Skip to main content

Na cerimônia de premiação do Oscar, a obra da Netflix, A Voz Suprema do Blues, foi o grande destaque dos prêmios técnicos, ganhando a estatueta de melhor maquiagem, e de melhor figurino. Além disso, aos 89 anos, a figurinista que assina as peças do filme Ann Roth, se tornou a pessoa com mais idade a vencer um Oscar. Embora sua idade esteja avançada, Ann segue contemporânea, e versátil. Anteriormente, a figurinista já ganhou o Oscar por “O Paciente Inglês”, em 1997.

No longa “A Voz Suprema do Blues”, Ann recria a imagem da grande cantora vivida por Viola Davis, a lendária Ma Rainey. Conhecida por suas joias, maquiagem, e peruca, a artista utiliza vestidos retos em veludo, que se destacam por seus brilhos e bordados.

Foto: Divulgação/Netflix

O filme é ambientado em 1927, e o estilo cabaré de Ma Rainey a ajudou a difundir o Blues em um país ainda segregado. No longa, acompanhamos Ma suada e trancada em um estúdio de gravação em um longo dia de forte calor. Ela é uma mulher de meia idade, negra, assumidamente lésbica, chegando do estado da Georgia em uma cidade onde os conflitos raciais seguem latentes.

Com origem nas vozes dos escravos nos campos do Mississipi, o gênero musical único do Blues carrega raízes africanas misturadas ao folk, hinos europeus e canções de trabalho que falavam sobre a dura rotina no plantio e colheita, as chagas da opressão, da exploração e do racismo. Tendo em vista a importância do Blues para a cultura africana, Ann precisou realizar pesquisas minuciosas para elaborar o deslumbrante figurino da personagem estrelada por Viola Davis.

“Normalmente Ma Rainey e sua aparência foram muito estereotipadas na história do cinema e na vida. A mulher negra é sempre morena, gorda, engraçada, pode cantar e realmente não é sexualizada de nenhuma maneira que é perigoso. Mas esse não é o meu entendimento de mulheres assim.” Explicou Roth, ao site Fashionista.

Além do lindo figurino de Viola Davis, um dos maiores destaques do figurino do filme fica para os componentes da banda, em especial, o trompetista vivido pelo personagem de Chadwick Boseman. O personagem utiliza um terno bem cortado e colorido, misturando estampas com detalhes de listras ao clássico xadrez.

Foto: David Lee/Netflix

Brilho da moda africana

Desde “Pantera Negra”, em 2018, quando o longa da Marvel Studios ganhou o prêmio de melhor figurino, com Ruth E Carter, a moda africana tem ganhado cada vez mais destaque em Hollywood. O reconhecimento do estilo de roupa africano chegou para quebrar padrões na indústria do cinema.

Assim como o Blues é de suma importância para a cultura africana, as roupas únicas também são sinônimo de emancipação. Se anteriormente, Pantera Negra mostrou a importância de existir um super-herói negro na tela dos cinemas, dessa vez, A Voz Suprema do Blues e Ann Roth ressaltam a importância de artistas negros com vestuários marcantes e ricos em herança cultural terem destaque em Hollywood.

Portanto, obras como A Voz Suprema do Blues e Pantera Negra, são capazes de ressaltar a importância de figurinos africanos, que vão além de estampas de animais e itens de “curiosidades”. Pois, os figurinos resgatam a cultura africana, representando um povo que até então era esquecido pelas grandes premiações da indústria do cinema

Confira o trailer de A Voz Suprema do Blues:

Leave a Reply