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A crise de saúde que estamos enfrentando mudou tudo ao nosso redor, causando um impacto social e econômico que terá consequências difíceis de prever.  Sem dúvida, esse é o momento de enfrentarmos essas mudanças e nos prepararmos para o trabalho que vem pela frente. Essa crise não apenas confirma que a forma como usamos a tecnologia mudará para sempre, mas, também, que a transformação digital da economia se dará a um ritmo acelerado, gerando uma sociedade hiperconectada.

 

Como essa aceleração se manifesta?

Analiso a transformação digital a partir dos 5 Ds, os cinco vetores de transformação: a descentralização da população, a distribuição do entretenimento, o deslocamento do trabalho, da educação e da saúde, a deslocalização da cadeia de suprimentos e a descarbonização da economia. A crise atual está fazendo com que cada um deles se desenvolva em frente aos nossos olhos, em tempo real.

 

Descentralização da população

Em razão da crise, os governos tiveram que assumir e acelerar a implementação de serviços digitais, como o e-government e os serviços públicos digitais. A necessidade de maior capacidade em seus portais faz com que diversos governos estejam trabalhando na aprovação da ampliação do espectro radioelétrico, o que, por sua vez, favorece a aceleração da implementação das redes 5G.

Vale lembrar que parte do conceito de cidade inteligente é manter os cidadãos em segurança. Podemos aproveitar algumas tecnologias inteligentes para ajudar com o distanciamento social. Temos as câmeras de vigilância urbana com as CCTVs e as de reconhecimento facial; medidas de geolocalização para rastrear veículos e telefones; entregas em domicílio utilizando robôs e drones, e o desenvolvimento de inúmeros serviços sem pilotos, ou autônomos.

 

Distribuição de entretenimento

A forma de entretenimento mudou para sempre; consumimos grandes quantidades de streaming de vídeo, participamos em jogos com múltiplos jogadores e assistimos a concertos virtuais. Todas essas plataformas submetem as redes de comunicações a uma grande quantidade de stress, como mostra o fato de tanto a Netflix quanto o YouTube terem rebaixado a definição dos seus streamings pois as redes estavam saturadas na Europa. Assistimos também a uma mudança fundamental no entretenimento com o foco cada vez maior de sistemas de realidade aumentada e virtual – através dos quais poderemos viajar, visitar museus ou participar de eventos a partir da nossa casa, com sistemas de RV/RA imersivos.

 

Deslocamento do trabalho, educação e saúde

Tivemos que configurar escritórios em nossas casas e negociar a velocidade de nossas redes wireless porque todos nós, assim como nossos filhos, precisamos de largura de banda para poder participar de reuniões virtuais e aulas virtuais. Esse deslocamento, forçado pelo confinamento, mudará para sempre a forma como nos relacionaremos a partir de agora.

A saúde é um aspecto fundamental em nossas vidas. Apesar da telemedicina já ser conhecida, neste momento ela está tendo um protagonismo. Consultas on-line, autosserviços de saúde e diagnósticos são o nosso presente.

 

Deslocalização da cadeia de suprimentos

Começamos a ver como as fábricas digitalmente avançadas (as chamadas Smart Factories, ou Fábricas Inteligentes) estão adotando a automação de processos para reduzir o número de pessoas que trabalham na fábrica. Da mesma forma, as empresas estão aproveitando os benefícios de contar com diversas alternativas de fornecedores de peças e serviços ao invés de depender de uma só fonte de suprimento. Isso impulsionou, por exemplo, a impressão em 3D para realizar uma diferenciação ou customização tardia do produto, ou fabricar praticamente qualquer coisa. Outra das consequências dessa crise foi a aceleração das diferentes plataformas de entrega em domicílio, com a disseminação de veículos autônomos ou drones.

 

Descarbonização da economia

Por fim, é patente a necessidade de descobrir como estas tecnologias ajudam a descarbonização da economia, desenvolvendo estratégias de sustentabilidade ambiental buscando reduzir a pegada de carbono. Essa tendência tem sido chamada de New Green Deal. As redes de telecomunicações e os grandes data centers consomem enormes quantidades de eletricidade, a ponto de terem uma pegada de carbono maior do que a indústria de transporte aéreo. Vamos ver como as operadoras de telecomunicações e os grandes players de Internet buscam cada vez mais o uso de energias renováveis, a eficiência energética e a otimização dos recursos naturais.

 

O futuro é o nosso presente

Essa aceleração da transformação digital representa um desafio fundamental para as infraestruturas de missão crítica como os data centers e o edge computing. O próximo ano será voltado para a velocidade, a escalabilidade e a complexidade, tanto no core (data centers maiores), quanto no edge (infraestrutura periférica).  Será imprescindível implantar novos sites em tempo recorde, implementar e utilizar ferramentas para o gerenciamento e o monitoramento remotos e on-line dos processos, bem como administrar e despachar os técnicos de forma remota. Tudo isso aumentará a complexidade da gestão da infraestrutura.

Nesse contexto, segundo o modelo 5R da empresa de consultoria McKinsey & Company, teremos que:

 

Resolver: Medidas de curto prazo. Lidar em tempo real com os desafios trazidos por esse vírus e encontrar formas de proteger os colaboradores, clientes e processos produtivos dos quais dependemos.

 

Reforçar: O fluxo de caixa do negócio. Reforçar as medidas que permitem a uma empresa sobreviver a tudo isto. Temos que fortalecer a saúde financeira, precisamos construir resiliência durante essas paradas forçadas.

 

Recuperar: Temos que criar um plano detalhado que nos permita rapidamente escalar e recuperar o negócio conforme as condições, o contexto e a conjuntura econômica melhorem.

 

Reinventar: Repensarmos como viveremos este ‘novo normal’. Não vamos voltar ao que tínhamos. Teremos que nos reinventar, visualizando quais serão as mudanças que estamos vivendo hoje e que se tornarão permanentes.

 

Reformar: O contexto legal, regulatório, mudará muito em nossa indústria. Teremos que nos preparar e nos adaptar a eles no médio e longo prazo.

Se a última década se caracterizou pelo uso de recursos compartilhados, pela migração para o cloud público ou privado e pelo que alguns chamam de a “uberização” da economia, a próxima década será testemunha de um movimento na direção oposta, para o edge da rede.

Para fazer frente à atual situação econômica, será imprescindível que a economia acelere sua transformação rumo a um mundo digital e hiperconectado.  Isso é uma realidade. Confie em parceiros fortes, que entendam esses desafios e tenham os recursos para ajudar sua empresa a dar os passos necessários para ser competitiva na nova economia.

 

Por Fernando Garcia é vice-presidente e gerente geral da Vertiv América Latina.

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