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Rejane Romano

Rejane Romano é jornalista, pós-graduada em Mídia, Informação e Cultura pela Universidade de São Paulo (USP) e atualmente é diretora de comunicação na agência DPZ.

Um dia desses eu estava conversando com minha professora de inglês sobre como o Brasil é um país único, que consegue ser tão didático com expressões e ditados populares. “Come sardinha e arrota caviar” nos ajuda a entender, por exemplo, quem tem uma mínima ação na agenda de diversidade e inclusão, mas tenta transmitir a ideia de que “move céus e terras”. Isso também acontece muito quando o assunto é ESG.

Como estamos falando de expressões, você já aboliu as falas racistas, capacitistas, homofóbicas e machistas do seu vocabulário? Seu ambiente de trabalho não reproduz “microagressões” na forma como as pessoas se comunicam?

“Falta braço para que eu consiga concluir essa demanda”, quem nunca ouviu essa expressão? Os indivíduos são mais que seus membros corporais, então se faltam braços, pernas etc., ainda assim tem muita gente trabalhando para fazer entregas e se sentir incluída e respeitada, mesmo sendo uma pessoa com deficiência.

Sei que construções culturais são difíceis de mudar. É necessário aprendizado constante e engajamento. Ter passado uma vida inteira acreditando que o “claro” é melhor, nos faz dizer que precisamos “clarear as coisas”, “esclarecer”… e assim perpetuamos uma visão fundamentada no racismo de que o escuro, preto e negro são ruins.

Refletir sobre isso é também ESG, é pensar no outro, em como construir ambientes acolhedores. Muito se pensa que somente grandes feitos é que são válidos quando o assunto são boas práticas. E, como uma “andorinha só não faz verão”, entramos naquela velha forma humana de “economizar energia” e nada é feito. Sim, nós podemos começar pelas pequenas coisas. Atuar no que está ao nosso alcance, sem esquecer do plano de metas que temos a cumprir. Olhar para o todo, por mais desafiador que seja e se lançar nas ações iniciais faz parte do processo.

Quando nos preocupamos com a forma como nos referimos a outrem, sem atribuir isso ao politicamente correto, mas sim porque nos atentamos à dor do outro, estamos sendo humanos. Estamos nos permitindo flertar com algo mais que nossas bolhas, estamos iniciando um processo de cuidado que poderá nos levar às grandes tomadas de decisão.

O que não pode acontecer é achar que isso é suficiente. Não há o tal “suficiente”, porque se estamos falando de diversidade e inclusão sempre há muito a ser feito. Não pelo simples fato de que somos “seres de luz”, com a “bondade aflorada”. Mas, porque entendemos que – felizmente – o mundo mudou, que os gatilhos gerados nas pessoas não são mimimi e que é a partir desse olhar que construímos mudanças necessárias, que ampliamos os negócios, que potencializamos o poder de compra… Ação e reação, um conceito básico que nos diz tanto sobre as relações, inclusive na esfera corporativa. 

A mensagem aqui é sobre começos, mas também sobre perenidade e ação prática. É sobre construir e só então mostrar. E ter a sardinha, mas trabalhar em prol do caviar.

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