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A plataforma Waterbear, apelidada de Netflix da natureza, está encorajando as marcas a investirem seus gastos com anúncios em documentários, proporcionando avanço em suas agendas ESG além das tradicionais campanhas publicitárias.

De acordo com Poppy Mason-Watts, diretora de Crescimento e Impacto da Waterbear, a plataforma foi criada em 2020 com a ideia de que documentários podem ser divertidos, inspiradores e capazes de influenciar o comportamento das pessoas. A Waterbear oferece filmes certificados, que podem ser assistidos gratuitamente pelos seus atuais 3 milhões de usuários.

“Quando lançamos, nos chamávamos de Netflix pela natureza, mas somos mais do que apenas natureza. Nossas histórias abrangem mudanças climáticas e perda da biodiversidade, bem como justiça social e saúde mental”, acrescenta Poppy.

Mesmo que empresas como Netflix e Amazon Prime também tenham investido em conteúdo relacionado à justiça social e meio ambiente, a Waterbear vê a concorrência como uma vantagem. A diretora menciona que os espectadores, muitas vezes, se sentem desanimados após assistir conteúdos do gênero em outras plataformas, por não saberem como agir em seguida. A Waterbear aproveita esse sentimento em tempo real e fornece aos usuários ferramentas para ação, incluindo petições que podem assinar, informações para download e sugestões de ONGs para apoiar. O streaming consegue analisar o que levará o público a agir medindo não apenas o número de visualizações dos documentários, mas o tempo de exibição, taxa de conclusão e número de compartilhamentos, além de aumentos em doações e voluntariado, e evidências de mudanças de política.

A plataforma adota um modelo de financiamento onde anunciantes apoiam cineastas em questões relacionadas às causas que desejam associar às suas marcas. Isso contrasta com o modelo de anúncios tradicionais e permite que as empresas se envolvam com narrativas autênticas e intencionais. Poppy enfatiza que as marcas têm poder e confiabilidade para causar impacto, sendo mais confiáveis do que ONGs, políticos e até a mídia.

Não estamos interessados ​​em uma história da cadeia de suprimentos da marca ou no diretor de sustentabilidade falando sobre o quão boa é a marca. Estamos interessados ​​em saber se uma marca diz que se importa com o plástico descartável e em conectá-la com ONGs e cineastas para contar histórias reais. Se aproveitarmos esse poder de influência das marcas para o bem, podemos movê-las para uma narrativa realmente poderosa, longe desse ciclo interminável de impressões pagas”, explica.

O serviço gratuito está disponível em todos os dispositivos móveis e em vários hosts de televisão, incluindo SamsungTV, LG e Rakuten. O uso gratuito dos streamings geralmente vem com a desvantagem de que o usuário receberá anúncios, mas a plataforma decidiu, desde o início, que não confiaria nesse modelo, e espera ficar livre o maior tempo possível por não acreditar que as pessoas devam pagar para assistir a documentários, nem para salvar o planeta.

Streaming encoraja marcas a investir em documentários para impulsionar estratégias ESG

Filme sobre a fotografia na vida selvagem, criado pela Nikon, está hospedado na plataforma. (Foto: Reprodução/Waterbear)

Resultados comprovados

Empresas, cineastas e ONGs podem ter benefícios com essa abordagem. Marcas como Nikon, Fairphone, Patagonia e Rolex viram engajamento significativo com financiamento e distribuição de documentários na plataforma, o que também impactou a percepção e o envolvimento com essas marcas. A Waterbear está se destacando como uma alternativa inovadora no cenário de streaming, oferecendo não apenas entretenimento, mas também oportunidades tangíveis para ação e engajamento com questões climáticas e sociais.

“As vendas podem não aumentar imediatamente, mas acho que precisamos deixar de lado a ideia de que investir em comunicações ESG não vai ajudar os negócios porque não está gerando receitas óbvias”, destaca a diretora da Waterbear.

Julian Harvie, diretor de Marketing da Nikon para a Europa, trabalhou com Waterbear em vários filmes sobre a importância da fotografia na vida selvagem, e afirma que nenhuma parceria anterior “gerou o mesmo nível de engajamento e entusiasmo”. Em duas entrevistas para cargos de pós-graduação, ele acrescentou que jovens profissionais de marketing disseram que queriam trabalhar na Nikon precisamente por causa de sua parceria com a Waterbear.

“Portanto, teve um impacto em vários níveis. As empresas precisam caminhar com a próxima geração de funcionários, porque as pessoas querem trabalhar para marcas com alianças autênticas adequadas para causar impacto e propósito”, continua o diretor.

Para a Waterbear, os profissionais de marketing ainda vão focar nas métricas tradicionais, mas a plataforma “defende medições de impacto, como árvores no solo e petições assinadas”. Estes são dados que a Rolex, por exemplo, já inclui em seus relatórios anuais.

Na outra ponta da cadeia produtiva, ONGs e cineastas também veem bons resultados. A Waterbear não só garante que suas equipes sejam provenientes dos locais de filmagem, para manter baixas as emissões de carbono e melhorar a representação na indústria cinematográfica, mas também promove um maior envolvimento do público em geral com as causas.

Além disso, a plataforma é certificada como B-Corp, se comprometendo legalmente a recusar trabalhos com armas de fogo, jogos de azar, materiais perigosos, pornografia, prisões ou indústrias de tabaco. Também não entram no catálogo produções envolvendo empresas de petróleo e algumas outras grandes corporações que utilizam o conceito greenwashing (na tradução livre, lavagem verde”, que é uma falsa prática de sustentabilidade apenas para gerar vendas). No futuro, a diretora da Waterbear sugere que as parcerias vão além dos documentários.

“Estamos brincando com formatos como animação, docu-sci-fi e docu-ficção, porque sabemos que todo mundo se importa com alguma coisa. Só precisamos encontrar meios de chegar em cada pessoa”, finaliza.

* Com informações do The Drum

 

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