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Rejane Romano

Rejane Romano é jornalista, pós-graduada em Mídia, Informação e Cultura pela Universidade de São Paulo (USP) e atualmente é diretora de comunicação na agência DPZ.

Três letrinhas e uma imensidão de significados. O ESG não é coisa nova, mas não são raras as empresas que ainda não sabem como implementá-lo e fazer com que esse conceito seja parte do DNA da instituição e do dia a dia das práticas de governança.

“Por onde começar?” e “Como comunicar?” são dúvidas constantes e há até quem mais comunique do que realize, fato esse que não perdura, pois a cada dia o consumidor está mais consciente e as práticas das empresas são acompanhadas de perto, de forma a confrontar a veracidade das ações e tomadas de decisão.

“Em ESG não há como escolher uma das agendas para empreender ações” diz minha parceira aqui na DPZ, a Head de ESG, Fernanda Miné. A necessária jornada do ESG é completa, não um menu onde escolhemos proteger a natureza, ao passo que deixamos as pessoas de lado, por exemplo. Mas sim, podemos iniciar cada processo em diferentes momentos. Analisar o nosso negócio e priorizar frentes de atuação.

Então, retomando conversas que já tivemos aqui nos últimos dois textos que compartilhei com vocês, a diversidade e a inclusão são ativos muito significativos para o “S” de social. Formam meio que uma única palavra, visto que não há diversidade sem inclusão e vice-versa.

A inclusão tem elementos próprios como: acolhimento, ambiente seguro, olhar sensível sobre oportunidades… Questões que demandam coragem. É isso mesmo, coragem, pois uma das reflexões que procuro provocar é confrontar as lideranças com o seguinte questionamento: “de qual privilégio você estará disposto a abrir mão?”.

As questões de diversidade são pautadas nos privilégios, enquanto há excluídos que vêm seus direitos e acessos cerceados, há quem desfrute dos benefícios de gozar – largamente – de tudo que a sociedade tem a lhe oferecer em detrimento de outres. São os que ocupam cargos de poder e prestígio e a maioria dentre os mais abastados economicamente.

Não podemos atribuir ao acaso que as ditas minorias têm má sorte ou sei lá como queiram chamar, por só serem destaques nos piores índices: de mortalidade, violência, prisões… da evasão escolar, do inacesso às universidades, menores cargos na hierarquia das empresas e por aí vai…

Incluir significa ser firme frente às duras verdades que encontrará pelo caminho. Estar disposto a lidar com as dores e gatilhos do outro. A entender que se você contrata uma pessoa trans será parte da triste realidade de que o Brasil é o país que mais mata pessoas assim no mundo e que, por causa de toda essa pressão, existirão momentos de maior fragilidade em que este colaborador precisará que seus medos e anseios sejam acolhidos, respeitados e entendidos da forma mais sensível possível. Precisamos falar sobre sensibilidade, um ponto que deve ser abordado dentro das empresas, baseado e trabalhado a partir de situações que cercam o mundo, que apesar de serem normalizadas machucam. Lidar com diversidade exige atualização e estudo. Somente a partir disso, a sensibilidade é trazida de forma humana e assertiva, para que seja real a inclusão dessa diversidade toda.

Abrir as portas dos processos seletivos e da contratação é quase nada diante ao cotidiano. De como uma vez incluindo pessoas de diferentes realidades, culturas e vivências é preciso pensar e repensar para que tenham lugar de fala, para que essa pessoa tenha oportunidades, que possa ter acesso à mobilidade de carreira e esteja preparada para um mundo corporativo que historicamente fez questão de deixá-la à margem.

Há muito para ser feito, por isso o “ESG” nosso de cada dia não é uma fórmula, mas sim um mantra, um compromisso ousado, mas indispensável. E darei continuidade a esse assunto em nosso próximo “encontro”.

Rejane Romano, engajada, ativista e jornalista, pós-graduada em Mídia, Informação e Cultura pela Universidade de São Paulo (USP), já coordenou a comunicação do Grupo Ethos e atualmente é diretora de comunicação na agência DPZ.

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