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Fernanda Schmid

Executiva de Marketing há mais de 15 anos, Fernanda tem passagens por empresas como Alpargatas, Mercado Livre e Reckitt, onde atuou também em Londres e Nova York. Formada em Administração pela FGV, fez seu MBA em Marketing pela ESPM, e especializações em Marketing Digital na UCLA, Business na Yale School of Management e Leadership em Stanford. Fernanda é também mentora pela Endeavor e investidora-anjo em startups pelo GVAngels.

Na última semana, os feeds do Instagram foram tomados por carrosséis de imagens futurísticas, de selfies com traços finos, pessoas transformadas em fadas, astronautas ou pinturas renascentistas. Trata-se do lensa.ai, plataforma de inteligência artificial que cria imagens usado fotos enviadas pelos usuários.

No LinkedIn, as opiniões se dividiram entre os que aplaudiram a capacidade de gerar receita em escala – já que a tal lensa.ai cobra por essa funcionalidade – e os que trouxeram críticas aos termos de uso do aplicativo, que aparentemente incluem a cessão irrevogável das imagens criadas.

Toda essa discussão me lembrou o livro Life 3.0, do Max Tegmark, um fisicista teórico do MIT. Não vou mentir – esse é o livro mais difícil que já li. Tem um capítulo que vai de Dyson Spheres a Cosmic Engineering. Em outro, ele discute Aristóteles, o Bhagavad Gita, o Utilitarismo e o objetivo final de termos a tal superinteligência. Minha mente girava como se estivesse num buraco negro – se é que cabeças giram dentro do buraco negro. Acho que faltei nessa aula. 

Afinal – viagens quântica-sociológicas à parte – o que é a tal Vida 3.0? 

Para explicar, vou voltar à Vida 1.0, que o autor define como sendo a vida puramente biológica. Como a das bactérias. Organismos que crescem e se reproduzem, mas que mudam muito pouco, apenas através de seleção natural, após muitas e muitas gerações. São organismos que não têm a capacidade de mudar seus softwares, nem seus hardwares. 

A Vida 2.0 é aquela que vivemos hoje. Não apenas sobrevivemos, mas também, como humanos, somos flexíveis, aprendemos novos skills, nos adaptamos – como se estivéssemos fazendo uma atualização do nosso software. Da vida 2.0, nasceram a linguagem, a imprensa, a ciência moderna, a internet. Nosso hardware biológico, no entanto, ainda tem muitas limitações. Podemos até usar um marca-passo, mas não temos a capacidade de viver um milhão de anos, de memorizar toda a Wikipedia, nem de fazer uma transformação radical e nos tornarmos 10.000 vezes menores (a não ser que você viva em um certo filme da Marvel). 

A Vida 3.0 é essa: a que tem a capacidade de mudar não só o seu próprio software, mas também o hardware. E é aqui que entra a Inteligência Artificial. Já criamos máquinas com redes neurais, que se atualizam sozinhas: computadores autodidatas que aprendem a jogar xadrez. É a “narrow AI”, um gostinho que vai ser a “Artificial General Intelligence”, ou AGI – quando as máquinas terão a capacidade de realizar tarefas cognitivas tão bem quanto humanos. A partir daí, poderemos ter superinteligência e seres com Vida 3.0. Talvez ainda neste século.

Ainda não sabemos se é uma questão de “SE” ou de “QUANDO”. 

Alguns são céticos, pessimistas e entendem a discussão como precipitada. Outros acreditam que esse é o próximo passo natural para a humanidade – e acreditam que seja para melhor. No meio, está o autor – e nomes conhecidos como Stephen Hawking e Elon Musk – que acreditam que esse pode ser um movimento positivo, mas que precisa ser estudado e discutido antes que a tecnologia seja desenvolvida. 

A única certeza que temos hoje é que a tecnologia vai transformar a forma como vivemos e trabalhamos. Hoje já existem diversas plataformas como a lensa.ai, que criam imagens e até textos inteiros através de inteligência artificial. Os resultados são impressionantes. Será um início de Vida 3.0: máquinas criando aquilo que pensávamos que só humanos poderiam conseguir?   

No livro, de 2017, o conselho do autor para quem está começando uma carreira é seguir por áreas onde as máquinas não são boas – aquelas que envolvem pessoas, falta de previsibilidade e criatividade. Ao ver as imagens criadas pela inteligência artificial, vale questionar se esse conselho ainda é válido.

Imagem de capa: Prisma Labs/Reprodução

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