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O Marketing de Influência tem sido uma palavra chave quando o assunto é a divulgação de marcas e produtos. A categoria, que utiliza muito do nome e imagem daqueles que distribuem as marcas, tem crescido muito nos últimos anos, principalmente com os influenciadores digitais.

Ainda assim, os tempos continuam mudando. Para entender um pouco melhor o fênomeno que é esse tipo de marketing, como tempos de pandemia como vivemos o afetou e suas futuras mudanças para o ano de 2022, nós do AdNews chamamos Rafa Lotto, Head de Planejamento e Sócia da YOUPIX , para falar um pouco sobre o tema.

Confira abaixo as respostas de Rafa Lotto:

AdNews: Como a pandemia afetou esse meio nesses últimos dois anos?

Rafa Lotto: A Pandemia trouxe um boom para o mercado de influência, já que as pessoas passaram a ficar mais conectadas e recorrer ao conteúdo online para se entreter, se informar, aprender e comprar. Em um momento repleto de medos, incertezas e desinformação, as pessoas estreitaram a relação de confiança que tinham com influenciadores, e as marcas perceberam que essa disciplina poderia ajudá-las a engajar comunidades e consumidores, coisas que os banners não faziam. Em 2019, pesquisa da Rakuten apontou que 80% dos consumidores já haviam feito alguma compra recomendada por um influenciador. Em meio à uma pandemia, os investimentos em marketing de influência cresceram e ele foi uma das principais alternativas das marcas para conseguir se conectar com os consumidores. A pesquisa “ROI & Influência” realizada pela YOUPIX em 2021 trouxe dados que mostraram que a importância do Marketing de Influência cresceu dentro das empresas e nenhuma marca hoje acredita que essa disciplina não deve ser parte da estratégia de comunicação. Os dados também revelam que 83% consideram que, com a pandemia, o Marketing de Influência se tornou mais estratégico para os seus negócios. Isso também se refletiu no budget das marcas: as quantidades de empresas investindo mais de R$ 5 milhões por ano dobrou em relação à 2019. 

AD: Quais Agora com o fim desse período conturbado, é esperado que as pessoas saiam mais de casa. É provável que as pessoas utilizem menos os meios digitais e o marketing de influência tenha que se reinventar? Ou o mercado foi reforçado com a pandemia de forma que o fim dela não irá diminuir o efeito do marketing de influência? 

Rafa Lotto: A Pandemia gerou três efeitos no mercado de influência: boom dos nano influencers (do professor de yoga aos pequenos negócios que passaram a usar conteúdo para se promover), o papel de responsabilidade e curadoria dos influenciadores (que serão cada vez mais cobrados para espalhar a verdade para seus seguidores em meio a um ecossistema quebrado pela desinformação e ajudar seus seguidores a navegar pelas abundância de informação, consumo e relações do digital hoje) e a necessidade de novos modelos de negócio para a chamada Creator Economy (marcas como primeira e única opção de renda para o influencer já não fazem mais tanto sentido, estamos vendo um boom de empresas que oferecem serviços e ferramentas para criadores de conteúdo e influenciadores poderem prosperar nos negócios). 

Para o marketing de influência esse cenário potencializa seu efeito, tendo por um lado mais criadores à disposição das marcas, de outro, consumidores mais atentos e conectados com discursos e posturas que lhe fazem sentido. Essa salada faz com que essa disciplina ganhe poder estratégico e especial atenção das marcas na escolha dos influenciadores para suas campanhas, mas o resultado disso é um efeito multiplicador de resultados. 

AD: metaverso, anunciado recentemente, muda muito o cenário para quem produz esse tipo de conteúdo? 

