Enquanto a telemedicina está crescendo em tempos de crise da COVID-19, o setor de saúde não está imune à recessão. A pandemia global reduziu as visitas de pacientes internados em quase um terço, fez com que as seguradoras batessem à porta do Congresso e reduziu significativamente as receitas no atendimento privado. Mas o que parece um diagnóstico ruim é, na verdade, uma oportunidade perfeita para curar a resistência crônica do setor de saúde à medicina digital e ao e-commerce de assistência médica.
É também uma oportunidade rara. As recessões nos trouxeram alguns dos negócios mais importantes da história, justamente pela necessidade de adaptação e transformação, casos como GE, HP, Disney entre outros. O setor de saúde, por sua vez, não oscilou o suficiente historicamente, apesar do surgimento do seguro saúde em alguns países.
Embora a saúde não seja totalmente à prova de recessão é muito mais resiliente do que outras indústrias diante da incerteza econômica. A crise da COVID-19 abalou o setor de saúde um pouco mais do que as recessões anteriores, muito por conta da uma mudança drástica no comportamento do consumidor e do paciente, enquanto o mundo fazia a transição para pedidos quase globais para ficar em casa.
Uma imensa fonte de dados revela as categorias de saúde que estão abertas à inovação.
Medicina baseada na voz – 65% dos consumidores perguntaram à Alexa – ou algum bot – sobre uma doença ou condição de saúde
Com a COVID-19, o mundo não teve outra alternativa a não ser se sentir mais confortável em realizar consultas médicas de casa. O aumento de 12% nas consultas via telemedicina desde o início do coronavírus representa esse movimento significativo. Na verdade, 31% do volume de investimento em TI na área de saúde pós-COVID-19 foi no setor de telemedicina, maior que a média geral de 14%, mundo afora.
Essa crescente se correlaciona com o aumento de 13% de pageviews em sites ou publicações relacionadas ao termo telemedicina, na rede da Taboola no Brasil nas últimas semanas.
Analisando mais profundamente os dados, podemos perceber que não apenas o cuidado remoto despertou o interesse das pessoas, mas também a abordagem de telemedicina a partir de dispositivos acionados por comandos de voz.
Uma análise de mais de 742.000 pageviews de leitores interessados em assuntos de saúde revelou que o maior interesse paralelo é a tecnologia de voz, ou seja, dispositivos como a Alexa e Amazon Echo.
Quantificamos um interesse correlacionado entre os assuntos “marcando” a probabilidade de um leitor de saúde ler outro artigo sobre um diferente assunto. Um ponto indica que eles têm a mesma probabilidade de ler algo como qualquer outro usuário. Dois pontos significam que eles são duas vezes mais prováveis. Nesse caso, os leitores da área de saúde têm quase sete vezes mais probabilidade de ler artigos sobre tecnologias de voz da Amazon e da Apple do que qualquer outro internauta.
Embora algumas empresas tenham aderido à Alexa, as competências de saúde em sua programação têm apenas um ano de existência e, por enquanto, existem menos de duas mil habilidades dentro dela.
Enquanto isso, os consumidores estão interagindo com a tecnologia de voz com mais frequência. De acordo com o eMarketer, 65% dos usuários da internet nos EUA perguntaram à Alexa sobre uma doença ou condição de saúde.
As startups de saúde, que derem o primeiro passo em direção aos serviços de saúde automatizados por voz, irão explorar um cenário muito menos saturado e de rápido crescimento no setor.
O setor da saúde está preparado para uma disruptura nesta crise da COVID-19
Antes da crise da COVID-19, demoraríamos muitos anos para chegar ao ponto de perguntar para Alexa sobre um diagnóstico ou utilizar jogos de videogame para melhorar a ansiedade, mas com uma pandemia global que se tornou parte de nossas vidas nos últimos meses, fomos forçados a mudar o nosso comportamento. Esse é só o começo.
A “Health Nation” dos Jetsons pode estar muito mais perto do que pensamos – e a crise da COVID-19 é o catalisador. Este desenho icônico pintou um quadro da telemedicina evitando que uma criança bagunceira faltasse à escola, mas o futuro que ele retrata ficou muito mais próximo à medida que a sociedade luta para viver em meio a uma pandemia global.