Skip to main content

Estamos na semana mais importante para o varejo, todas as empresas já estão se movimentando para a tão esperada Black Friday. Mas este ano em especial, a data é ainda mais aguardada. O isolamento social provocado pela pandemia impulsionou uma forte digitalização da vida e, consequentemente, mudou a maneira como as pessoas consomem.

Muitos especialistas acreditam que essa Black Friday vai ser a mais promissora da história para o comercio eletrônico. Para ajudar as empresas na identificação das melhores oportunidades, a adtech Zygon, considerada uma das mais inovadoras por programas internacionais de aceleração, quantificou as pessoas que estarão online e com a intenção de fechar uma compra nos próximos 14 dias.

Segundo o estudo mais de 9,5 milhões de consumidores têm a intenção de comprar smartphones, dos quais 93% utilizam o sistema operacional Android. Já impressionantes cerca 8,3 milhões de pessoas pretendem fazer compras de materiais de construção ou reformas. Para entender melhor esses dados conversamos com o CEO da Zygon, Lucas Reis. Confira a entrevista na íntegra:

 

ADNEWS – O que esperar da Black Friday em um ano tão atípico como 2020?

Lucas Reis: Com certeza essa será a maior Black Friday da história. A data já se firmou no calendário de varejo brasileiro, tanto na cabeça dos lojistas como dos consumidores. Espera-se um crescimento de 77% sobre 2019. Parte desse crescimento será alimentado pelos mais de 7 milhões de brasileiros que fizeram a sua primeira compra online neste ano, maior crescimento da década. Por conta do isolamento social, deverão ser menos comuns as já tradicionais filas de pessoas aguardando a abertura das lojas no dia da Black Friday, mas os sites e apps de compras deverão ter um pico de visitas neste dia.

 

AD – Levando em consideração que estamos falando em uma Black Friday totalmente online, como as empresas podem se destacar em meio ao “shopping” gigante que é a internet? Como enfrentar a concorrência?

Reis: Primeiro, a definição das ofertas deve ser efetiva. Não há espaço para as chamadas promoções “tudo pela metade do dobro”. Online, é muito fácil para o consumidor comparar e verificar histórico de preços, além de denunciar nas redes sociais as ofertas fake. Com um bom mix de ofertas, o anunciante precisa aliar impacto de comunicação com frequência segmentada. Para gerar impacto, vale usar formatos como vídeo ads, influenciadores e homes de portais. Já a frequência deve ser focada nos usuários com alta propensão de compra, através de banners dinâmicos (que exibem ofertas de forma personalizadas) veiculados programaticamente e disparos de e-mail. Para localizar esses usuários, os anunciantes precisam ter uma boa gestão dos seus dados de audiência, o que é básico para uma atuação efetiva online.

 

AD – Ainda sobre concorrência, você acredita que as grandes marcas, já consolidadas há muito tempo no ambiente digital, levam vantagem nesta Black Friday? Há espaço para os menores?

Reis: As gigantes têm a vantagem da escala, da força da marca, da logística eficiente e de uma robusta estrutura de tecnologia e dados, mas há muito espaço para os pequenos. Redes pequenas podem se ancorar na força e na tradição das suas marcas localmente, se assumindo como um player do tipo bricks and clicks (loja física + loja online). As pessoas já têm o hábito de comprar certos itens nessas lojas e, por exemplo, estão dispostas a comprar online e ir pegar na loja, para não pagar frete e ter seu produto mais rápido. Para lojas menores, xs empreendedorxs podem aproveitar da sua capacidade de atendimento humano e personalizado, da negociação caso a caso por whatsapp, de poder agregar um detalhe especial no processo de entrega (como uma carta feita a mão). Enfim, R$ 10 bilhões serão comprados online no fim de semana da Black Friday no Brasil. Os grandes terão a maior fatia, mas há espaço para todo mundo num bolo deste tamanho.

 

AD – O que o estudo revela de mais importante para o varejista? Em que as empresas devem se atentar nesta Black Friday?

Reis: Nas janelas de oportunidades ao longo do dia. Vimos que, em geral, há menos concorrência de anunciantes à noite e nos formatos de anúncios para celulares, apesar de 80% dos consumidores pesquisarem sobre produtos ou comprarem usando smartphones. Os anunciantes podem ampliar a veiculação nesses horários e usar de forma inteligente os formatos mobile.

 

AD – Com esses dados podemos dizer que o comportamento do consumidor mudou em 2020?

Reis: O processo de digitalização do consumo se intensificou nesse ano. O consumidor se sente seguro não só de fechar a compra em si online, como aprendeu os recursos para tomar a decisão de forma mais bem embasada. Por exemplo, vimos como cresceu o número de pessoas que usam a internet para decidir sobre a compra de materiais de construção, ou como a classe C e D está procurando por opções de viagens de curta distância. Muitos usuários foram obrigados pelas circunstâncias a usar a internet para fazer compras. A maioria deles gostou da experiência e deverá mantê-la como um hábito.

 

AD – Como uma empresa deve fazer para atingir o público certo nas redes sociais?

Reis: Boa parte de qualquer relacionamento saudável é baseado em saber ouvir. Na internet é a mesma coisa. Monitorar o comportamento do consumidor, desde as publicações feitas por eles, até os rastros digitais deixados pelo uso dos serviços digitais, é fundamental para falar de forma assertiva com o público certo. A partir desses dados, podemos criar clusters (grupos de usuários com as mesmas expectativas), perfilizar esses clusters em personas, e, a partir daí, fazer pequenas personalizações. Hoje, “os dados são o novo petróleo”, e cabe às marcas saber refiná-los e transformar em comunicação relevante para os públicos-alvo.

 

AD – Fugindo um pouco da Black Friday, a Zygon recentemente lançou a Black Adnetwork. Para você, qual é a importância da representatividade no marketing de influência? Explica um pouco do que é a Black Adnetwork.
Reis: Black Adnetwork é a primeira rede programática formada por veículos liderados por pessoas negras. Essa rede veicula anúncios de forma programática. Assim, incluímos dezenas de pequenos coletivos no fluxo de mídia programática que concentra mais de 60% da verba publicitária digital no Brasil, segundo o IAB. Nosso objetivo é, por um lado, criar um fluxo novo de receita para esses publishers, para que eles possam produzir mais contéudo de qualidade. Por outro, oferecer às marcas um canal direto de relacionamento com o público negro, seguindo as melhores práticas da publicidade digital hoje.

 

AD – Você acredita que o modelo de Black Friday muito mais online do que em lojas físicas chegou para ficar?
Reis: Acho que essa Black Friday vai borrar a distinção entre on e offline. A tendência do omnichannel já é citada há anos, e em 2020 foi colocada na pauta do dia. Os consumidores vão cada vez mais pesquisar sobre os produtos online, mas aproveitar uma oportunidade para ver o produto numa loja, e voltar para fechar online. Ou, ainda, comprar online e ir pegar o produto na loja. No mundo, vemos a Amazon criando lojas físicas. No Brasil, Magalu e Via Varejo reforçam a ligação entre as lojas online e físicas. Não existe um consumidor online e outro offline. Existe uma pessoa que busca suprir suas necessidades com a melhor oferta, esteja ela na tela de um celular ou na loja da esquina. Os lojistas precisarão, cada vez mais, ter uma visão unificada do cliente, para atender essas pessoas em qualquer lugar.

Leave a Reply