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O ano de 2022 com certeza não foi ruim para aqueles que gostam de acompanhar séries. Com o streaming a todo vapor e diversas produções de alto orçamento, algo que até alguns anos atrás era raro para o formato, muita coisa nova foi lançada, além de programas já consagrados que conseguiram continuações com o padrão de qualidade tão alto quanto antes.

Ainda assim, depois de acompanhar tantos programas é difícil não escolher alguns que tenham sido os especiais que marcaram o ano e, com certeza, Ruptura é um desses especiais que ficam na cabeça mesmo depois de muito tempo após assistir.

A série é uma produção dirigida, escrita e produzida por um nome conhecido pelo grande público: Ben Stiller. O astro de Uma Noite no Museu e Zoolander normalmente fica na frente das câmeras, mas não é o caso aqui. Ainda assim, não se pode dizer que ele seja um novato, já que tem projetos anteriores, como Trovão Tropical, que chegou a render uma indicação ao Oscar para Robert Downey Jr.

Dessa vez, Stiller entrega algo muito diferente do habitual em Ruptura. Embora tenha seus momentos engraçados, o foco da série não é a comédia, mas sim a ficção científica e o mistério, além de uma grande crítica ao ambiente de trabalho e toda a estrutura da sociedade moderna em relação a esse ambiente tão presente em nossas vidas.

Mas afinal, sobre o que se trata Ruptura?

A série se passa em um universo quase igual ao nossa. Quase. No mundo ambientado, alguns detalhes são um pouco diferentes, mas o grande destaque é um processo cirúrgico chamado de ruptura. Os indivíduos que se sujeitam a passar por essa cirurgia tem duas áreas do cérebro separadas e, após ela, tem a vida pessoal e a vida do trabalho completamente desconectadas uma da outra.

Embora o procedimento pareça um sonho para muitas pessoas, nada é tão simples. A partir disso, criam-se dois sujeitos diferentes. Um deles é o chamado externo, a pessoa que vive a sua vida comum, fora da empresa. O segundo, é chamado de interno, que se lembra e vive dentro do ambiente de trabalho. Os problemas começam quando os internos começam a ter curiosidade para saber como são suas vidas fora daquela empresa.

A série começa pela visão de “Helly R”, uma funcionária que participou do procedimento para trabalhar na Lumon em um cargo de estagiária. Através da visão de Helly, vamos descobrindo pouco a pouco o ambiente, afinal, ela acabou de passar pela cirurgia e também não faz ideia de onde está e principalmente, quem ela é.

Ainda assim, o protagonista é Mark S., ou, Mark Scout, como seu externo realmente se chama. Interpretado por Adam Scott, ele acabou de se tornar gerente do departamento em que trabalha na Lumon e é o principal responsável por ambientar Helly em seu novo mundo. Além dos dois, também acompanhamos outros dois funcionários mais de perto: Erving e Dylan.

A trama da série se desenvolve pelo mistério. Embora saibamos mais sobre a vida externa de Mark, não sabemos quase nada sobre os outros três. Mais do que isso: Ruptura não explica praticamente nada do que o emprego dos personagens se trata, já que nem eles mesmos sabem. Toda a história envolve descobrir do que tudo aquilo se trata e se Mark e seus colaboradores na empresa estão fazendo a coisa certa seguindo as ordens da Lumon.

Mark, Dylan, Erving e Helly, os trabalhadores da Lumon que acompanhamos durante a história

Mas afinal, por que a série é tão boa?

O principal ponto de Ruptura se dá através dos temas abordados na série. Com a ficção científica nos conectando a história e o mistério (e carisma, claro) por trás de cada personagem, a trama aborda temas que são relevantes para todos, com destaque a vida profissional e a maneira que lidamos com o trabalho.

Um dos maiores destaques e principais fatores para contar a história e transmitir o subtexto da produção é a fotografia, feita por Jessica Lee Gagné. Levando em consideração que os internos são quase escravos, nunca saindo do trabalho, o desafio da diretora de fotografia é criar, a partir de elementos comuns de escritório, um cenário que parecesse ao mesmo tempo organizado e completamente desconfortável para o público.

O departamento de refinamento de macrodados, em que os personagens trabalham em Ruptura

A partir disso, a série usa e abusa de ângulos perfeitos, lineares e simétricos, mas ao mesmo tempo estranhos. Os corredores da Lumon são sempre longos demais, e a câmera não poupa o tempo de nos mostrar sempre os personagens andando por eles sem fim. Embora tudo pareça muito limpo, sempre é grande demais, muito solitário. Além dos posicionamentos criativos de cada personagem em cena, para fazê-los parecer um objeto dentro do próprio ambiente de trabalho.

Toda essa estrutura é feita para abordar a realidade dos personagens, em especial os internos, que não tem nada na vida além do próprio emprego. O principal ponto é a reflexão sobre o equilíbrio entre a vida profissional e a vida pessoal, e o quanto o seu emprego te deixa confortável e satisfeito, mas essa não é a única abordagem da série.

A chefe de Mark e dos outros internos, Senhorita Cobel, ao contrário do que os funcionários pensam, não passou pelo processo de Ruptura. No entanto, sua vida é totalmente dedicada, a Lumon de uma maneira mais do que profissional, mas também religiosa, abrindo espaço para discussões que vão ainda mais além do equilibrio no trabalho, mas ao próprio significado dele para algumas pessoas.

E além de tudo, o já mencionado mistério é um elemento que sempre ajuda a fisgar a maior parte dos telespectadores, Lost é o maior exemplo disso. O fato de apenas algumas dicas e pistas serem apresentadas ao longo da temporada faz com que os fãs criem teorias, e nada melhor do que esperar um mistério e tentar descobrir tudo com os amigos antes da grande revelação!

Onde assistir?

Atualmente Ruptura está disponível na Apple TV+, serviço de streaming da Apple. Com 9 episódios, a primeira temporada já terminou, para tristeza dos ansiosos que terão que esperar um tempo para a próxima temporada, que já foi confirmada e até mesmo começou os processos de filmagem.

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