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É inegável que as mulheres vêm conquistando espaços profissionais que, por muito tempo, foram negados a elas. Carreiras tradicionalmente “masculinas” (emprego tem gênero?) estão, aos poucos, sendo transformadas pela chegada de cada vez mais profissionais mulheres. Essa quebra de paradigma está revolucionando o mercado como um todo, mas alguns setores sentem a mudança de forma mais intensa – entre eles está o de Comunicação.

Uma pesquisa desenvolvida pela Revelo, plataforma de soluções tecnológicas para Recursos Humanos, aponta que, em 2020, mais de 50% dos profissionais atuantes no marketing digital já eram mulheres. Para comparação, em outra área tradicionalmente dominada pelos homens, as finanças, a equiparidade já está próxima: 48% das vagas eram ocupadas pelas mulheres. Contudo, essa mesma pesquisa aponta para uma disparidade nos cargos de gestão: no caso do marketing digital, menos da metade das mulheres exerce alguma função de liderança.

Mas, afinal, por que é tão importante ter mulheres liderando equipes e empresas? A resposta para essa pergunta tem, como é de se imaginar, muitas camadas.

Primeiramente, é importante ressaltar que, por muito tempo, nossa força de trabalho foi apagada da história. Resguardadas ao trabalho doméstico, esposas, mães e filhas só tiveram mais liberdade para trabalhar fora de casa no século XX. Contudo, atividades como cozinhar, lavar, passar e cuidar da família continuaram sendo uma “obrigação” feminina, fazendo com que grande parte das mulheres tivessem uma jornada dupla, sobrecarregando-as com as tarefas externas e internas ao lar. Por isso, conferir às mulheres cargos de liderança nas empresas é uma forma de reconhecer seu esforço, dedicação e competência para ocupar essas posições – fatores que são, infelizmente, ignorados por muitas empresas e empregadores ainda hoje.

Além disso, promover mulheres para vagas de gestão contribui para aumentar o poder econômico e a independência financeira dessas profissionais. Muitas vezes com uma pretensão salarial menor do que a de candidatos homens, mulheres sofrem também com a desigualdade de salários: dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que as mulheres recebem cerca de 23% a menos do que seus colegas homens em cargos similares. Além da questão financeira, essa disparidade faz com que nos batam sentimentos de frustração, incapacidade e até mesmo dificuldades psicológicas, como ansiedade, burnout e síndrome de impostora. Valorizar uma mulher é uma maneira de iniciar transformações profundas em toda uma classe de trabalhadoras, abrindo precedentes e possibilitando exemplos de sucesso.

Vantagens corporativas

A presença de mulheres em cargos de liderança traz vantagens também para as empresas. Hoje, sabe-se o quanto a diversidade está intimamente ligada à capacidade de inovação. Reunir pessoas que pensam diferente, sentem diferente e vêm de realidades diferentes faz com que a equipe, como um todo, passe a ter uma multiplicidade de olhares para um mesmo problema, ampliando as chances de criar soluções inovadoras. 

Vale ressaltar que a presença de mulheres nas lideranças e no alto escalão de empresas abre portas para que outros grupos minoritários sejam abraçados pela organização: quando um grupo se fortalece, certos comportamentos e condutas passam a ser questionados e radicalmente transformados, fazendo com que o ambiente empresarial seja mais aberto e acolhedor.

Estes são apenas alguns exemplos do porquê é tão importante ter mulheres em vagas de gestão. Quando uma mulher alcança o sucesso, ela está mostrando para tantas outras que, sim, é possível sonhar mais alto, é possível crescer. Afinal, lugar de mulher é onde ela quiser estar

* Daniela Gebara é sócia-fundadora e diretora comercial da agência full digital ROCKY.Monks

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