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Hoje retorno do SXSW. A vontade de compartilhar o que passou aqui é muito maior do que a minha capacidade de conseguir fazer isso. Sentado no saguão do aeroporto, espero a chuva passar. Provavelmente teremos um delay. Não há o que fazer, a não ser refletir o tamanho da transformação que aconteceu aqui. Gosto de sentir isso. É como trocar a bateria por outra novinha, e não apenas recarregá-la.

Quero dividir o meu primeiro insight sobre tudo isso, e que pode soar bem estranho. A verdade é que onde existem morcegos, existe transformação.

E por falar em morcegos, começo por aquele que difundiu a marca que atravessou gerações sem deixar escapar ninguém, nem a mais nova geração T (geração de Transição) introduzida por Amy Webb no painel que lançou o primeiro míssil sobre nossas cabeças. Batman, personagem criado na década de 60, usava como símbolo um morcego preto estilizado sobre uma elipse amarela. Naquela época, o super herói já inspirava tanto pela excentricidade quanto pelo uso da tecnologia. Quem nunca quis ter um wearable como o cinto de utilidades ou o batmóvel (Cyber Truck da época)? O morcego, então, se firmava como um ícone de inovação, e ao mesmo tempo, transmitia valores humanos através da parceria Batman x Robin.

Em 2020, houve a maior transformação provocada pelo morcego, ou pela tentativa de um humano desvendar algo que a ciência ainda desconhecia. A pandemia cancelou o festival pela primeira vez em 34 anos, e nos transformaria para sempre: mudando vidas, criando negócios, destruindo outros. Uma ativação que formava um QR Code com o uso de drones nos céus mostrou que essa tecnologia, desprezada antes, nunca foi tão hype. Para ir do hotel ao Centro de Convenções num dos patinetes estacionados por ali, bastava um celular e app do Uber para destravar a experiência da mobilidade que faz a gente repensar a nossa relação com o tempo. É desta forma, nessa velocidade, que a preocupação com o futuro nos faz esquecer o passado recente. Queremos saber como será o futuro e para onde estamos indo.

Austin, 2024. Discutimos futuros, inteligência artificial, trabalho, psicodélicos e outras tantas novas tecnologias que vão fazer parte definitiva de nossas vidas. Mas, antes de nós, é importante lembrar que o lugar já havia sido escolhido pelos morcegos. Sim, muitos deles. Porém, os daqui não são do mal. Eles habitam pontes, e não cavernas. Eles não mordem pessoas, e sim, tentam se conectar uns aos outros através do seu GPS natural. Em Austin, eles são queridos e ganham a admiração das pessoas. Viram pelúcia, stickers e contribuem para o slogan da cidade: Keep Austin Weird.

Tudo isso reforça minha teoria de que: onde existem morcegos, existe transformação. Da inteligência artificial gerando novas soluções e criando novos problemas. Da autonomia dos patinetes pela rua, ao robô que faz entregas disputando a calçada com os humanos. Do Apple Vision Pro que coloca o entretenimento e a experiência imersiva numa outra esfera de possibilidades aos astros do cinema e músicos que você esbarra por aqui e desperta o lado que a tecnologia não conseguiu reproduzir com propriedade (ainda).

Isso me faz olhar com otimismo para frente e acreditar que a curiosidade que nos move será capaz de criar o futuro, pois ele ainda não está pronto. Respeitar a essência humana, os limites e fundamentos da natureza deverá ser o nosso mantra diário. Até porque, assim como os morcegos, nós somos a causa e seremos os primeiros a sentir os efeitos de toda essa transformação.

* Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do veículo

 

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