ADNEWS – Como responsáveis pelo design de animação de um clipe gravado completamente em casa, como foi levantar ideias para ilustrar o clipe numa ocasião como essa? Como é o processo de criação?
Doug Clayton: Quando a Warner procurou a Instanteaser, já haviam as primeiras restrições em relação ao Coronavírus então a proposta original do clipe, que seria filmado em Los Angeles, já havia caído e estava claro que ele teria de ser realizado remotamente. Como solução e fazendo alusão a época em que o Funk explodiu, no inicio dos anos 2000, nos foi proposto um conceito onde os artistas estivessem comunicando via MSN Messenger. De cara haviam dois desafios, em termos estéticos a interface dos computadores nessa época tinha um look ’tosco’, estava no meio do caminho, não era retrô ou moderno, e somado a isso, havia também a própria dinâmica da interação via MSN Messenger, os artistas cantando numa janela de webcam ficaria cansativo. Em termos do processo de criação, emulamos remotamente o nosso processo para projetos com um cunho mais conceitual. Depois de definido o norte, como a narrativa casaria com a linguagem, a equipe de criação pesquisou referências estéticas, desde a tipografia à elementos pop, cores, aplicações e composições utilizados na época. Pro desafio da dinâmica buscamos características comuns de computadores da época que tivessem um impacto visual também, como as janelas abrindo quando a máquina dava ‘pau’, a interface de softwares como Paint e do próprio Messenger e webcams. Com os estudo e referências, reunimos o time em um call pra definir os elementos macros, que carregariam a narrativa e o que seria usado e o que seria descartado, buscando ser fiel a época, um equilíbrio estético e um tempo dinâmico pro filme. Como o prazo era extremamente curto pelos atrasos causados pelo Coronavirus era importante que a nossa visão estivesse alinhada a da gravadora e da diretora que estava em Los Angeles e iria dirigir os artistas remotamente, então compartilhamos com eles uma sequência curta animada com elementos que usaríamos no filme pra validar a dinâmica, e 3 layouts pra cada artista, ilustrando momentos diferentes na narrativa que aplicamos numa timeline junto com a música criando um ‘monstro’ do filme.
AD – Na área de motion design, há uma grande diferença em trabalhar remoto ou em estúdio? Como está sendo essa mudança para a Instanteaser?
Doug: Muitos motion designers trabalham remotamente, como freelancers por exemplo, mas o processo de criar um filme em motion design requer uma soma de skills como design, animação de composições e domínio de narrativa e por essa razão acreditamos na troca entre os criativos em todos os projetos. É essa troca que traz frescor para os projetos! No nosso caso, pelo menos, como somos uma startup que utiliza tecnologia pra potencializar a criação, somos familiarizados e já utilizamos no nosso dia a dia ferramentas e conceitos que facilitaram muito essa transição pro trabalho remoto. Criamos rotinas com check-ins diários, de manhã entre os departamento e no final do dia com a empresa toda, garantindo a troca necessária para que o processo criativo não seja prejudicado, e o alinhamento entre todos na empresa, além do mais importante, a interação social entre todo mundo nesse momento complicado. A gestão do trafego dos nosso projetos já era automatizada, e já utilizávamos o Slack pra comunicar demandas urgentes do atendimento pra criação, então conseguimos nos adaptar rapidamente as restrições impostas pelo Coronavírus. Além disso implementamos algumas atividades semanais via Hangout / Zoom como Yoga e Wim Hof Method, aqueles exercícios de respiração criados por aquele maluco que nada no gelo 😉