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Bruno Bush

Com uma sólida formação, detentor de um MBA em Marketing pela Universidade de São Paulo (USP), Bruno Bush é Diretor de Tecnologia, Mídia e Dados do Webedia Group.

Você já se perguntou por quanto tempo tem ouvido falar que a inteligência artificial é uma das tendências do mercado? Há bastante tempo, a automação tem sido discutida no contexto do marketing digital, mas só recentemente essa tecnologia se tornou acessível a um público mais amplo, além dos especialistas em tecnologia. Isso representa um importante avanço em direção ao futuro da IA.

De acordo com o Google Trends, a popularidade das pesquisas relacionadas à inteligência artificial atingiu seu pico no final de dezembro de 2022. Esse aumento pode ser atribuído ao ChatGPT, uma ferramenta desenvolvida pela OpenAI que foi disponibilizada ao público em novembro do ano passado.

No entanto, como acontece com qualquer nova tecnologia, à medida que a IA se torna mais popular, também aumentam as preocupações e os riscos associados a ela. No contexto do marketing digital, nos últimos dias, dois riscos têm sido amplamente discutidos: a criação de conteúdo automatizado e o impacto nos mecanismos de busca.

É verdade que a inteligência artificial pode ajudar na criação e personalização de conteúdo relevante para o público, incluindo artigos, posts em redes sociais, e-mails de marketing, entre outros. No entanto, o conteúdo automatizado também pode ser usado para disseminar notícias falsas ou enganosas, pois não é original. Isso pode gerar desinformação e desconfiança. Além disso, no contexto dos mecanismos de busca, a IA pode identificar mudanças nos algoritmos dos resultados de pesquisa, permitindo uma resposta mais rápida e eficiente às alterações de SEO.

Como isso se relaciona com a mídia?

Se temos uma inteligência artificial capaz de calcular a melhor forma de se posicionar nos mecanismos de busca e conquistar a liderança nos resultados orgânicos, podemos cogitar a possibilidade de forçar o sistema a criar conteúdo automático com o objetivo de gerar receita por meio de anúncios publicitários posicionados estrategicamente, em vez de oferecer informações relevantes e informativas. Isso pode levar à veiculação de conteúdos de baixa qualidade, enganosos ou descontextualizados, comprometendo a experiência do usuário e afetando a credibilidade da mídia. Além disso, a automação na criação de conteúdo pode resultar em uma produção em massa sem a devida preocupação com a originalidade, diversidade e relevância dos materiais, o que pode levar à saturação e diminuição da eficácia das campanhas publicitárias veiculadas por meio da mídia.

Existe alguma maneira de identificar conteúdo original?

Estamos presenciando o surgimento de ferramentas que podem determinar se um texto é genuinamente original ou se foi gerado por uma ferramenta de suporte. Essas ferramentas, ao analisarem um trecho de texto, atribuem pontuações que sinalizam a probabilidade de o conteúdo ter sido produzido automaticamente.

O destaque aqui é que uma pontuação alta indica, de forma simples, uma forte possibilidade de que o texto em questão seja resultado de geração automática. Essas ferramentas estão se tornando cada vez mais presentes no mercado, adicionando uma camada de importante ao desenvolvimento da autenticidade textual e levantando considerações sobre como essa capacidade pode afetar a forma como percebemos e confiamos na informação.

Além disso, dentro do ecossistema de conteúdo, existem nichos específicos que priorizam a qualidade da informação em relação ao lucro. Isso pode parecer óbvio para qualquer tipo de conteúdo, mas o Google utiliza métricas diferentes de recomendação quando se trata de saúde e bem-estar. A abordagem conhecida como Your Money Your Life(YMYL) estabelece que o conteúdo nessas categorias precisa ter um nível de precisão, esforço, originalidade, especialização ou habilidade superior a outros tipos de conteúdo. Ou seja, é necessário dedicar atenção especial ao esforço, originalidade e talento empregados na criação desse tipo de conteúdo.

Qual é o outro lado da moeda?
As ferramentas impulsionadas pela inteligência artificial (IA) já começam a revolucionar o gerenciamento de mídias sociais, proporcionando aos profissionais de marketing uma análise abrangente de grandes volumes de dados provenientes dessas plataformas. Esses dados são transformados em insights valiosos que informam a estratégia de marketing. Os algoritmos que analisam as publicações são capazes de sintetizar informações das mídias sociais, identificando padrões e sentimentos, o que ajuda as empresas a compreender as preferências dos clientes e as tendências do mercado em tempo real. Os profissionais de marketing podem utilizar essas informações para criar conteúdo relevante e ajustar suas campanhas publicitárias, visando melhorar o desempenho. Além disso, as ferramentas de gerenciamento de mídias sociais com IA automatizam tarefas rotineiras, como análise de métricas de desempenho e identificação de influenciadores.

Outra área em que os anunciantes estão aproveitando a IA é a segmentação de anúncios. A IA auxilia os anunciantes programáticos a aprimorar sua segmentação, identificando segmentos de público relevantes para cada campanha e fornecendo insights em tempo real sobre o desempenho dos anúncios nos locais em que a campanha é veiculada, permitindo que os anunciantes aprimorem suas estratégias. Além de aprimorar a compreensão das preferências e comportamentos do público, a IA pode classificar e agrupar esses segmentos para garantir que os anunciantes estejam alcançando as pessoas certas. Essa abordagem baseada em dados não apenas melhora a geração de leads e o crescimento das vendas, mas também maximiza o retorno sobre o investimento, eliminando ineficiências.

Como o mercado pode lidar com essas questões?

Há algum tempo, discutimos a necessidade de desenvolver mecanismos para combater sites de conteúdo polêmico. Entre as medidas mencionadas, destacamos a importância de buscar parcerias com empresas certificadas ou especializadas que possam fornecer tecnologia robusta para verificação de conteúdo. Além disso, a transparência também é fundamental, por meio da busca ativa de fornecedores de conteúdo que possam compartilhar informações com as marcas, garantindo um ambiente seguro e saudável para a veiculação de campanhas digitais. No entanto, um novo item deve ser adicionado a essa lista: a regulamentação da tecnologia. É importante lembrar que, quanto mais tecnologia usamos no desenvolvimento do mercado, mais regulamentações são necessárias para garantir um ambiente saudável.

Em conclusão, é crucial que as empresas estejam cientes dos riscos envolvidos na criação de conteúdo automatizado e também na forma como compram mídia relacionada a esses conteúdos. Medidas devem ser tomadas para garantir que a veiculação ocorra em conteúdos de alta qualidade. Precisamos estar atentos e sempre lembrar que tecnologias
como o ChatGPT são ferramentas de suporte, não soluções definitivas.

* Este conteúdo não reflete, necessariamente, a opinião do Adnews

 

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