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A Barbie é provavelmente um dos primeiros modelos de aparência e comportamento que as meninas possuem na infância. Bonecas, filmes, propagandas… Quase toda garota quis ser que nem a loirinha mais famosa do mundo. Mas nem todas nós somos.

Encarar essa realidade foi dolorosa para a maioria. Buscamos encontrar uma forma de nos aceitarmos do jeito que somos, e sem dúvida, o fortalecimento de movimentos sociais nos ajudou nisso. Por isso, a Barbie parecia estar em uma direção oposta à da autoaceitação: Quanto mais você se afirma, menos sente que precisa ser como a Barbie. Felizmente, podemos dizer que a Mattel está buscando remediar isso.

A diferença fica maior quando olhamos a Barbie através das décadas. Os diferentes tons de pele, corpos, profissões, etnias e estilos que são representados atualmente parecem ser uma forma da Mattel mostrar que não quer mais ser lembrada como uma “forma estética”, e sim uma receita com todos os tipos de ingredientes que pode ser feita por qualquer uma. Veja a comparação entre os comerciais de 1959 e 2022 da Barbie:

Outro exemplo são projetos como “Role Models”, que transformam mulheres em destaque em versões da boneca. Este ano, a professora brasileira Doani Emanuela virou uma Role Model junto à outros nomes como Adriana Azuara, Lena Mahfouf, Butet Manurung, Pat McGrath, Jane Martino, Shonda Rhimes, Melissa Sariffodeen, Ari Horie, Lan Yu, Sonia Peronaci e Tijen Onaran.

Saiba como a Barbie luta contra o sexismo atual e de seu próprio passado
Imagem: Divulgação/Mattel

Para entender como a Barbie pode estar presente de forma mais saudável no crescimento das crianças, conversei com Miguel Ángel Torreblanca, Diretor Sênior e Head de Marketing na Mattel América Latina. 

ADNEWS: Como a marca seleciona as próximas mulheres inspiradoras que se tornarão bonecas?

MIGUEL ÁNGEL TORREBLANCA: A iniciativa “Barbie Mulheres Inspiradoras”, ou “Barbie Role Models”, em inglês, tem o objetivo de incentivar garotas a não limitarem seus sonhos por causa do seu gênero. Por isso, buscamos encontrar em mulheres reais um exemplo positivo para a próxima geração. Assim, fazemos uma cuidadosa pesquisa para encontrar nomes que fazem a diferença em seu campo de atuação, impactam positivamente a comunidade e são um exemplo inspirador. No ano passado, no Brasil, escolhemos a biomédica Dra Jaqueline Goes e a artista IZA por tudo o que representam na sua comunidade. Em março deste ano, em comemoração ao “Dia Internacional da Mulher”, a professora Doani Emanuela Bertan foi a homenageada brasileira e ganhou o reconhecimento por meio de uma boneca exclusiva e feita à semelhança. Essa linha homenageia mulheres corajosas que se arriscaram, mudaram as regras e abriram caminho para as meninas pensarem cada vez mais alto.

AD: Qual o maior desafio que a Mattel enfrenta contra o sexismo?

MIGUEL: A Barbie foi criada em 1959, e desde então ele é inspirar crianças de todas as idades a sonhar, viajar e descobrir que, brincando, elas podem ser o que quiserem. Para se ter uma ideia, em 60 anos ela já teve mais de 200 profissões, como Barbie Astronauta (1965) que chegou à Lua antes do homem, Barbie presidente dos EUA (1992) e Barbie médica cirurgiã (1973), todas retratando algum aspecto da cultura e da sociedade de suas épocas.

AD: Como o projeto Dream Gap da Mattel inspira novas gerações de meninas?

MIGUEL: A iniciativa da Barbie chamada “Brecha do Sonho” não é diferente. Ela tem o objetivo de conscientizar todos os fatores limitantes que impedem meninas de atingirem seu potencial máximo. De acordo com pesquisas realizadas nos EUA, durante os primeiros anos de vida, as meninas sabem que elas podem ser tudo o que quiserem: presidentas, astronautas, cientistas e CEOs, porém, a partir dos 5 anos de idade elas começam a perder essa confiança. Além disso, existem estereótipos culturais, preconceitos implícitos e representações midiáticas que reforçam a continuidade desse problema. Por isso, Barbie segue financiando pesquisas sobre o tema e destaca, por meio de projetos como Mulheres Inspiradoras, que apresenta exemplos femininos positivos para mobilizar comunidades a apoiarem as meninas.

AD: A Barbie já foi associada a estereótipos limitadores de meninas. No entanto, ela é mais inclusiva do que nunca. Essa mudança veio de uma necessidade de negócio ou sempre foi um objetivo que foi mal compreendido no passado?

MIGUEL: A Mattel tem a responsabilidade de capacitar a próxima geração a explorar as maravilhas da infância e atingir seu potencial máximo. É preciso impulsionar iniciativas que refletem melhor o mundo que as crianças veem ao seu redor. Por isso, em seus mais de 62 anos de história, a marca passou por muitas evoluções: a boneca ganhou novos tipos de corpo; já teve mais de 200 profissões, é a marca #1 no YouTube, com conteúdos semanais de empoderamento para as crianças, destruindo a imagem datada da marca de um personagem perfeito.

AD: Como a Barbie usa a criação de conteúdo digital para entregar mensagens inspiradoras para as meninas?

MIGUEL: Todos os conteúdos que desenvolvemos estão alinhados ao nosso propósito de inspirar nossos fãs, por isso temos uma série de conteúdos de entretenimento em plataformas de streaming como Netflix, YouTube e para a televisão. O canal do YouTube da Barbie, por exemplo, é uma poderosa plataforma de conteúdos gratuitos com histórias de empoderamento, de questões dentro do universo infantil e fala sobre atualidades, tudo em uma linguagem  simplificada e adequada às crianças. No final de setembro de 2021, apresentamos “Barbie Big City, Big Dreams”, um lançamento original da Mattel Television, que marcou a expansão do universo Barbie. O filme aborda temas como amizade, diversidade e inclusão. É uma história que continua com o propósito de inspirar o potencial ilimitado de meninas e meninos por meio de conteúdos especialmente elaborados para eles. Em breve teremos novidades neste sentido para compartilhar, mas por enquanto isso é tudo que posso dizer. 

A Barbie passou a integrar ambientes digitais sem o formato “apenas propagandas”. Hoje, seu canal traz receitas, challenges, tutoriais e até mesmo desabafos que levantam questões como o racismo. Obviamente, como uma empresa, a Mattel não deixa de lado seus interesses financeiros adquiridos pelos sonhos das crianças. Pelo menos, pode-se dizer que as gerações atuais poderão ter essa influência da marca de forma mais plural e identitária do que nunca.

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