O conteúdo visual de pessoas com deficiência (PCDs) representa apenas 2% entre imagens e vídeos mais populares, de acordo com a pesquisa VisualGPS da iStock. As últimas estimativas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), com base na PNAD Contínua de 2022, apontaram que o Brasil tem 18,6 milhões de pessoas com deficiência. Esse total representa 8,9% de toda a população do país. A conta não fecha quando comparamos imagens e vídeos populares com a dimensão e a diversidade da população brasileira de PCDs.
Para selecionar um conteúdo visual representativo e com autenticidade, é necessário reconhecer que as deficiências são diversas e podem ser visíveis ou invisíveis aos olhos. Uma pessoa pode utilizar cadeira de rodas, apoiadores ou fazer parte do espectro autista, por exemplo. São experiências e representações completamente diferentes. Em nível mundial, cerca de 15% e 20% da população é considerada neurodivergente, sendo assim, não é possível ignorar o número de pessoas que existem no espectro.
Para ir contra as sub-representações, incluir vozes diversas na criação de conteúdo pode mudar as narrativas atuais e distorcidas da realidade, além de contar uma história ampla e autêntica. Um exemplo disso foi o Hiki, aplicativo de amizade e encontros para a comunidade autista, e a Getty Images, que lançaram recentemente o #AutisticOutLoud, uma iniciativa que apresenta curadoria de imagens e vídeos que retratam de forma autêntica a diversidade e a resiliência das pessoas dentro do espectro, feita por criadores de conteúdos que se identificam como autistas. Por meio de iniciativas como esta, é criado um espaço onde as identidades com nuances e as experiências vividas são validadas por todos.
O conteúdo visual autêntico também deve incluir um leque de experiências, refletindo a interseccionalidade de PCDs a partir da idade, etnia, sexualidade, gênero, situação socioeconômica, religião e origens culturais.
Além da porcentagem extremamente baixa para uma comunidade tão ativa, a pesquisa divulgada pela Getty Images & iStock ainda revelou que quase metade dos entrevistados sofreram preconceitos em suas intersecções.
Ao reconhecer as múltiplas identificações de PCDs, as marcas podem criar propostas inclusivas e autênticas para afastar a ideia de que há somente uma única interpretação daquela existência. Incluir PCDs mulheres, negras, com diferentes orientações sexuais e as mais diversas faixas etárias, permite representar, autenticamente, o que é ser uma pessoa com deficiência no Brasil, engajando audiências que se identificam com aquela narrativa.
Para as marcas, é necessário ir contra lugares-comuns, desafiar as narrativas que se repetem e excluem. Neste universo, a marca Dakota chegou a encomendar e divulgar uma pesquisa para entender o mercado, e a partir do recorte de gênero, analisar o impacto da falta de representação na vida das mulheres com deficiência. Das entrevistadas, 59% não se sentem representadas e 61% acreditam que as empresas não oferecem produtos de uma forma eficaz. A pesquisa ainda mostra que 48% já deixaram de comprar em uma loja física por falta de acessibilidade, um impacto direto no mercado.
Ao incorporar conteúdo visual autêntico que reflita todo o espectro das experiências humanas, interseccionalidade e assegurar múltiplas camadas de diversidade atrás e à frente das câmeras, marcas podem dar passos significativos no sentido de romper com estereótipos e promover uma ligação genuína com seus públicos.
O conteúdo visual possibilita mostrar como pessoas com deficiência podem experienciar uma vida plena e reimaginar futuros, com indivíduos no seu dia a dia, em atividades sociais, no trabalho, praticando esportes, tendo acesso à educação e desenvolvendo seus hobbies. Assim, as marcas conseguem refletir a pluralidade a partir de pessoas reais e vidas autênticas.
* Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Adnews
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