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Cathy Birle

Publicitária, Head de Conteúdo e Sócia do Adnews.

Do dia 20 de novembro a 10 de dezembro, a ONU Brasil promove a campanha “UNA-SE pelo Fim da Violência contra as Mulheres e Meninas”, cujo principal objetivo este ano, é mobilizar parcerias para investir em prevenção para erradicar a violência contra mulheres e meninas, e garantir que possam viver uma vida livre de violência.

Os 21 dias de ativismo têm como foco principal o dia 25 de novembro, o Dia Laranja pelo Fim da Violência contra as Mulheres. A data conclamada pelas Nações Unidas que se soma aos desafios da Agenda 2030, compromisso assumido pela promoção da igualdade e o desenvolvimento social em todos os níveis e para todas as pessoas, busca ampliar o calendário para dar maior visibilidade ao tema, prevenir e eliminar a violência contra mulheres e meninas ao redor do mundo, aumentar a conscientização, fortalecer a defesa e criar oportunidades para a discussão sobre desafios e soluções do problema.

Sendo uma cor vibrante e positiva, o laranja representa um futuro livre de violência contra mulheres e meninas, convocando ativistas, governos e agências das Nações Unidas a se mobilizarem pela prevenção e eliminação da violência de gênero.

A campanha deste ano pretende ainda, evidenciar que a violência contra mulheres e meninas não ocorre apenas no ambiente privado: dentro de casa ou no corpo (ideia de que seja apenas a violência doméstica e a violência sexual). Ela está presente em espaços públicos, no ambiente de trabalho, na política institucional, nos esportes, nos ambientes online, nos meios de comunicação, e também no contexto da promoção e defesa de direitos.

Casos de violência

Segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, em 2022, houve aumento de 8,2% no número de estupros (74.930 estupros e estupros de vulnerável registrados) em relação a 2021, sendo que 88,7% das vítimas eram mulheres e meninas e, dessas, 56,8% eram negras e 0,5% indígenas. As principais vítimas da violência sexual são crianças, especialmente as meninas: 61,4% têm entre 0 e 13 anos de idade. 

Houve ainda um crescimento em todos os indicadores de violência doméstica. Agressões por violência doméstica (245.713 ocorrências registradas) cresceram 2,9% em relação a 2021; ameaças (613.529 ocorrências registradas) cresceram 7,2%. O número de feminicídios também aumentou (1.437 ocorrências registradas), com alta de 6,1%, bem como as tentativas de feminicídio aumentaram em 16,9%.

21 dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra Mulheres e Meninas 

Desenvolvida desde 2008, a campanha UNA-SE apoia os 21 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra Mulheres e Meninas que, além de esforços e ações, pede investimentos robustos para proteger os direitos humanos de todas as mulheres e meninas, prevenindo e respondendo a violência baseada em gênero.

O período compreende as seguintes datas:

  • 20 de novembro – Dia da Consciência Negra (início da campanha no Brasil);
  • 25 de novembro – Dia Internacional para a Eliminação da Violência contra as Mulheres;
  • 29 de novembro – Dia Internacional dos Defensores dos Direitos da Mulher;
  • 1º de dezembro – Dia Mundial de Combate à Aids;
  • 3 de dezembro – Dia Internacional das Pessoas com Deficiência;
  • 6 de dezembro – Dia dos Homens pelo Fim da Violência contra as Mulheres (campanha do Laço Branco);
  • 10 de dezembro – Dia Internacional dos Direitos Humanos e encerramento oficial da campanha.

A data 25 de novembro foi escolhida para lembrar as irmãs Mirabal (Pátria, Minerva e Maria Teresa), assassinadas pela ditadura de Leônidas Trujillo na República Dominicana e reconhecida pelas Nações Unidas (ONU), desde 1999, como o Dia Internacional pela Eliminação da Violência contra a Mulher.

Campanhas pelo Dia Internacional de Não Violência Contra as Mulheres

Estas campanhas  têm o nosso máximo respeito e reconhecimento, e são um exemplo do que marcas e comunicação juntas, podem fazer para transformar o status quo em uma possibilidade real de futuro mais igualitário, mais brilhante e livre de violência. 

#1 ‘Não Deixe Ela Virar Paisagem’

Cliente: Instituto Gloria

Agência: Artplan / Brasil

A Artplan, em parceria com o Instituto Glória e apoio do Metrô de Brasília, criou uma iniciativa focada no Dia Internacional de Combate à Violência Contra a Mulher. 

Durante cinco dias, grafites e mobiliários urbanos foram modificados para ilustrar o projeto “Não deixe ela virar paisagem”. A ação, que aconteceu em duas estações do Metrô, veio com a proposta de conscientizar a sociedade sobre a naturalização de agressões contra a mulher.

Ambos os grafites começaram a semana ilustrando mulheres felizes e empoderadas. No decorrer da noite, estas figuras sofreram alterações e intervenções, como forma de representar o silêncio muitas vezes existente em casos de violência contra a mulher. Foram retirados o batom, esmalte e a blusa ficou totalmente coberta.

As obras reveladas ao público, trazem uma mensagem de conscientização e um QR code que leva para o Disque Denúncia. Os grafites ficarão expostos até o dia 10 de dezembro.

