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Um ano após a primeira pesquisa realizada pela LatAm Intersect PR com quase 300 jornalistas latino-americanos para investigar o impacto da pandemia nas redações, a agência volta a indagar o tema através de uma pesquisa atualizada.

O objetivo é mostrar como a comunidade jornalística continua a exibir notável resiliência e adaptabilidade em quase todos os aspectos da suas vidas profissionais, ao mesmo tempo em que destacam alguns aspectos importantes para o futuro pós-pandêmico.

Em 2020, o núcleo de pesquisa da agência de comunicações e relações públicas LatAm Intersect PR conduziu uma pesquisa entre 10 e 15 de julho por meio de um questionário por e-mail, alcançando 293 jornalistas ativos do Brasil, México, Colômbia, Peru, Chile, Argentina e Costa Rica, cujo alcance coletivo atinge mais de 170 milhões de pessoas.    

Para comparar e rastrear as mudanças vistas em 2020, a agência realizou uma nova pesquisa, entre 4 de outubro e 22 de novembro de 2021, que alcançou insights de 303 jornalistas ativos da mesma ampla gama de países e alcance coletivamente relevantes.

A continuidade da pesquisa forneceu um quadro impressionante de como as tendências emergentes em 2020 evoluíram ao longo do ano e como jornalistas e profissionais da mídia na América Latina estão vivenciando o momento presente; e, também, o que esperar do futuro.    

A primeira notícia positiva é que a perturbação que a pandemia causou na vida profissional dos jornalistas parece estar diminuindo, e a proporção de jornalistas latino-americanos que responderam que poderiam continuar operando ‘sem interrupção’ aumentou em 10% (de 52% dos entrevistados em junho de 2020 para 62,9%. ).

Porém, olhando de perto, podemos perceber que essa atitude não é compartilhada por todos. Enquanto na Argentina 78,2% dos jornalistas atuam “100% ininterruptamente”, no México, o número é de apenas 47,4%. Entretanto, de qualquer maneira, esses números ainda representam uma melhora em relação ao ano passado, quando apenas 65,3% dos jornalistas argentinos e 39,3% dos mexicanos fizeram essa afirmação.

Como comenta Maria José Braga, Presidente da FENAJ (Federação Nacional dos Jornalistas), no Brasil: “apesar de todas as dificuldades, os jornalistas brasileiros continuaram cumprindo o importante papel de levar informações de interesse público para suas audiências. Isso já é essencial em tempos normais, e torna-se ainda mais relevante em tempos de crise como o que vivemos”.

Além disso, muitos jornalistas parecem ter cada vez mais confiança no novo modus operandi da redação. Enquanto há um ano apenas 37% pensavam que a mídia havia adaptado com sucesso os modelos de negócios à nova realidade, a pesquisa mais recente mostra que um ano após a pandemia, 41% dos entrevistados acreditam que esses modelos seguem sustentáveis, e outros 18,4% acreditam que mudaram para o melhor.’    

Ainda é grande o número de jornalistas que acredita que o modelo de jornalismo pós-pandemia não é sustentável e só sobrevive por falta de alternativas melhores (37,5%). No entanto, essa atitude é muito menos comum do que em junho de 2020, quando metade (50%) dos pesquisados a consideravam insustentável no longo prazo..               

Mas, aparentemente, a evolução da pandemia trouxe um novo sentimento coletivo. Olhando para o futuro, os jornalistas da América Latina estão um pouco menos otimistas do que no ano passado, com 65,9% dos profissionais de mídia da região dizendo que estão ‘otimistas’ ou ‘muito otimistas’ sobre sua futura profissão, em comparação com 72% em junho de 2020.

Os jornalistas brasileiros são, de longe, os mais otimistas sobre o futuro de sua profissão, com quase um quarto (22,5%) se dizendo “muito otimistas”, em comparação com apenas 5,9% dos jornalistas chilenos, os menos otimistas.    

Braga explica essa cautela, “devido à pandemia, tem havido uma reavaliação do jornalismo, com cada vez mais pessoas em busca de informações confiáveis, mas precisamos discutir coletivamente a sustentabilidade do jornalismo, como ter recursos financeiros para a produção de mídia e, como não há jornalismo sem jornalistas, devemos buscar melhores salários para os profissionais do setor”.

Talvez essa queda no otimismo tenha sido causada por um pequeno, mas preocupante aumento nas demissões entre as organizações de mídia latino-americanas. Enquanto em junho de 2020, quase um quinto (19%) das organizações de notícias havia demitido entre 10% e 30% de seus funcionários, esse número subiu para 22% na última pesquisa. Quase um terço (28,1%) das publicações dispensou 30% ou mais de sua equipe desde o início da pandemia.    

Uma tendência notável da pesquisa do ano passado foi que 71% dos jornalistas latino-americanos aumentaram sua presença nas redes sociais, com quase metade (48%) aproveitando suas redes pessoais para postar e promover seu trabalho.

No geral, o uso da mídia social continuou seu ímpeto ascendente, com 75% dos entrevistados relatando que, desde o início da pandemia, eles usam a mídia social “com mais frequência” ou “com muito mais frequência” e quase um terço (32,6%) concorda que é a sua ‘principal fonte de contato’ com porta-vozes e empresas.

Em conclusão, o ano passado tornou o trabalho dos jornalistas latino-americanos mais exigente e precário. Embora a maioria dos jornalistas pareça ter enfrentado as novas demandas, ainda existem alguns que consideram essas mudanças insustentáveis e outros que permanecem inseguros sobre o que o futuro reserva.

As redes sociais continuam a desempenhar um papel cada vez mais dominante na forma como as notícias são obtidas e divulgadas, enquanto as vacinas começam a afetar a forma como os jornalistas veem o futuro. Muitos jornalistas parecem favorecer um retorno ao trabalho presencial, ao mesmo tempo que tentam manter o novo modelo “híbrido” que surgiu.

                                                                                       

      

                                            

                       

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