Neste mês aconteceu a ‘Google I/O’, um evento da big tech Google. Trata-se de uma grande conferência voltada para os programadores. A ideia do evento é orientar os programadores a aperfeiçoarem seus programas com técnicas e melhores práticas.
No evento a empresa anunciou a ‘PaLM-2’, um modelo de linguagem da próxima geração, com recursos multilíngues, de raciocínio e codificação. Esse modelo consegue criar códigos de programação em várias linguagens conhecidas e algumas bem específicas, resolver problemas e cálculos matemáticos com extrema facilidade, criar textos criativos como poemas, histórias, enigmas e até mesmo análise de conteúdo. Tudo isso através de uma interação com um chat.
Você deve estar pensando “já ouvi isso em algum lugar?”. Uma inteligência artificial que reponde em formato de chat coisas bem complexas e analisa textos. E você está certo, esse é o modelo de linguagem que veio concorrer com o ChatGPT, da empresa OpenAI. Vale destacar que o ChatGPT também pode criar códigos a partir de solicitações via texto, e até mesmo sugerir correções ou procurar erros em códigos. Porém, a princípio, um pouco mais limitado.
O que me chamou a atenção não é o surgimento de um novo modelo de inteligência artificial. Isso iria acontecer, o próprio Google recentemente anunciou o Bard, que inclusive usará esse modelo de inteligência. O que me chamou mais a atenção foi uma ferramenta focada em criar programas de computadores, ou seja, robôs criando robôs.
Essa frase já nos remete ao nome de vários filmes e livros sobre o tema de robôs tomando a consciência, e até criando uma nova geração de seres.
Apesar de parecer uma ficção científica, existe a preocupação real com o avanço da inteligência artificial, atualmente sem nenhum controle. Se ficou mais interessado nesse assunto, sugiro que clique aqui e leia o meu artigo sobre o tema, com o título ‘Parem os robôs: as inteligências artificiais precisam de uma pausa’. Eu abordo mais profundamente a questão de que precisamos fazer uma pausa na criação de novas inteligências artificiais.
Segundo a Google, você pode perguntar à inteligência “como fazer algo”, “como deixar algo mais eficiente” e “dicas de melhores práticas na programação”. É possível pedir para executar um determinado comando em alguma linguagem de programação, e ele vai te explicar o passo a passo do processo de desenvolvimento até finalizar. Inclusive, ele poderá monitorar o desempenho e sugerir melhorias no programa.
Pelo que foi apresentado, em um futuro muito próximo, pessoas que não têm nenhum conhecimento em programação poderão acessar o chat da inteligência através do próprio celular e simplesmente escrever “Preciso de um programa no meu celular que faça isso ou faça aquilo com a cor X e botões da cor Y”, e em alguns segundos, esse aplicativo recém-criado será instalado em seu celular da forma que você queria, sem programar uma linha de código.
Mas, você deve estar se perguntando: como eles apresentam uma solução que pode acabar com a carreira dos programadores em um evento justamente para programadores? E a resposta é mais simples do que parece. Na conferência da Google, essa solução é apresentada como uma ferramenta que vai facilitar o trabalho de programação, como ajudar a encontrar erros no seu código ou sugerir formas de otimizar o tempo para criação de um programa.
Porém, é inegável que a criação não só dessa inteligência, como de outras que estão surgindo, abre a discussão sobre a possibilidade de muitas profissões acabarem do dia para a noite. Inclusive, eu já escrevi um artigo chamado “Nenhum emprego está a salvo das Inteligências Artificiais”, que você pode conferir clicando aqui. Nele, mostro exemplos de inteligências, que já estão sendo usadas na prática e poderão substituir algumas profissões em breve.
Mas então, esse será o fim dos programadores?
Não necessariamente, pois programar não é apenas escrever os códigos. O principal na criação de um programa é a ideia. Talvez a profissão mude o foco, como todas as outras profissões que mudaram conforme a sociedade evolui. Pessoas que têm boas ideias podem acabar sendo grandes programadoras, mesmo não sabendo escrever uma linha de código, pois sabem o que pedir para a inteligência executar.
Agora, a profissão de apenas escrever os códigos pode estar com seus dias contados. Como competir com uma inteligência que sabe quase que instantaneamente todos os códigos, de várias linguagens de programações diferentes, que pode ficar horas escrevendo um programa, sem parar para tomar um cafezinho? E convenhamos, nada melhor do que uma máquina para entender outra máquina.
Lilian Primo é CEO e fundadora da Moybe Mobilidade Elétrica, VP do Instituto Êxito e VP de TI da Anefac. Fala sobre tecnologia, inovação, mobilidade e tendências.
* Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Adnews.
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