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Vem cá, que o Adnews vai contar uma história. Era uma vez uma rede social. Seu nome era Twitter e seu símbolo era um passarinho. Twitter ficou muito popular pela sua facilidade, respeito e democratização da informação. Seus usuários se conectavam de qualquer lugar do mundo e conversavam em harmonia. Se alguém resolvesse disseminar discursos de ódio na plataforma, era banido imediatamente.

Aí veio um herdeiro de minas de esmeralda sul-africano muito, mas muito rico, com uma fortuna na casa de bilhões. Esse herdeiro, conhecido como Elon Musk, gastou US$ 44 bilhões de sua fortuna (R$ 208 bilhões, na cotação atual) para comprar o Twitter, se tornando o dono do passarinho.

Com isso, tudo o que era bom na plataforma foi sendo rapidamente destruído, a começar pela moderação: qualquer um passou a poder escrever absurdos sem nenhum tipo de punição. Depois foi a vez da publicidade, que o bilionário diz odiar, seguida pelo selinho de verificação gratuito, que passou a ser pago. Não contente, o bilionário-herdeiro-malvadão resolveu limitar a quantidade de tweets diários para todos os usuários. 

A história termina com a morte do Twitter, anunciada neste domingo (23) pelo bilionário em seu… ahm… perfil no (ainda) Twitter. Elon Musk resolveu matar de vez o passarinho e substituí-lo por um chato e sem graça ‘X’. Não sei vocês, mas a gente gostaria que fosse realmente só uma fábula com final triste.

E agora?

Apesar de ainda estar com o nome ‘twitter’ no domínio, a rede social já tem novo logotipo. O ‘X’ branco sobre fundo preto substituiu o pássaro azul na versão desktop, mas ainda não apareceu no aplicativo móvel. O símbolo também está como foto oficial no perfil de Musk, que adicionou ainda “x.com” à sua biografia.

De acordo com o proprietário do (agora ex) Twitter, o termo “tweets” (se pronuncia “tuítes”), que faz referência às publicações na rede social e ainda aparece no site, também será substituído por “x’s” (algo como “écsses”).

O objetivo de Musk é a criação de um super aplicativo, que corresponde à sua visão de um novo tipo de plataforma de mídia social, da qual ele vem falando há meses.

Há muito tempo, o bilionário tem um fascínio pela letra X, embora ninguém saiba realmente por quê. Um de seus primeiros empreendimentos comerciais, em 1999, era uma plataforma de banco online conhecida como X.com. Apenas três anos depois, Musk ganhou US$ 165 milhões quando a plataforma, então fundida com o PayPal, foi comprada pelo eBay. Ele ainda possui o domínio X.com, que agora será redirecionado para o Twitter.

Musk também é executivo-chefe da SpaceX, empresa aeroespacial comercial americana fundada em 2002, e lançou recentemente sua tão esperada startup de inteligência artificial, a xAI, em uma tentativa de construir uma alternativa ao ChatGPT.

Neste domingo, ele fez uma série de postagens em seu perfil comunicando a novidade, com frases como “And soon we shall bid adieu to the twitter brand and, gradually, all the birds” (E em breve daremos adeus à marca twitter e, aos poucos, a todos os passarinhos) e “If a good enough X logo is posted tonight, we’ll make go live worldwide tomorrow” (Se um logotipo X bom o suficiente for postado hoje à noite, iremos ao ar mundialmente amanhã).

As publicações foram seguidas de mais uma, com a frase “To embody the imperfections in us all that make us unique” (Para incorporar todas as imperfeições em nós que nos tornam únicos), que talvez deixe clara a intenção da nova plataforma, e de algumas imagens onde o novo logo aparece. Uma delas mostra o X projetado na lateral da sede do Twitter, em São Francisco (EUA).

Para completar, Musk mudou o nome da empresa para ‘X Corp’ e declarou que a substituição “deveria ter sido feita há muito tempo”.

Quem também se pronunciou sobre a mudança foi a nova executiva-chefe do Twitter, Linda Yaccarino. Em seu perfil na plataforma, ela disse que a reformulação da marca era uma nova oportunidade empolgante e revelou mais alguns detalhes do que Musk parece estar preparando.

“É uma coisa excepcionalmente rara, na vida ou nos negócios, que você tenha uma segunda chance de causar outra grande impressão. O Twitter causou uma grande impressão e mudou a forma como nos comunicamos. Agora, X vai além, transformando a praça da cidade global. X é o estado futuro de interatividade ilimitada, centrado em áudio, vídeo, mensagens e pagamentos, criando um mercado global para ideias, bens, serviços e oportunidades. Alimentado por IA, o X conectará todos nós de maneiras que estamos apenas começando a imaginar”, contou a executiva.

Tchau, Larry!

O pássaro do Twitter se chama Larry. O nome seria uma homenagem ao astro do basquete e lenda do Boston Celtics, Larry Bird, como declarou o cofundador da rede social, Biz Stone, em 2011. Símbolo afetivo da plataforma, o passarinho já deixa saudade para os usuários, que foram à rede social lamentar a mudança no logotipo. Um deles é Martin Grasser, responsável pela criação da figura em 2012.

As pessoas foram ao Twitter para lamentar a perda do logotipo, incluindo Martin Grasser, que o projetou em 2012.

Tudo em um app

Para algumas pessoas na Ásia, os super aplicativos, incluindo o PayTM da Índia e o GoJek da Indonésia, têm sido uma parte vital da vida cotidiana nos últimos anos. Eles permitem que os usuários paguem pelos serviços por meio de um sistema financeiro.

Outro exemplo é o WeChat, uma plataforma de mensagens e mídia social que evoluiu para um dos maiores aplicativos da região em termos de variedade de serviços e número de usuários. No ano passado, estima-se que havia 1,29 bilhão de usuários somente na China.

Para Drew Benvie, comentarista de mídia social e fundador da agência digital Battenhall, Musk está mirando no sucesso desses apps.

“Musk está indo a todo vapor para o espaço de aplicativos de tudo, deixando o antigo Twitter em seu rastro e de olho no sucesso dos pioneiros da Ásia, como WeChat e Moj. O sucesso em apenas alguns serviços adicionais, como compras ou pagamentos, pode ser tudo o que é necessário para tornar o X melhor do que o Twitter. Mas já existem tantas alternativas, então Musk e companhia estão jogando um enorme jogo de recuperação”, explica.

Marca express

O comentarista de negócios Justin Urquhart Stewart acredita que a base leal (mas, envelhecida) do Twitter não deve gostar das mudanças.

“As gerações mais jovens mudaram para outros aplicativos, e o Twitter parece um pouco antiquado. Elon Musk tem que ter cuidado, pois você está quase começando do zero com um público mais velho, ao mesmo tempo em que prejudica a marca original”, afirma.

O rebranding muito rápido do Twitter também causou algumas preocupações de segurança. Jake Moore, consultor cibernético global da empresa de segurança ESET, disse que a transição de um nome de empresa para outro pode encorajar o phishing, quando criminosos se fazem passar por pessoas ou organizações para roubar dados dos usuários.

“Uma nova marca é a oportunidade perfeita para enviar e-mails de phishing solicitando aos usuários que façam login por meio de um novo URL, a partir de um link dentro desse e-mail, mas é claro que esse endereço não seria genuíno, e é aí que as pessoas poderiam ser induzidas a entregar suas credenciais do Twitter. Os cibercriminosos podem facilmente aproveitar isso”, conta Jack à BBC.

* Com informações da BBC

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