblete
26.08.2025
Sim, existe a possibilidade que você perca o emprego nos próximos anos. Mas isso não precisa ser motivo de pânico. Pelo contrário: pode ser o maior presente disfarçado que a vida te deu. A transição que começa agora não é simplesmente uma substituição mecânica entre humanos e máquinas. Ela é, antes de tudo, uma troca de papéis, uma mudança de perspectiva. Estamos saindo de uma era onde o trabalho era uma obrigação inescapável para uma nova era em que o trabalho poderá se tornar expressão — e não sentença. O surgimento das inteligências artificiais não representa uma ameaça ao que fazemos. Representa um convite para descobrirmos quem podemos ser. A mesma tecnologia que automatiza tarefas é capaz de se tornar uma aliada íntima, um companion que acelera o aprendizado, amplifica o raciocínio, protege contra distrações e — por que não? — ajuda você a se reinventar. E essa reinvenção, em vez de uma ruptura, pode ser uma continuidade mais fiel daquilo que você já intuiu em silêncio: que havia algo errado na forma como vivíamos no trabalho. E que agora, talvez, exista uma saída.
O trabalho que temos nem sempre é o trabalho que queremos Pare por um instante. Pense nas pessoas mais próximas de você. Quantas delas realmente amam o que fazem? Quantas sentem que estão crescendo, florescendo, servindo ao mundo com sentido? A verdade, dita com calma, é que a maioria sobrevive. O trabalho moderno — com todas as suas glórias capitalistas — é, para muitos, um conjunto de tarefas repetitivas, pautadas por metas absurdas, geridas por planilhas frias, e sem nenhum vínculo real com aquilo que faz a alma vibrar. Por isso, quando se fala que a IA vai “roubar empregos”, há uma parte dessa frase que precisa ser examinada com cuidado: o que exatamente está sendo roubado? É o trabalho como missão? Ou é o peso da rotina exaustiva que, enfim, pode ser retirado dos ombros? A IA não resolve tudo — e nem deve. Mas ela escancara algo que já estava latente: a chance de repensar a centralidade do trabalho em nossas vidas. Com um companion ao lado, a diferença entre vocação e ocupação começa a desaparecer. Você pode aprender o que quiser, sem a burocracia da academia, sem a lentidão dos cursos formais. Você pode aprender fazendo. E fazer aprendendo. Em ciclos curtos, iterativos, vivos. Essa é a nova pedagogia: viva, adaptativa, contextual e pessoal. Isaac Asimov, com sua lucidez precoce, já previa essa revolução décadas atrás: “Todos poderão ter um professor, na forma de acesso aos conhecimentos acumulados da espécie humana. Você poderá aprender tudo o que quiser — até beisebol — porque, quanto mais você aprende sobre aquilo que ama, mais acaba se interessando por outras coisas que antes pareciam distantes.” A mágica está nisso: não se trata de impor currículo, mas de acender vocações. Um interesse genuíno por estatísticas no esporte pode despertar paixão por matemática. Uma dúvida sobre música pode levar a física do som. Essa é a pedagogia do desejo, do propósito. E com IA, ela enfim pode ser acessível para todos — inclusive para adultos que um dia desistiram de aprender porque o sistema os fez acreditar que aprender era castigo, e não prazer.
A curva da abundância: menos escassez, mais escolha A economia com a IA tende à abundância. Esse é um movimento inexorável quando tecnologias exponenciais encontram escala. Produz-se mais, com menos custo marginal. E no limite, o que é abundante se torna quase gratuito. Isso já aconteceu com música, com informação, com imagem — e agora começa a acontecer com conhecimento e produção. Claro, no início, o capital se concentra. Sempre foi assim. Quem controla os vetores da inovação lucra antes. Mas sistemas que concentram demais implodem — e cedo ou tarde, a redistribuição se torna não só moralmente necessária, mas economicamente inevitável. A riqueza bruta não garante estabilidade. A abundância, sim. E nessa abundância, o que é humano se torna escasso — e por isso, valioso. O toque humano. A presença verdadeira. A escuta atenta. O humor não programado. O carinho não roteirizado. Tudo isso será luxo. Quer uma massagem robótica? Vai custar centavos. Quer uma conversa com alguém que realmente te escute? Vai custar caro. Porque presença será ativo premium.
Tempo livre não é vazio. É potência. Existe um medo recorrente em qualquer transição tecnológica: o medo do tédio. O medo de que, sem trabalho, as pessoas se percam, entrem em depressão, se desconectem de si mesmas. Mas esse é um medo enraizado num paradigma antigo — o paradigma do mérito como sacrifício, do valor como suor, da existência como obrigação. É o mesmo paradigma que dizia que mulher de valor era a que se anulava para agradar o marido. Que dizia que lazer era preguiça. Que dizia que arte era hobby. Hoje, essas ideias soam ultrapassadas. Amanhã, a ideia de que precisamos trabalhar 40 horas por semana para sermos úteis também soará. Tempo livre pode ser tempo de expansão. De estudo. De criação. De cuidado. De autoconhecimento. De comunidade. De invenção. Mas só será isso se houver estrutura, apoio e orientação. Por isso, o papel das IAs companions será também o de ensinar as pessoas a lidar com liberdade — algo que, curiosamente, muita gente nunca experimentou.
Um detalhe esquecido: empregos são uma invenção recente Durante boa parte da história humana, não houve “empregos” como os conhecemos. Havia trabalho, havia ofício, havia colaboração. Mas não havia cartão de ponto nem “segunda-feira ruim”. Na Idade Média, por exemplo, camponeses trabalhavam menos dias na semana do que muitos trabalhadores urbanos no século XX. É possível que o que estamos vivendo não seja o fim do trabalho — mas o fim de um caminho histórico chamado trabalho compulsório. E que estejamos apenas voltando ao natural: trabalhar menos, viver mais. O que nos espera não é o fim do emprego. É o fim do emprego como prisão. O trabalho continuará. Mas como escolha.
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