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Um recado direto às empresas e aos gestores de equipes: conversem com as pessoas dos seus times, abram canais claros e eficientes de comunicação, e não deixem o silêncio ser mais uma incerteza em meio a tantas mudanças.

Dentre as mais diversas razões, todos nós podemos encontrar uma que nos ajude a enxergar de maneira positiva o retorno ao trabalho presencial (até mesmo aqueles que continuarão trabalhando remotamente). Auxiliar a retomada da produtividade e da economia, facilitar a inovação e a troca de conhecimento, otimizar recursos, ou apenas ter algum sinal de retorno à normalidade.

O ponto em comum em quaisquer dos cenários imaginados é que, à medida que a vacinação avança no Brasil e o índice de contágios diminui, as empresas começam a imaginar como será o retorno presencial aos escritórios e a interação entre seus funcionários após o isolamento social.

Até agora, foram 18 meses intensos, que afetaram a vida de todos, pessoal e profissionalmente. Além dos medos e incertezas de todas as naturezas – da saúde física e psicológica até o desemprego – a crise sanitária nos obrigou a mudar completamente nosso estilo de vida e hábitos. E agora, que tudo parece voltar ao normal, como estamos encarando esse retorno à vida pré-pandêmica? Estamos preparados para um novo choque de rotina?

A resposta para isso é: não sabemos. O que alguns médicos têm dito é que esse retorno pode ser igualmente traumático ao início do lockdown. É o que estão chamando de “choque de reingresso” e que vem de exemplos como quando um agente humanitário retorna de sua missão ou ainda quando um preso retorna à sociedade. A cultura na qual estava inserido é tão diferente da que está entrando que causa uma resposta traumática à situação.

Aprendemos a trabalhar de casa, comprar coisas online e a limitar nossa vida social. Nos adaptamos. Voltar a pegar trânsito, ter restrições de roupa e preencher toda a agenda com eventos sociais pode ser um choque cultural e gerar ansiedade novamente.

É por isso que esse período que estamos vivendo agora, que os especialistas chamam de interino, é importante. É o tempo que precisamos para refletir sobre tudo o que aconteceu, reconhecer a possibilidade do trauma no retorno à uma vida socialmente mais ativa e se preparar para essa nova fase. De escolher o que queremos ou não deixar entrar em nossas vidas e apoiar os demais nessa jornada de readequação. E, ao meu ver, a comunicação é essencial nesse processo, principalmente das empresas com os seus funcionários.

O verdadeiro diálogo 

Estar aberto ao diálogo, aos feedbacks e praticar a tal da empatia (que tanto temos falado desde o início da pandemia) com líderes, pares e equipe é fundamental neste momento. As organizações, de todos os setores e portes, precisam ser ágeis nesse cuidado com seus funcionários para conseguir apoiá-los com as eventuais dificuldades que possam ter. 

Dados do recente estudo 2021 Edelman Trust Barometer Spring Update: A World in Trauma revelou que os empregados subiram para o topo da lista dos grupos mais importantes para o sucesso a longo prazo de uma empresa. Pela primeira vez, foram considerados mais importantes do que os clientes, saltando da posição 37 para 40 entre janeiro de 2020 e maio de 2021, e liderando o ranking.

Um dos motivos para isso é que uma empresa não poderá ter clientes felizes se não tiver funcionários felizes e a chave para alcançar ambos é simples: manter o trabalho humanizado. É preciso de vulnerabilidade e espaço para reconhecer os erros e acertos. E essa também é uma das habilidades mais necessárias hoje em dia para a liderança.

Dá para fazer isso recapitulando todos os desafios enfrentados desde o ano passado e como eles impactaram (e transformaram) a vida de cada um. Ou como a equipe prevaleceu e entregou bons resultados – apesar de todas as distrações de casa. Essa reflexão pode ser feita em equipe e também decidida em equipe sobre quais mudanças foram saudáveis e gostariam de ser mantidas.

É possível ainda abrir novos canais de comunicação interna para tornar essa experiência de interação com os funcionários mais fluida e simples. Assim como muitos clientes adotaram o envio de mensagens para falar com as marcas, podem usar os mesmos tipos de canais para conversarem com os empregadores. As empresas com as melhores notas em experiência do funcionário (EX) têm 21% mais chances de terem adaptado suas centrais e canais internos de suporte.

Existe uma oportunidade real de transformar o trabalho em qualquer coisa que quisermos, e os empregados devem participar ativamente desse processo. O silêncio entre as partes não pode existir, bem como a imposição de ideias. Se bem conduzido pela empresa, esse processo de co-criação pode resultar em um ambiente ideal de trabalho e em uma cultura mais aberta.

Se as companhias podem proporcionar a segurança de que seus colaboradores precisam para adentrar a essa nova etapa do mundo pós-pandêmico, também podem estabelecer, junto com eles, as bases para a criação de uma cultura de trabalho mais equilibrada e humana. E transformar o que seria um trauma em algo que trará bem-estar e produtividade para todos.

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