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Rejane Romano

Rejane Romano é jornalista, pós-graduada em Mídia, Informação e Cultura pela Universidade de São Paulo (USP) e atualmente é diretora de comunicação na agência DPZ.

Para falar sobre diversidade e inclusão na indústria da publicidade, convido todes leitores a fazerem um exercício mental. Minha proposta é similar à do filme “Tempo de Matar”, estrelado por Samuel L. Jackson, de 1996, em que o advogado pede que o júri feche os olhos para acompanhar a defesa de um pai que, ao ter a filha ainda criança estuprada e quase morta, se vinga brutalmente dos algozes. Por motivos óbvios, não vou pedir que fechem os olhos, mas que mentalizem uma prateleira.

Sim, uma prateleira com produtos outrora muito procurados, mas que, de uma hora para outra, estão se tornando “desinteressantes”. Lá, deixados de lado e “acumulando pó”, esses produtos que em certo momento foram tratados como promissores nem tiveram tempo de apresentar todos as features e perderam espaço.

É péssimo comparar pessoas a produtos, mas pior que fazer essa analogia num texto é agir dessa forma. É ter anunciado aos quatro ventos quanto a agenda da diversidade e inclusão seria um asset de negócio para, em pouquíssimo tempo, ao arrefecer da “onda”, simplesmente abrir mão e voltar ao status quo dos velhos tempos.

Pessoas não são produtos. Então, nessa provocação, minha proposta de mentalização é justamente esta: imagine pessoas acumulando pó porque as ações afirmativas foram esquecidas pelas empresas… Triste.

Pessoas não são produtos, por isso não devem ser tratadas como tais. Não há argumento plausível para o retrocesso que se esconde sob o discurso de aumento da lucratividade, que se contrapõe aos estudos que há tempos nos dizem que a diversidade contribui para a longevidade das organizações, para a criatividade, para o aumento de performance… Assunto tratado com primazia no Women to Watch deste ano, já no painel de abertura.

“De acordo com uma pesquisa realizada pela McKinsey & Company, empresas com diversidade étnica apresentam 33% mais chances de sucesso, e as com diversidade de gênero costumam ser 21% mais lucrativas”. É o que encontramos ao buscar por “diversidade é boa para os negócios”. Recomento a leitura de A diversidade como alavanca de performance.

Não podemos deixar que propósitos e estratégias de negócios se percam diante do conceito ilusório de que é mais confortável seguir sem a inclusão. Não por ser uma causa nobre, não por assistencialismo, mas sim porque os produtos ociosos na prateleira podem ser justamente o tão sonhado diferencial de negócios ou ainda o que vai deixar a sua empresa distante de danos reputacionais que ganham as redes sociais e as críticas mais avassaladoras que expõem a ausência de equipes diversas.

 

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