Segundo a Organização Internacional de Migrações OIM, em 2023, desastres naturais obrigaram milhões de pessoas a deixarem suas casas e cidades em busca de abrigo. O número foi superior aos deslocamentos por guerras, repressão ou violência.
Falando no impacto causado pelas mudanças climáticas e usando o exemplo do cenário atual do Rio Grande do Sul, a tendência, infelizmente, é que esses deslocamentos continuem. Ainda conforme a agência internacional, um número sem precedentes de 75,9 milhões de pessoas viveram em deslocamento interno no final de 2023. Conforme a entidade, o levantamento é um “lembrete claro da necessidade urgente e coordenada de expandir a redução do risco de desastres, apoiar a construção da paz, garantir a proteção dos direitos humanos e, sempre que possível, evitar o deslocamento antes que ele aconteça”.
Prevenção
Quando olhamos para as consequências do que estamos vivendo, a falta de planejamento é um dos fatores que mais geram o efeito negativo nas áreas urbanas. Falta de infraestrutura adequada, congestionamentos, problemas ambientais, riscos à saúde e desigualdade social estão no topo da lista. Um bom plano com a presença de políticas públicas eficazes e participação da sociedade civil, com o setor privado de planejamento urbano, são vitais para um bom funcionamento das metrópoles sem grandes impactos na natureza.
A abordagem adequada seria de diálogo aberto e consulta mútua, compartilhando informações, desafios comuns e colaborando no desenvolvimento de soluções. Também é fundamental o envolvimento das comunidades locais, considerando suas necessidades em assuntos como habitação, transporte, saúde, meio ambiente e desenvolvimento sócio-econômico. As parcerias público-privadas são incentivos que podem trazer bons resultados, transferindo competência técnica e investimentos em infraestrutura para o parceiro privado ao invés de deixar tudo na mão de uma unidade.
Um ótimo exemplo de como criar soluções é a publicação recente ‘My Neighborhood’, do Programa das Nações Unidas para os Assentamentos Humanos, UN-Habitat, que oferece uma lista de princípios de projeto urbano para criar cidades mais sustentáveis e resilientes. Contendo ações aplicáveis à escala do bairro, apresenta uma abordagem integrada que responde a setores-chave, como transporte, iniciativas urbanas locais, moradia, espaços públicos, serviços públicos e outros.
A divulgação foi dividida em cinco temas, cada um destacando aspectos desejáveis da vida urbana: Cidade Compacta, Cidade Conectada, Cidade Inclusiva, Cidade Vibrante e Cidade Resiliente. Oferece princípios acionáveis para ajudar atores urbanos-chave a colaborar e projetar soluções em escala local.
O objetivo final da publicação é ajudar a criar bons bairros, entendidos como áreas que proporcionam um ambiente propício para uma melhor qualidade de vida para todos. A escala do bairro garante um impacto máximo dessas estratégias, sem perder de vista os sistemas da cidade que alimentam o bairro.
Restituição
Depois que os bairros já cresceram de forma desordenada e com alta densidade demográfica, fica bem mais difícil consertar. No entanto, sempre é possível estudar as condições e analisar o que precisa ser feito para elevar a qualidade de vida e segurança dos bairros. É fundamental o envolvimento das comunidades no planejamento de melhorias, principalmente nas regiões amplamente povoadas.
É preciso analisar o impacto de todas as ações e iniciativas considerando não apenas as necessidades imediatas das pessoas, mas também os impactos a longo prazo no meio ambiente e desenvolvimento sustentável das cidades. Para isso, alguns temas não podem ser deixados de lado, como o uso de energias renováveis e eficiência energética, mobilidade sustentável, gestão de resíduos/reciclagem, conservação de recursos hídricos e educação ambiental não apenas nas escolas, mas também com campanhas públicas/sociais. Podemos observar exemplos nas cidades de Singapura, localizada na Península Malaia, no Sudeste Asiático, Songdo (cidade inteligente, também chamada de Cidade Ubíqua), localizada na Coreia do Sul, e Brasília, no Distrito Federal, projetada nos anos 60.
Infelizmente, segundo o relatório global sobre Deslocamento Interno, os desastres continuam a deslocar milhões de pessoas todos os anos e ganham uma nova intensidade. Em 2023, desastres como o ciclone Freddy no sudeste da África, terremotos na Turquia e na Síria e o ciclone Mocha no Oceano Índico levaram a 26,4 milhões de deslocamentos, representando 56% do total de novos deslocamentos internos. O estudo ainda afirmou que, nos próximos anos, espera-se que o número de pessoas deslocadas por desastres aumente à medida que a frequência, a duração e a intensidade dos riscos naturais piorarem no contexto das mudanças climáticas.
Resumo
Falando no impacto causado pelas mudanças climáticas e usando o exemplo do cenário atual do Rio Grande do Sul, a tendência, infelizmente, é que os deslocamentos continuem. Ainda conforme a agência internacional, um número sem precedentes de 75,9 milhões de pessoas viveram em deslocamento interno no final de 2023.
* Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do veículo
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