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Artigo por Bruno Tavares

As medidas de contenção estão sendo muito necessárias nesse momento em que a luta maior é descobrir uma vacina que controle a pandemia. A segunda preocupação é com relação a economia. Mas embora vários setores tenham sofrido um grande impacto, há alguns que conseguiram ampliar seus números, obtendo maior destaque do que nos últimos anos. E enquanto segmentos que dependem diretamente da presença de pessoas como o turismo e restaurantes tenham perdido clientela, o entretenimento online vem aumentando a sua.  E a causa para ambos os casos é a mesma: o isolamento social.

Com mais pessoas em casa, houve uma explosão no número de acessos em plataformas digitais, com empresas atuando remotamente e pessoas passando a experimentar novos métodos de trabalho e diversão. Segundo dados da Comscore, sites de informações pularam para mais de 560 milhões de usuários contra os 440 milhões observados anteriormente. Esses números representam um aumento de 27% no número de acessos, e é perfeitamente entendível, já que todos estão em busca de notícias sobre a atualidade. Ainda na mesma pesquisa, observou-se que na categoria entretenimento, houve um aumento no engajamento na casa dos 23%.

Crescimento de 23% nas visualizações de páginas de Entretenimento. Gráfico: Comscore

A questão é que, além do caráter informativo e laboral, o uso das tecnologias digitais também se tornou uma maneira de enfrentamento durante este período, onde muitos estão priorizando a saúde, tanto física quanto mental. Grande parte dessas pessoas está em busca de meios que compensem a diversão que antes era garantida presencialmente em atividades pessoais como shows, bares e torneios presenciais.

Muitos estão aproveitando o período em que não podem sair para assistir as lives de seus artistas favoritos ou jogar online. Em se tratando das lives, Isabela Ventura, CEO da Squid, fez uma observação sobre o assunto, destacando uma mudança no comportamento dos criadores de conteúdo, com realidades mais próximas do real e que acabam atraindo mais a audiência. As transmissões, a propósito, já são dominadas por brasileiros, que trazem 7 das 10 maiores audiências do mundo. Não podemos também esquecer dos youtubers e instagramers, que ganham cada vez mais seguidores que buscam os mais diversos nichos.

O acesso aos jogos eletrônicos seguem o mesmo viés de aumento de audiência. Este público já era bem cativo, mas os acessos restringiam-se muito a determinados horários, com jogos sendo mais acessados no horário da noite. Com o isolamento, houve um aumento de acessos também no período vespertino. E com isso, o Twitch, streaming de jogos criado em 2011, experimentou um aumento no volume de transmissões em 31% em apenas duas semanas, somente nos Estados Unidos.

Este momento se tornou importante para os gameplays se fortalecerem e ganharem mais inscritos. No Brasil o mesmo movimento foi registrado durante este período, com Alexandre “Gaules” Borba, streamer de CS:GO batendo seu próprio recorde, por exemplo. Nesta última semana ele conseguiu uma audiência de mais de 266 mil espectadores simultâneos em seu canal.

Gaules bate novo recorde: 266,7 mil espectadores online. Imagem: Reprodução

Ainda no segmento de torneios, há vários campeonatos sendo organizados: O 2° Split do Campeonato Brasileiro de League of Legends (CBLoL 2020), começou em 6 de junho de maneira online e esteve entre os trending topics do Twitter, o Redragon Challenge será realizado entre 9 e 14 de junho, reunindo 16 equipes. A Formula 1 também anunciou recentemente que irá lançar um campeonato virtual que contará com a presença de pilotos profissionais.

Outro entretenimento que também vem atraindo cada vez mais público são os torneios online de poker, que vem ampliando até mesmo os benefícios para jogadores profissionais e recreativos. O Powerfest por exemplo, principal série de torneios online da partypoker, um dos melhores sites de poker do Brasil, aumentou suas premiações que eram de U$ 20 milhões para U$ 60 milhões. Este é de fato um fator muito positivo.

Cada vez mais pessoas assinam serviços de streaming. Imagem: unsplash

O segmento de streaming de filmes e séries segue a mesma tendência de aumento de acessos. Nos últimos anos já vinha sendo observado que esta categoria já vinha suplantando os cinemas. E com o fechamento temporário destes, plataformas online como Netflix, Amazon Prime e Youtube só se firmaram mais ainda nos negócios. E mesmo obtendo pouca margem de lucro, a Netflix obteve quase 16 milhões de clientes novos entre os meses de janeiro e abril, quando especialistas esperavam um aumento de cerca de 8 milhões no mesmo período. Com promoções que incluíam acesso grátis durante 30 dias e acesso a jogos e fretes, a Amazon Prime também se firmou no segmento. A empresa segue em segundo lugar em serviço de streaming, com cerca de 7 milhões de assinantes.

Outro exemplo de caso é a Disney. A The Walt Disney Company, uma das empresas mais sólidas dos Estados Unidos, foi uma das que teve suas portas fechadas devido às medidas de contenção e para que seus funcionários e clientes ficassem mais seguros em suas casas. Mas mesmo com seus famosos parques fechados em todo o mundo, a Disney obteve grandes margens de lucro em seu serviço de assinatura online, com um ganho significativo de 55 milhões de assinantes da Disney+. Isto é bem significativo, já que a plataforma foi ao ar em novembro de 2019 e já alcançou números que a Netflix demorou vários anos para alcançar.

Disney+, aumento no volume de assinantes. Imagem: Reprodução Statista

Esse crescimento de acesso a conteúdo online como redes sociais, games e serviços de streaming de filmes já era algo esperado para o período. O que observou-se foi que houve uma maior consolidação no setor em tempo recorde, por causa da situação atual. O que ainda não sabemos é como o público irá reagir nos próximos meses, se irá manter os novos hábitos adquiridos ou retornar aos já tradicionais métodos de entretenimento.

Entretanto, o que podemos observar é que há houve uma mudança significativa do público. Mais pessoas estão buscando atividades que possam fazer em suas casas. Resta saber como o mercado irá responder a isso nos próximos anos. De fato, ele irá de qualquer maneira se adaptar.

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