#2 ‘This is Not Consent’ (‘Isto Não é Consentimento’)

Cliente: HandsAway

Agência: TBWA\Paris / France

Não é de hoje que as mulheres enfrentam a realidade desanimadora do assédio nas ruas, mas a batalha contra os comentários e agressões sexistas vem ganhando força. No meio desta luta, a HandsAway, associação dedicada ao combate à violência de gênero e assédio sexual em espaços públicos, posiciona-se com uma campanha que pretende celebrar a liberdade das mulheres.

A campanha ‘Isso não é consentimento’, criada pela TBWA\Paris, é um grito de guerra por mudança – um apelo para desmantelar os equívocos que cercam o assédio nas ruas. Ao elogiar a liberdade das mulheres e desafiar as ideias anti-libertárias, a associação adentra corajosamente na arena da transformação social.

#3 ‘Tag Against Crime’ (‘Etiqueta Contra o Crime’)

Cliente: Maison Blanche

Agência: Jung von Matt LIMMAT / Zurique , Suiça  

Você sabia que uma em cada cinco mulheres sofre violência sexual durante a sua vida, e que indivíduos homossexuais e transexuais enfrentam violência em taxas ainda mais elevadas? Pois é, diante disto, a importância iminente de abordar esta questão não pode ser ignorada, muito menos postergada. Apesar das estatísticas estarrecedoras, a agressão sexual continua a ser um crime subnotificado e com poucas consequências criminais. Maison Blanche, a marca de moda suíça fundada por Yannik Zamboni, em colaboração com a agência Jung von Matt LIMMAT, também Suiça, tomaram um posicionamento ousado contra a violência sexual, utilizando a mais recente coleção criada pela marca para ser revelada nas passarelas da ‘New York Fashion Week’ deste ano. Apropriadamente chamada de “DNA”, a coleção busca lançar luz sobre o papel crucial das evidências de DNA em crimes sexuais, ao mesmo tempo que capacita os sobreviventes e se defenderem na justiça.

Esta impactante campanha obteve o apoio de duas organizações suíças “Abrigos para Mulheres na Suíça e Liechtenstein” e da “Fundação contra a violência contra mulheres e crianças”, que deram um passo significativo no sentido da sensibilização, de apoio aos sobreviventes e da defesa de uma sociedade mais justa e compassiva. A iniciativa serve como um poderoso lembrete de que a moda também pode ser uma plataforma para a mudança social e que, ao nos unirmos, podemos desafiar a atual conjuntura e enfrentar de frente a questão premente da violência sexual.

#4 ‘Recipes Against Abuse’ (‘Receitas Contra o Abuso’)

Cliente: Maisa Foundation

Agência:  Ariadna Communications Group / Bogotá, Colômbia

A campanha Receitas Contra o Abuso, da Fundação Maisa, criada em 2022, mostrou como chegar às vítimas de violência doméstica sem que os agressores percebessem.

Durante o período de confinamento devido à COVID-19, na Colômbia, os relatos de violência doméstica caíram vertiginosamente, chegando perigosamente perto de zero. Isto disparou o alarme porque, segundo as estatísticas, o país tem estado entre os mais violentos contra as mulheres nos últimos 70 anos.

Com dois dos chefs mais reconhecidos do país, a agência Ariadna Communications Group, em parceria com a Fundação Maisa, criou um programa de 45 minutos de culinária no Instagram LIVE que parecia normal à primeira vista. Ainda assim, permitiu que as mulheres fizessem uma denúncia secreta, adicionando às receitas alecrim, salsa ou coentro como ingrediente final e publicando uma foto do prato em um story com a hashtag #ItIsTimeToDoIt. Esse sinal os alertou sobre abusos sem chamar a atenção dos agressores. Após a LIVE, uma equipe especializada da Fundação Maisa deu orientação jurídica personalizada às vítimas. 

#5 ‘Guarded Bus Stop’  (‘Ponto de Ônibus Seguro’)

Cliente: Eletromídia

Agência:  AlmapBBDO / Brasil

Uma das nossas campanhas favoritas deste ano, que inclusive levou o Bronze na categoria Brand Experience & Activation e o Ouro na categoria Media, em Cannes (e olha que torcemos muito para levar Grand Prix), é o projeto intitulado ‘Guarded Bus Stop’, idealizado pela agência Almap BBDO em parceria com a empresa de mídia OOH (out-of-home) Eletromidia, que mapeou os pontos de ônibus do país em que as mulheres se sentem mais vulneráveis por estarem desacompanhadas.

Quem é mulher, provavelmente já esteve em alguma situação similar a essa, e a identificação foi uma grande arma utilizada nesta campanha, que orgulhosamente, também iniciou um movimento de mudança e de conscientização por todo o país, fortalecendo a mensagem de união feminina, de segurança e pertencimento.

Num mundo onde todas as mulheres merecem andar nas ruas livremente e viver sem medo, estas campanhas não são apenas uma batalha contra o assédio ou à violência; aqui temos uma prova cabal de coragem, determinação e força de várias iniciativas.

A luta continua, para que mais mulheres tenham o direito de se expressar e de viver plenamente as suas vidas. Violência baseada em gênero #NÃOTEMDESCULPA.

* Foto de capa: iStock

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