Com apoio da Nike, a Nix Diversidade divulgou, em 2022, um mapeamento inédito de coletivos inclusivos com foco na região metropolitana de São Paulo (SP), no qual foram identificados grupos que promovem acesso ao esporte para a população LGBTQIAPN+.
Com o objetivo de tornar o esporte um hábito diário para todas as pessoas e reafirmar o compromisso em estimular iniciativas junto à comunidade, uma nova etapa do mapeamento aponta o surgimento de novos coletivos ao redor do país, além de incluir eventos esportivos e torcidas de futebol da comunidade.
“Com os conhecimentos e as vivências acumuladas ao longo desses anos de imersão, para melhor compreensão da relação da comunidade LGBTQIAPN+ com o esporte em suas diferentes dimensões, acreditamos no potencial dessas iniciativas como uma das principais estratégias em prol da disseminação e valorização da cultura esportiva no país”, comenta Bruno Teixeira, gerente sênior de Propósito da Fisia, distribuidora oficial da Nike no Brasil.
O recém-lançado estudo ‘Reflexões sobre mapeamentos de coletivos, eventos e torcidas de futebol LGBTQIAPN+’ mostra que os coletivos representam o principal movimento para ampliar o acesso ao esporte, evidenciando um crescimento expressivo dessas iniciativas.
O número de coletivos esportivos LGBTQIAPN+ cadastrados no mapeamento, por exemplo, aumentou de cerca de 60 para 124 desde o primeiro estudo, em 2022. Outro avanço identificado é a realização de amistosos, encontros e torneios para a prática do esporte amador e recreativo. A organização de torcidas no futebol, uma das principais expressões da participação da comunidade, também colabora para que a modalidade seja, de fato, a paixão nacional de todos os brasileiros.
“No ano passado, pudemos realizar um resgate histórico do esporte no país a partir da perspectiva LGBTQIAPN+, além do levantamento, que indicou que 42,8% da comunidade não tem acesso a práticas esportivas. Agora, com o melhor entendimento das dinâmicas dos coletivos, eventos e torcidas, queremos trazer mais luz aos desafios e oportunidades levantadas pela comunidade”, acrescenta Fabrício Addeo Ramos, diretor da Nix Diversidade.
Apesar dos grupos estarem, em maioria, nos estados de São Paulo e Rio de Janeiro, os coletivos cadastrados no mapeamento abrangem o território nacional e mostram a pluralidade das modalidades. Dos 124 coletivos mapeados até o momento, eles estão presentes em oito estados, incluindo o Distrito Federal, e divididos em 24 modalidades, sendo que alguns deles podem praticar até mais de uma. São elas: 64 coletivos de futebol, fut7 e futsal; 50 coletivos de vôlei; 13 coletivos de gaymada; 9 coletivos de handebol; e 3 coletivos de basquete, corrida e vôlei de praia.
Para um coletivo fazer parte do mapeamento, é necessário ser além de uma reunião de pessoas para a prática de atividade física ou modalidade esportiva. O coletivo também precisa se autodeclarar como parte de algum segmento LGBTQIAPN+, ser formado predominantemente por pessoas desse grupo social, realizar publicidade de suas atividades via algum meio de comunicação (redes sociais, sites, grupos no WhatsApp, entre outras) e praticar atividades organizadas com periodicidade.
Eventos inclusivos
Simultaneamente com os coletivos, crescem os eventos esportivos voltados para a comunidade LGBTQIAPN+ no Brasil. Atualmente, destacam-se os eventos em torno das modalidades de gaymada, futebol, vôlei e handebol. Até 2022, foram realizados 37 eventos em 20 modalidades esportivas, e a projeção até 2024 (eventos anunciados) é de 44 eventos em 29 modalidades.
Para que o evento possa ser cadastrado no mapeamento, ele deve ser direcionado majoritariamente para a comunidade LGBTQIAPN+ e acontecer no formato lúdico e recreativo, ou visar competitividade e performance, contemplando obrigatoriamente uma modalidade esportiva ou atividade física.
Os eventos esportivos tornaram-se uma tendência para o maior desenvolvimento do esporte junto à comunidade. Dito isso, com o crescimento de coletivos e eventos, práticas esportivas com foco mais voltado à diversão e socialização vêm ganhando evidência, como foi o caso da gaymada.
Gaymada?
Uma atividade recreativa que encontrou perfeita identificação com a comunidade LGTBQIAPN+ é a gaymada, conhecida também como queimada. Uma das principais indicações da adesão crescente a este esporte é o fato de ser inclusivo aos diversos corpos e gêneros, além de remeter à uma memória afetiva na educação física escolar, porém, sem ocorrer a separação por gênero e sem as regras rígidas de um esporte tradicional.
Por ser realizada com facilidade em quadras, praças e outros espaços públicos, a gaymada é uma das práticas esportivas mais democráticas da comunidade. Além disso, a atividade permite que o jogador explore sua performance no jogo de diversas formas, possibilitando uma expressão performática dos participantes e se tornando uma expressão cultural única.
As torcidas de futebol
Outro movimento importante para inclusão da comunidade no esporte acontece por meio da organização das torcidas de futebol, esporte que faz parte do cotidiano de muitas pessoas e também ajuda a uni-las socialmente.
Apesar do ambiente do futebol masculino não ser inclusivo, a vontade de torcer pelo time favorito acaba ultrapassando os preconceitos, tornando-se uma manifestação cultural e um grito de resistência. Ainda que publicamente presente apenas nas redes sociais, por conta do receio de violência física nos estádios, a existência das torcidas LGBTQIAPN+ colabora para que o futebol avance para se tornar, de fato, um esporte para todos. Nesse contexto, o mapeamento específico das torcidas contribui com a visibilidade e crescimento dessas iniciativas.
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