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Patrícia Marins

Patrícia Marins é apaixonada pela comunicação verdadeira e transformadora. Sócia-fundadora da Oficina Consultoria e sócia do Grupo In Press, também é cofundadora do Women on Board, diretora da Associação Brasileira das Agências de Comunicação (Abracom), embaixadora do SheInc e conselheira do MeToo Brasil, do Congresso em Foco e do Movimento Expansão.

Nos últimos anos, influenciadores digitais transformaram-se em peças-chave nas estratégias de marketing digital para marcas e empresas. Sejam macro ou nano influencers, eles captam audiências com suas capacidades de criar conteúdo relevante, moldar percepções de seus públicos e vencer a batalha por atenção no meio digital.

No Brasil, mais de meio milhão de pessoas trabalham com marketing de influência. Segundo levantamento da Influency.me, três em cada quatro internautas seguem influenciadores nas redes sociais.

Alto engajamento e retorno financeiro são as maiores vantagens da estratégia de inúmeras marcas que usufruem da reputação de influenciadores. Moda, gastronomia, finanças, tecnologia, maquiagem, viagens, saúde e fitness… O universo de temáticas de interesse exemplifica o alto potencial deste tipo de estratégia do marketing digital para os negócios.

A reputação e a confiança estabelecidas entre o influenciador e seus seguidores é transferida para a marca, criando um vínculo mais autêntico. O marketing de influência atua com a abordagem orgânica. O influenciador com milhões de seguidores, aumenta o reconhecimento e a venda de produtos. 75% das pessoas pesquisadas pelo Influency.me disseram que já realizaram algum tipo de compra após a recomendação de um influenciador nas redes sociais e 58% consideram provável que voltem a comprar por indicação de influenciadores digitais.

No entanto, quando influencers humanos cometem algum deslize o cancelamento é inevitável. Na maior parte das vezes, contamina a reputação da marca e gera crise de imagem ao negócio. A Mondélez, dona da Lacta, foi alvo de críticas e boicotes após contratar Felipe Neto para o pool de influenciadores de Bis.

O contrário também pode ocorrer. A falta de regulamentação adequada possibilita a atuação de sites ilegais de jogos de azar no País e influenciadores digitais como Viih Tube, Juju Ferrari, Jon Vlogs e Mel Maia estão sendo investigados pela justiça por fazerem publicidade nas suas redes para o “jogo do aviãozinho”. A plataforma é suspeita de estelionato.

Outros aspectos humanos, como a falta de inteligência emocional e a vaidade, podem gerar crises entre o influenciador e a coordenação das campanhas de marketing. O antidoto começou a ser testado. O mercado já está criando influenciadores digitais por meio da inteligência artificial. Exemplos são Aitana López e Maia, belas e jovens mulheres geradas por IA. O sucesso da iniciativa da agência espanhola The Clueless é percebido pelas centenas de seguidores no Instagram e no rendimento mensal de cada uma delas que ultrapassa R$ 54 mil (€ 10 mil).

Influencers de IA podem baratear custos, beneficiar pequenas empresas e gerar personas totalmente moldadas para as marcas. Por outro lado, corremos o risco de inundar o marketing digital com padrões de beleza irreais e perder a espontaneidade e a característica de especialista buscada nos influenciadores humanos, que conseguem cativar e dialogar com seus públicos de maneira certeira por causa do seu perfil e qualificação.

Aqui no Brasil, há tempos empresas e marcas usam avatares na publicidade, como a Nat Natura e Lu da Magalu, o que é bem diferente de influenciadores digitais por IA. Se a tendência de Influencers criados por IA vai crescer a ponto de virar fenômeno em 2024, com o surgimento de novos cases mundo afora, e se vai ganhar aderência no público brasileiro, é cedo para prever. A conferir.

O certo é que quando pensamos em porta-vozes de marcas, também estamos falando da reputação. Hoje inúmeras instituições têm apostado na estratégia dos influenciadores digitais para atingir os seus públicos e impulsionar seus negócios. Afinal em um país onde as redes sociais pautam o ecossistema da mídia, os influenciadores geram valor para as marcas com a atração de leads qualificados (potenciais clientes) e com a conversão direta de vendas. Isso só acontece porque o influenciador tem a confiança e lealdade de sua audiência. Por tudo isso, é certo que a o influencer por IA ainda precisará muito do humano para a sua construção.

*Patrícia Marins é sócia-fundadora da Oficina Consultoria, cofundadora do Women on Board, diretora da Associação Brasileira das Agências de Comunicação (Abracom) e professora do curso de Relações Públicas e Diplomacia do Instituto Rio Branco (MRE). Patrícia é autora do livro “Muito Além do Media Training, o porta-voz na era da hiperconexão”.