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Que as mulheres muitas vezes lidam com trabalho dobrado já é conhecido — e comprovado, como em uma Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) de 2020 que indicou que elas cumprem cerca de 10 horas a mais de trabalho doméstico do que os homens, mesmo quando ambos estão empregados.

Quando são mães, então, a ‘loucura’ se multiplica; além de cuidar da casa, existe também o infinito cuidar dos filhos, que, infelizmente, não é sempre acompanhado pelos pais como deveria. A disparidade nessas funções sempre existiu, mas ficou ainda mais clara nos últimos dois anos, pelo motivo que todos já conhecemos: a pandemia.

O home office se tornou uma realidade para inúmeras pessoas em todo o mundo, mas suas consequências atingiram cada um de maneiras bem diferentes. As mães, dividindo o espaço de trabalho com crianças e adolescentes que também precisaram se recolher, viveram um período intenso e de novas dificuldades. Ninguém estava realmente preparado para situações como encontrar brinquedos no escritório ou ver um bebê ‘participando’ de uma reunião.

Entretanto, percebo que algumas coisas boas surgiram a partir desse cenário. Talvez pareça muito otimista, mas, recentemente, eu realmente vi mudanças bem positivas que provavelmente não teriam acontecido sem a época de isolamento e transformação dos modos de trabalhar.

Para começar, acredito que muitas pessoas aprenderam a ver a figura da mãe como algo um pouco menos distante e mais humano. Presencialmente, é fácil esquecer que diversas mulheres lidam com essa dupla jornada quando chegam em casa, mas, quando casa e escritório se tornam um só, a rotina se torna bem mais visível. Daí nasce mais empatia e respeito aos desafios da maternidade no trabalho.

Contudo, acredito que a maior mudança está nas próprias mulheres. Observei muitas colegas e amigas reavaliando suas vidas e carreiras nos últimos tempos. Afinal, esse período de contratempos foi também uma fase de autorreflexão para várias pessoas.

Alguns aprenderam a lidar com a presença contínua da família; outros aprenderam a ficar sozinhos. Alguns só sabem agora como impor limites, depois de ver essa necessidade latente no home office, e outros descobriram que são eles quem devem respeitar o limite alheio.

Alguns constataram que não estavam no caminho certo, ou mesmo na carreira certa. E, para mulheres, principalmente mães, essa percepção é ainda mais poderosa: significa abrir um horizonte de possibilidades que pareciam estar fechadas.

É muito rápido cair para dentro na ideia de que mães não podem fazer o que quiserem, que precisam seguir certas regras, certas estradas. Que não podem ter desejos diferentes ou, se têm, não conseguirão realizá-los. Será que é verdade mesmo?

Vejo muitas de nós repensando essas “verdades” e decidindo testar com a mão na massa. Seja mudando de emprego, de carreira inteiramente ou até abrindo um negócio. É claro que outras pessoas podem ter percebido que estão, sim, no lugar e na hora certa. Tenho sorte de dizer que sou uma delas. Mas o recado que fica é: a busca pelo que é certo para você não depende de ninguém além de você. As estatísticas provam que é mais difícil para uns do que para outros — mas, se tem uma coisa que mãe sabe, é fazer o impossível.

*Daniela Gebara, sócia fundadora e diretora comercial da agência full digital Rocky.Monks, empresa da Media.Monks. A agência foi premiada recentemente pelo Google Premier Partner Awards, sendo considerada a que melhor realiza captação de leads na América Latina.