Rafa Lotto: Acho que primeiro vale lembrar que o “metaverso” não é uma tecnologia disruptiva que nasceu ontem, mas um conceito que ganhou essa importância depois que Mark Zuckerberg resolveu se apropriar desse termo para falar dos planos futuros da sua empresa. Se pensarmos no universo dos games isso é uma realidade bem sólida, veja o exemplo do “League of legends”(LoL) que apesar de ser gratuito, as vendas dentro dele foram responsáveis por um faturamento de US$ 1,7 bilhão em 2020, as vendas incluem skins com “roupas” de grifes para os personagens, itens que só existem no mundo virtual e uma infinidade de transações que já representam “propriedades” virtuais. Isso é o metaverso, acontecendo faz tempo. Nesse contexto, criadores de conteúdo estão explorando possibilidades e acredito que sim, que devam voltar mais atenção para essas possibilidades, depois dos holofotes colocados por Mark nesse conceito, mas para 2022 não vejo nada mudando radicalmente. 

AD: Mídias focadas em conteúdos mais curto tem crescido cada vez mais, como vídeos no TikTok tem sido cada vez mais vistos, como você enxerga o potencial dessas mídias e pretende utiliza-las?

Rafa Lotto: Com foco em entretenimento, o TikTok surgiu como uma alternativa importante às demais redes sociais na Pandemia. Naquele momento, estávamos cansados do formato de conteúdo de lifestyle egocêntrico do Instagram, cansados da polarização do Facebook. Precisávamos de algo que trouxesse um conteúdo mais autêntico, menos filtrado, mais leve. O TikTok ofereceu essa alternativa, com um app que convida os usuários a criar e fazer parte das trends e da comunidade. muitos lugares puderam reabrir para eventos que antes não eram possíveis em 2020. Dessa forma, muitas marcas conseguiram realizar ativações este ano com influenciadores.

No início, muita gente ainda tinha preconceito, por achar o app teenager e o conteúdo bobo demais, o que vem se comprovando como uma visão míope. Hoje a rede tem usuários de todas as idades e ampliou muito o leque de temas e formatos que engajam. Por exemplo, a Fayda Belo é uma advogada criminalista com quase 1 milhão de seguidores na rede, passando muita informação importante sobre o tema e chegando em pessoas que talvez em outras redes não chegaria.  

AD: O que podemos esperar do marketing de influência em 2022?

Rafa Lotto: Acredito que em 2022 a gente continue com a consolidação de um pensamento de que a criação de conteúdo é um modelo de negócio e que marketing de influência é apenas uma das formas de monetização do criador. Nesse sentido, criadores que se monetizam através do marketing de influência estão cada vez mais atentos para a entrega que fazem para as marcas, investindo tempo e criatividade para #publis mais distantes daquela fórmula “tira uma foto e copia e cole o texto que a marca mandou”. Do lado das marcas, um entendimento de que o combo “um post no feed e três stories” não necessariamente traz resultado e que as campanhas de marketing de influência precisam de um pensamento integrado e um planejamento estratégico. Para resumir, diria que 2022 será um ano para sairmos do tático e consolidarmos essa disciplina como uma ferramenta estratégica de construção de marca e de resultados de vendas.

AD: Quais são os nomes que podem chamar atenção na mídia dentro do marketing de influência no próximo ano?

Rafa Lotto:

Acho importante ressaltar aqui o nosso pensamento de que a atenção midiática (e das marcas) não representa a natureza do conteúdo na internet, que é rico justamente pq é diverso, pulverizado e que envolve comunidades criadas ao redor de interesses em comum.  

É portanto bem fácil prever o que vai chamam atenção:  

-As próximas celebridades instantâneas do BBB,  

-Os perfis de humor (que tem grande capacidade de furar as bolhas), como o caso do @essemenino que aconteceu em 2020  

Nada de novo nesse pensamento senão, o de aproveitar o que já virou mainstream. No meu ponto de vista, o sucesso para uma marca está em identificar e nutrir relações com aqueles criadores que fazem sentido para o seu segmento, e dessa relação construir conversas genuínas com suas comunidades. Pagar milhões para ter exclusividade com o próximo sucesso do BBB é uma relação de poder, não de influência. 

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