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É exatamente o que se passa na Bolívia. De acordo com o portal El Tiempo, desde 17 de agosto de 2014, a Bolívia é o único país do mundo onde o trabalho das crianças é legalizado, e estamos (nós, como dupla criativa) pensando, tentando buscar soluções para mudar essa realidade ou mostrar o caminho da mudança, para que esse fato deixe de ser realidade e passe a ser apenas uma triste lembrança na história nacional. Mas, o caminho não é e não está sendo fácil, afinal, somos dois estrangeiros (um brasileiro e um espanhol) tentando mudar uma lei e uma cultura local.

A lei de nº 548, Capítulo V, autoriza, com caráter excepcional e oficial, o trabalho infantil a partir dos 10 anos. Hoje, estima-se que aproximadamente 850 mil crianças trabalham, seja por conta própria ou por autorização dos pais, e o governo local assume como um “mal necessário”, sendo esta uma forma de superar a pobreza extrema no país. Ou seja, uma lei que não oferece nenhuma proteção legal às crianças, é uma lei que está mais preocupada com o desenvolvimento econômico do país do que com o bem estar da infância boliviana. É aí, de acordo com a ONG Humanium, quando a ilegalidade é legalizada.

Para isso, também é importante entender os ciclos que vivem todas as crianças no desenvolvimento infantil. Se entende que, de 0 a 5 anos, todos vivemos nossa primeira infância; de 6 a 13 anos, começa a segunda infância, onde o caráter é formado e forjado; e a última infância, também conhecida como adolescência, consiste dos 12 até os 18 anos. Aqui na Bolívia, esse tema foi debate entre muitas rodas de criativos e parte da vida das agências bolivianas, um tema que faz parte da realidade mental dos criativos desde 2014 quando a fatídica lei foi aprovada.

Em 2017, a agência Nexus BBDO Bolívia criou uma ação desenvolvida em LinkedIn para a Fundação Alalaya. O criativo Federico Alonso apresentou uma ação chamada de LinkedKids, onde crianças com perfis criados com base em crianças reais bolivianas estavam buscando trabalho por LinkedIn. No momento que faziam contatos, uma mensagem era entregue, dizendo “Aos 10 anos, nenhuma criança deveria ter experiência de trabalho. Ajude-nos para que esse perfil desapareça, colaborando com a educação dessa criança”. Era uma espécie de doação ou um padrinho financeiro dessas crianças, para que elas pudessem seguir estudando e brincando como todas as crianças com um mantenedor/apoiador por trás.

E se decidíssemos tirar férias para sempre e colocar nossas crianças para trabalhar?

Campanha simulou LinkedIn infantil para chamar atenção ao problema. (Foto: Reprodução/Nexus BBDO Bolívia)

A lei é boliviana, mas essa realidade faz parte de muitos países latinos, ou talvez de todos e não sabemos. Peru vive a mesma realidade boliviana, ou seja, 1 em cada 4 crianças estão trabalhando. Isso representa números ainda mais absurdos do que os números bolivianos: essa relação de 1 a cada 4 crianças representa mais de 1 milhão e meio de crianças trabalhando nas ruas peruanas! No Dia Contra o Trabalho Infantil, a Fundação Telefónica do Peru criou uma ação que chamava a atenção para essa realidade na vida das crianças peruanas, Uma Chamada Contra o Trabalho Infantil.

E se decidíssemos tirar férias para sempre e colocar nossas crianças para trabalhar?

Companhia de telefonia do Peru também promoveu campanha contra o trabalho infantil no país. (Foto: Reprodução/Telefónica Fundación)

* Foto de capa: imago/GranAngular

* Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Adnews

 

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