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Lembra dele? Símbolo de status e uma revolução na comunicação móvel há cerca de uma década e meia, o BlackBerry caiu no esquecimento com a mesma rapidez com que conquistou fama. O smartphone era tendência entre as celebridades, com nomes como Lady Gaga, Kim Kardashian, Madonna e Barack Obama na lista de usuários. E ainda assim, quando foi a última vez que você pensou no BlackBerry? Um ano atrás? Uma década atrás? Mais?

Filme 'BlackBerry' conta história do smartphone que revolucionou a comunicação móvel

Matt Johnson no filme ‘BlackBerry’. (Foto: Album/Alamy)

O BlackBerry era telefone móvel com teclado físico que permitia o envio de e-mails de forma eficiente, libertando os usuários da tirania dos escritórios. Mas, o aparelho foi rapidamente deixado de lado quando a Apple lançou o iPhone. Atualmente, o aparelho ocupa um espaço genuinamente estranho na cultura mundial.

Para resgatar essas e outras memórias do primeiro smartphone que a humanidade conheceu, acaba de ser lançado o filme ‘BlackBerry’, baseado no livro Losing the Signal: The Untold Story Behind the Extraordinary Rise and Spectacular Fall of BlackBerry’. O longa conta a história completa do aparelho, da criação à queda. É uma comédia-drama que segue a jornada tumultuada de dois engenheiros canadenses, Mike Lazaridis e Douglas Fregin, responsáveis pela invenção do smartphone, auxiliados pelo furioso capitalista Jim Balsillie.

Porém, por mais incrível que seja a tecnologia, o filme surgiu por outro motivo. O diretor do longa, Matt Johnson (que também co-escreveu o roteiro e interpreta Fregin), explica que, primeiro, foi atraído pela mistura de personalidades no coração da empresa.

“Senti uma espécie de alma gêmea tanto com Jim quanto com Mike. A dança entre essas duas coisas, eu realmente reconheci. Achei muito fácil entender por que cada um deles estava fazendo o que estava fazendo”, explica.

O BlackBerry pode ter um toque nostálgico agora, mas o impacto que teve no mundo foi incalculável. Ele foi fundamental para mudar a forma como as pessoas trabalhavam. Se você tivesse um, estaria sinalizando ao mundo que estava mais ocupado do que a maior parte da sociedade. Ou seja, você era necessário. O aparelho também tinha um teclado Qwerty completo, que você podia tocar com os dois polegares, facilitando o trabalho de digitação. Antes deste avanço, a comunicação escrita era um verdadeiro pesadelo, com o envio de mensagens de texto em um teclado numérico, onde você tinha que pressionar cada tecla um certo número de vezes para escrever a letra certa.

A verdade é que a emoção durou pouco. Assim que o iPhone foi anunciado, as vendas do BlackBerry caíram drasticamente e nunca mais se recuperaram. Margolis sugere que alguma arrogância por parte do BlackBerry pode ter acelerado a sua queda.

“O BlackBerry tornou-se bastante presunçoso. Houve um tempo em que eles pensavam que digitar em uma folha plana de vidro não funcionaria, mas em um ano, o método de digitação do BlackBerry parecia completamente antiquado”, lembra.

Como empresa, o BlackBerry está realmente morto. Nenhum telefone foi fabricado desde 2016, e em janeiro do ano passado, a empresa encerrou todos os seus serviços para os telefones que ainda utilizavam seu dispositivo operacional.

É difícil saber qual será o legado de longo prazo da marca. Por um lado, a revolução do home office que estamos vendo desde a Covid-19 não seria possível antes do BlackBerry, e ainda estamos caminhando em direção a um futuro onde muitos trabalhos poderão ser realizados em qualquer lugar. Por outro, essa liberdade de trabalhar em qualquer lugar levou ao esgotamento, à exaustão, e à lenta dissolução das fronteiras que sempre existiram entre a vida profissional e a pessoal. Para o diretor do longa, o que aconteceu com o Blackberry não será um episódio isolado na história. Os gostos do público são inconstantes, e basta um novo concorrente com uma invenção revolucionária para derrubar toda uma indústria.

O longa já está disponível nos cinemas do Reino Unido e da Irlanda, mas ainda não há informações de quando ele chegará ao Brasil. Confira o trailer completo (em inglês) abaixo.

* Com informações do The Guardian | Foto de capa: iStock

 

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