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As plataformas de vídeo, como TikTok, Twitch e YouTube, são repletas de conteúdos diversos, o que não é novidade para quem navega nessas redes todos os dias. Porém, recentemente, um tipo específico de conteúdo tem chamado atenção pela sua… Peculiaridade. Estamos falando do sleep streaming, transmissões que os criadores de conteúdo fazem enquanto dormem.

O que pode parecer simples é, na verdade, uma mina de ouro para os streamers. De acordo com a BBC, o creator Kai Cenat, que possui quase 4 milhões de inscritos em seu canal no YouTube, teria ganhado dezenas de milhares de dólares, segundo estimativas, em uma transmissão ininterrupta de um mês, em março.

Para quem pensa que o fenômeno é recente, programas como o Big Brother Brasil mostram que esse tipo de conteúdo está presente na sociedade há mais tempo. No ponto de vista dos espectadores, as transmissões ao vivo de pessoas dormindo, além de uma fonte de entretenimento, oferece um senso de comunidade, sendo uma maneira de evitar a solidão.

Estudos feitos em 2009 pelas Universidades de Buffalo e Miami mostraram como as pessoas tendem a suprir a solidão com a televisão, mesmo que ela esteja em segundo plano. Em um movimento um pouco mais recente, a popularidade de vídeos de Resposta Sensorial Autônoma do Meridiano, ou simplesmente ASMR, e os aplicativos de estudo online em conjunto proporcionam um efeito semelhante, já que tendem a transmitir uma sensação de coletividade.

Tente não dormir!

Seguindo a tendência de outros conteúdos, as streams do sono também começaram a se ramificar. Uma variação disso é quando os criadores digitais são pagos para ficarem acordados, ao invés de dormir. Isso se dá por meio de doações que ativam alarmes, luzes e barulhos altos para atrapalhar o sono do streamer. A tendência começou no TikTok, com Jakey Boehm e StanleyMov, que dizem ganhar, nas lives, dinheiro suficiente para pagar seu aluguel.

@mr_deeds2.0

When @Jakey Boehm trys to sleep in comes flamingo with a rep to keep A little gift here a little gift there now he cant sleep and certainly cant hear! //// COMMENT PT2 for the next clip ???????????????? Oh love ya bro!! #jakeyboehm #torture #fyp #sleeplive #mrflamingo #flamingofamily

♬ original sound – Mr Deeds

Os espectadores estão dispostos a pagar bastante por esses privilégios. Por exemplo, por US$ 95, os espectadores podem dar um choque elétrico em StanleyMov através de uma pulseira que ele usa.

Normalmente, quando faço transmissões de sono, é para criar vídeos para o YouTube e fazer conteúdo com isso depois. Ser eletrocutado é, basicamente, apenas conteúdo para o canal do YouTube. Eu não sei se são nossos instintos primitivos, mas algumas pessoas realmente gostam de ver outras sentindo dor ou se machucando, se é que isso faz sentido”, comenta o streamer.

Mas, apesar de lucrar com essas transmissões, com taxas como US$ 12 para acender suas luzes ou US$ 24 para cegá-lo com uma luz brilhante, Stanley decidiu dar uma pausa.

Estou dando um tempo das transmissões de sono por causa da saúde mental e do esgotamento. Faço tudo sozinho. Nos últimos três anos, gravei e editei quase três vídeos por semana… Há muito peso nos meus ombros quando se trata do meu conteúdo. Minha marca é minha piada, meu humor, e isso também envolve a edição. Basicamente, estou editando mentalmente o vídeo enquanto estou transmitindo”, explica.

Qualidade de sono e vida

O sucesso é eminente, mas será que as lives de sono são uma boa ideia? A Dra. Lindsay Browning, especialista em sono e autora do livro Navigating Sleeplessness: How to Sleep Deeper and Better for Longer(Navegando pela Insônia: Como Dormir Melhor e Mais Profundamente por Mais Tempo) compartilhou suas perspectivas.

A ciência mostra que um sono adequado traz inúmeros benefícios, mas a vida real nem sempre é assim. Há diversas razões pelas quais não conseguimos dormir bem, como pais cuidando de filhos doentes”, lembra.

A médica trabalha com pessoas que sofrem de insônia, destacando a importância de diminuir o medo ligado a noites mal dormidas. Por isso, comparou a transmissão de sono a beber em uma sexta-feira.

Não é ideal. Mas, por outro lado, diverte e não é o fim do mundo”, esclarece a especialista.

Ela sugeriu que, se feito ocasionalmente para ganhar dinheiro, não haveria problema. Além dos choques elétricos, é a sensação de comunidade que atrai as pessoas nesse tipo de conteúdo. Elas assistem por conforto, e para se sentirem menos sozinhas.

 

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