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Na cidade de Brasília (DF), murais de grafite ganharam destaque para conscientizar a sociedade sobre a naturalização das agressões contra a mulher. A iniciativa é parte do projeto Não deixe ela virar paisagempromovido pelo Instituto Gloria, uma plataforma dedicada à transformação social e combate à violência contra mulheres e meninas. Apoiada pelo Metrô DF e outras parcerias de comunicação, a ação busca chamar a atenção para o Dia Internacional de Combate à Violência Contra a Mulher, celebrado neste sábado (25).

Os murais, assinados pelas artistas Key Amorim e Ganjart, estão localizados nas estações de Metrô Praça do Relógio e Águas Claras, respectivamente. Embora as artes tenham similaridades, apresentando mulheres confiantes e sorridentes, uma negra por Key Amorim e outra branca por Ganjart, a diferença destaca a mensagem central da campanha: a violência doméstica não escolhe etnia ou classe social.

Durante cinco dias, as ilustrações passaram por transformações, representando as diferentes formas de violência: física, psicológica, patrimonial e moral. As alterações, que transmutaram as expressões confiantes para semblantes tristes e inseguros, foram realizadas durante a noite, simbolizando o silêncio muitas vezes presente em casos de violência contra a mulher.

“Violência contra a mulher sempre esteve relacionada com processos culturais, ou seja, tão normalizadas que impactam na não percepção social. Tudo vira paisagem. E o reflexo desta aceitação é o aumento contínuo da violência contra nós, mulheres”, conta Cristina Castro, fundadora e CEO do Instituto Gloria.

Além dos murais no Metrô, a iniciativa incluiu mobiliários urbanos espalhados por Brasília, replicando digitalmente a obra de Key Amorim. Esses elementos foram trocados durante a madrugada, refletindo as mesmas modificações realizadas nos murais. A representação de Ganjart foi projetada em painéis da cidade, seguindo a mesma lógica.

Os grafites e artes digitais foram finalizados nesta sexta-feira (24), revelando uma mensagem impactante: Vários tipos de violência aconteceram nesse muro, mas muita gente não percebeu. Não deixe a violência contra a mulher virar paisagem. Denuncie. Ligue 180. Os murais ainda incluem um QR Code, direcionando as pessoas para uma visualização completa das transformações de cada obra por meio de realidade aumentada.

“A iniciativa busca cumprir um dos papéis da comunicação, de ser o instrumento de conscientização e colocar o assunto em pauta. Escolhemos o grafite, sempre tão vivo, para que o Instituto Gloria possa sensibilizar a população sobre um drama social, que é a naturalização da violência contra a mulher, a partir de uma perspectiva artística. A sutileza intencional das agressões observadas nos grafites são as mesmas que muitas vezes não enxergamos em mulheres que estão sofrendo violência. Não é só uma intervenção em meio à cidade. É um grito de basta”, diz Cacá Malta, diretora de Atendimento da Artplan.

O projeto Não deixe ela virar paisagem surge em um momento crítico, destacando que o gênero feminino lidera as estatísticas de violência no Brasil. Em 2022, foram registrados 1.437 casos de violência contra a mulher, um aumento de 6,1% em comparação com 2021, conforme o Anuário do Fórum Brasileiro da Segurança Pública 2023. O feminicídio também teve aumento, com sete em cada 10 mulheres assassinadas dentro de casa por parceiros íntimos, ex-parceiros íntimos ou familiares.

Se você achou os números impactantes, espere até assistir o filme completo da ação, abaixo. Vale muito a pena parar o que estiver fazendo, apreciar a ideia genial da campanha e pensar sobre o tema.

 

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